Zelito Viana fala da importância do Cinemato. Assista também ao filme do cineasta

Por: Redação
Zelito é reconhecido com um dos grandes nomes do Cinema Novo no Brasil
Zelito é reconhecido com um dos grandes nomes do Cinema Novo no Brasil

O Catraca Livre conversou com o cineasta brasileiro, José Viana de Oliveira Paula, mais conhecido como Zelito Viana, o homenageado da 19ª edição do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, o Cinemato.

Durante a entrevista, Zelito, que é reconhecido com uma das grandes expressões do Cinema Novo no Brasil, comentou sobre o prestígio e a repercussão que um festival de cinema regional pode alcançar em âmbito nacional, funcionando como uma porta aberta para as novas produções brasileiras.

Confira abaixo os trechos da entrevista:

Tárcia Oreste: Qual é a importância de um festival regional, como o Cinemato, para o cinema brasileiro?
Zelito Viana: As produções brasileiras enfrentam um grande problema que é chegar ao espectador. Falta estrutura, faltam salas de cinema no Brasil. Para se ter uma ideia, são cerca de 2 mil salas no país, enquanto em lugares como o México, este número chega a 5 mil. Além de encontrarmos outras dificuldades, como preço, por exemplo.
Por este motivo, os festivais são importantes para mostrar o filme ao público. Mais relevante do que o prêmio das mostras de longas ou curtas-metragens, se é bom ou não, o Festival promove o acesso do cinema à população.
Funciona como uma janela para mostrar o cinema para o Brasil. Por isso, ganha prestígio um tipo de evento como este.

T: Como você se sente sendo o homenageado desta edição do Cinemato?
Z: Tem um lado gratificante. É bom, é um reconhecimento pelo seu trabalho. É melhor ser homenageado do que não ser, claro, mas você se sente um pouco velho (risos).

T: Com relação ao filme “Avaeté” (assista abaixo), que ganha exibição especial durante o Festival, de onde veio a inspiração para produzi-lo?
Z: Olha, o “Avaeté”, produzido em 1985, nunca foi exibido em Cuiabá. Estou curioso para saber como vai ser…
O filme veio de um projeto meu anterior, chamado “Terra dos Índios”. E eu conheci Darcy Ribeiro [antropólogo, escritor e político brasileiro], que escreveu um livro contando como ocorreu o massacre dos índios cinta-larga, na antiga região de Fontanilhas, município de Juína atualmente. E a partir daí eu decidi fazer o filme.

T: Como foi começar a fazer o Cinema Novo?
Z: O povo brasileiro não aparecia na tela. E o Cinema Novo veio para colocar um pouco mais de realidade nos filmes. É a aparição do povo brasileiro nas telas. Então, você tira as câmeras do estúdio para estar na rua.
Além disso, o Cinema Novo surgiu num momento em que a tecnologia começou a mudar, também influenciado pela “Nouvelle Vague” francesa e outros movimentos.

T: O que pode ser considerado como relevante no Cinemato?
Z: Além de funcionar como uma porta aberta para mostrar o cinema para o Brasil, este tipo de evento visa, também, estimular as pessoas a fazerem o cinema local.
Apenas em Cuiabá, cerca de 30 filmes foram inscritos para participar da mostra. Imagina como o Brasil tem potencial para crescer nesta área.

Assista ao filme Avaeté, do diretor Zelito Viana

http://www.youtube.com/watch?v=mc0wynihKB8