Praças de Cuiabá ganham equipamentos de esporte e lazer produzidos por detentos

No total, 61 peças foram criadas com madeira apreendida

09/04/2014 17:42

Para cada três dias de trabalho, os detentos abatem um dia de sua pena
Para cada três dias de trabalho, os detentos abatem um dia de sua pena

Estão sendo instalados nas praças de Cuiabá, peças voltadas para a prática de esportes e para o lazer infantil. A novidade do projeto “Praça da Alegria”, é que os equipamentos foram produzidos por reeducandos da Fundação Nova Chance, Funac, que desenvolve atendimento assistencial e profissionalizante com presidiários do Estado de Mato Grosso.

As peças foram criadas por presos que cumprem pena em regime semiaberto, e foram feitas com madeira apreendida. Para cada três dias trabalhados, os detentos abatem um dia de sua pena. Os aparelhos de ginástica e playground, como escorregadores e gangorras, devem ocupar as praças e áreas de lazer de 15 bairros da cidade.

Uma nova chance

Para a realização do projeto, o Instituto Nacional de Educação para Defesa e Preservação do Meio Ambiente (Indeppa), através de recursos conseguidos junto à Prefeitura, realizou 90 dias de curso com os presos para certificá-los nas áreas de marcenaria, serralheira ou elétrica.

Após a certificação, os presos escolheram uma das áreas de interesse e, então, foram levados para a linha de produção. O coordenador do Instituto Nacional de Educação para Defesa e Preservação do Meio Ambiente (Indeppa), Luiz Carlos Ferreira, assegura que o projeto é desenvolvido com reeducandos que já passaram por uma recuperação psicossomática e estão aptos a exercer uma nova atividade.

“Buscamos por reeducandos interessados em aprender uma nova profissão. Nós os certificamos e reinserimos na sociedade por meio da educação” afirma o coordenador. Muitos desses novos profissionais encontram no trabalho um refúgio e, em alguns casos, preferem passar o dia no serviço a ficar no presídio com tempo ocioso.

“A maior satisfação é quando uma dessas pessoas termina de cumprir a pena e vem te agradece por ter lhe dado uma nova oportunidade. Em alguns casos, até aconselhamos o reeducando a abrir um próprio negócio, porque ele pode ganhar melhor sendo microempreendedor, além de não precisar se submeter às dificuldades sociais para encontrar um novo emprego”, explica Luiz Carlos Ferreira.

Confira imagens do processo de criação e instalação dos kits nas praças da cidade:

Reinserção dos detentos

Mais de 11 mil reeducandos já passaram pela Fundação Nova Chance, Funac, desde a sua criação, em 2008. De acordo com a Diretora Executiva da Fundação, Mônica Rodrigues de Sousa, é notória a mudança de comportamento dos reeducandos inseridos nas diversas atividades de ressocialização, como educação, qualificação, trabalho, religião e atendimento psicossocial.

“As mudanças ocorrem de maneira gradativa, ressaltando é claro, que para a mudança ocorrer depende principalmente do querer da pessoa, ou seja, da motivação interna individual”, comenta a diretora.

“Praça da Alegria”

Todo o trabalho desenvolvido para a realização do projeto “Praça da Alegria” é resultado de uma parceria entre a Prefeitura de Cuiabá, Ministério Público, Poder Judiciário e Instituto Nacional de Educação para Defesa e Preservação do Meio Ambiente (Indeppa). A Fundação Nova Chance, Funac, vinculada à Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, participa do projeto através do aperfeiçoamento da mão de obra remunerada de seus reeducandos.