Trecho do livro sobre o festival É Tudo Verdade

Por: Catraca Livre

Trecho do livro de Almir Labaki “É Tudo Verdade”

Um dos primeiros sonhos que o festival me possibilitou realizar foi trazer ao Brasil a primeira retrospectiva de Marcel Ophuls. Não lembro se devo a primeira referência a ele a Paulo Francis, num longo artigo sobre o monumental A Dor e a Compaixão (Le Chagrin et la Pitié, 1969) para o Pasquim reunido depois em livro, ou a Woody Allen em Annie Hall (1977), no qual ele sai com Diane Keaton de uma projeção do mesmo filme. Durante anos procurei assisti-lo, muito antes da explosão de possibilidades com o vhs e depois o dvd e de começar minhas andanças pelo mundo na rota dos festivais. O impacto foi tremendo daquele raro filme que mudou para sempre a autoimagem da França sobre os tristes anos do regime colaboracionista de Vichy. Minha admiração só cresceu quando, depois de ver Hotel Terminus – Klaus Barbie, Sua Vida e Seu Tempo (1988), sobre o carrasco nazista conhecido como o “açougueiro de Lyon”, pude conferir no calor da hora as estreias mundiais de seus dois últimos documentários,November Days, sobre a queda do muro de Berlim, lançado no festival da mesma cidade em fevereiro de 1991, e Os Problemas Que Temos Visto (no original, Veilles d’Armes), um ensaio sobre o jornalismo em tempos de guerra, rodado em pleno cerco a Sarajevo, que estreou em Cannes em maio de 1994.