Quadrinhos para transformar a realidade dos jovens
No mês do professor, não é só o tutor deve ser colocado em destaque, mas também ferramentas que tornam seu trabalho ainda mais qualificado
Em 2007, o quadrinista Alexandre De Maio foi um dos participantes da criação de um projeto inovador: o Método Quadros. Com a função de dar vida a episódios marcantes em jovens inseridos num ambiente de violência, Alexandre desenhou à mão temas como solidão, amor, bens materiais, morte e cenas de carinho como abraço, relação entre pai e filho, entre outros. O método consiste na escolha do jovem de cinco dos vinte e sete quadros compostos.
As ilustrações foram testadas em um grupo de jovens que cumprem medidas socioeducativas. E, para eles, nem todos os desenhos retratavam a realidade. Alexandre se surpreendeu com algumas colocações, como o pedido para tornar o tênis da marca Nike, ainda mais parecido com o sonho de consumo da vida real. E, a ilustração que trazia o interior de uma igreja, desenhada em um ambiente católico tornar-se mais parecida com a de um culto evangélico.
O Método Quadros nasceu através do objetivo de atender a demanda da Fundação Telefônica para conhecer os jovens cumpridores de medidas socieducativas em meio aberto. Para isso, o Instituto Fonte para o Desenvolvimento Social buscou criar uma ferramenta que facilitasse o diálogo entre o adolescente e o educador.
Aplicada em quatro cidades com organizações não governamentais apoiadas pela Fundação Telefônica essa ferramenta foi avaliada e seu resultado representa o conteúdo do livro “Vozes e Olhares: Uma geração nas cidades em conflito”.
Após a avaliação da pesquisa, a equipe idealizadora, descobriu que o método teria um grande potencial para formar e direcionar o relacionamento entre o jovem e o agente social. Com isso, surgiu uma nova proposta de ampliar o público para jovens em situação de risco em geral, dando ênfase no público feminino.
Hoje, o método Quadros está entre os finalistas do prêmio Fundação Banco do Brasil de 2009. Para De Maio, jovens cumpridores de medidas socieducativas em liberdade assistida têm dificuldade em se comunicar. “Os agentes sociais não conseguem utilizar a mesma linguagem dos jovens. A ideia é que o desenho do quadro seja o gatilho para iniciar uma relação”, comenta.
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HQ Social
Com apoio doVAI, Alexandre De Maio conseguiu colocar em prática o projeto “Hip Hop na Medida” junto com a organização Fábrica de Gênios, realizando um curso de seis meses para crianças do Jardim Peri, em que ensina a arte dos quadrinhos e do hip hop. No fim do ano, será realizada exposição dos alunos do HQ montado por eles, mais a apresentação de hip hop.
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