“Quem vê, Senhora, claro e manifesto”

(Leitor: Carlos Figueiredo)

Quem vê, Senhora, claro e manifesto

O lindo ser de vossos olhos belos,

Se não perder a vista só em vê-los,

Já não paga o que deve a vosso gesto.

Este me parecia preço honesto;

Mas eu, por de vantagem merecê-los,

Dei mais a vida e alma por querê-los,

Donde já me fica mais de resto.

Assi que a vida e alma e esperança

E tudo que tenho é vosso,

E o proveito disso eu só o levo.

Porque é tamanha bem-aventurança

O dar-vos quanto tenho e quanto posso

Que, quanto mais vos pago, mais vos devo