Criolo lança o videoclipe de Duas de Cinco e Cóccix-ência

“Como estarei daqui alguns anos?”.

Misturando desejos, expectativas e uma dose de imprevisibilidade, muitos já se questionaram sobre seu próprio futuro utilizando a pergunta acima, talvez, esperando resolver de antemão situações negativas e aproveitar mais ainda os bons momentos vindouros.

Fazendo uma alusão a este mesmo exercício de “futorologia”, Criolo acaba de apresentar, em parceria com a Paranoid Filmes, seu mais novo videoclipe. Ou videoclipes. No plural, pois são duas as músicas que dão ritmo e tom ao trabalho. São elas “Duas de Cinco” e “Cóccix-ência”.

Na verdade, segundo os próprios idealizadores, seria até devido chamar este novo trabalho de curta-metragem.

Ambientada no ano de 2044, a história se passa no Grajaú, bairro de São Paulo em que Criolo nasceu e cresceu. Segundo o rapper, “tentei pensar em como seria o lugar em que cresci daqui a trinta anos se este total abandono continuar”.

Os autores utilizaram elementos que o presente fornece para balizar o cenário do futuro, que não parece ser dos mais ideais.

Há de ser destacada a competência com que conduziram a obra. Os elementos futurísticos – gadgets, figurino, pessoas, estética – são tratados com consciente sutileza, o que dá mais realidade e proximidade às cenas. Na verdade, parece que estamos presos em um universo underground dos dias de hoje, mas que no futuro acende à tona.

A fotografia, azulada, subexposta e de contraste suave, convida o espectador a entrar cada vez mais no ambiente proposto.

Criolo, orgulhoso que é do bairro em que nasceu, engajou sua comunidade na lida e trouxe três jovens atores que são moradores do Grajaú para serem protagonistas de seu trabalho. “É um modo de agradecer ao lugar de onde vim”, diz o cantor.

O trabalho, dirigido e roteirizado por Cisma, é uma completa imersão na mente e nas impressões de Criolo sobre o ambiente que instigou e foi sede para muitas de suas obras.

Ao final, não seria um erro dizer que o espectador é levado a externar a questão que encabeça o texto, mas com o viés coletivo e com uma curiosidade incômoda: “Como será o lugar em que vivo daqui alguns anos?”.