Mostra Militância Teatral da Periferia no TUSP

Entre os coletivos que irão se apresentar, está o Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, do Jardim Triana, Zona Leste

divulgação
"Insônias de Antônio" do coletivo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes integra a Mostra

Cultura e arte são mais do que simples e puro entretenimento. São armas poderosas para a conscientização, reflexão, fomento de novas discussões e políticas públicas para a sociedade e instrumento para mobilidade social.

O teatro, com todas suas possibilidades cênicas (com amplos recursos audiovisuais a serem explorados), está totalmente inserido neste contexto. Atualmente, diversos coletivos de teatro se articulam nos mais distantes rincões da capital paulista. Mais que levar diversão aos espectadores, almejam travar discussões político-sociais, desenvolvendo cidadania nas populações locais.

Reunindo estes núcleos em um amplo e abrangente evento, o Teatro da USP promove, de 7 a 31 de julho, a “Mostra Militância Teatral da Periferia”, com curadoria de Sérgio Milaré. Serão encenadas peças de sete grupos (Brava Companhia, Buraco d’ Oráculo, Clariô, Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, Engenho, Pombas Urbanas e Trupe Artemanha). Exibição de documentários e realização de debates também estão previstos na programação.

Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes

O coletivo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, presente na mostra, existe há 11 anos. Fundado no Jardim Triana, distrito da Cidade Patriarca, se formou com artistas locais que se reuniam em uma casa (conhecida como “casa de Dolores”) para debater e promover ações culturais que envolvessem a comunidade local.

Ocupando um Centro Desportivo Municipal abandonado, formou-se outro espaço cultural. Rifas, festas e manifestações culturais levantaram verba para a reforma. Nos fundos do local, uma “arena arbórea” (arena teatral rodeada de árvores plantadas pelos artistas do Dolores) se constituiu. Espetáculos do Dolores e de outros coletivos parceiros foram encenados ali.

Julia Saragoça, trabalhadora-artista e militante social, presente na criação coletiva da peça “Insônias de Antônio”, que será encenada nos dias 8 e 9 de julho, explica que o coletivo surgiu para debater políticas públicas para o teatro e a cultura, bem como questões que envolvessem a comunidade, historicamente marginalizada por falta de opções de lazer.

Nos últimos tempos, o coletivo participa do “Grupo de Quinta”, agremiação de grupos teatrais parceiros, de mesma inclinação política. Estes coletivos se fazem presentes na militância da organização da categoria teatral e mantém laços estreitos com movimentos sociais. Além disso, o Dolores faz parte da diretoria do Centro Cultural Clube da Cominidade Patriarca, juntamente com outros coletivos que ocupam esse espaço, organizando atividades através da auto-gestão. Consciência política e social e arte andam lado a lado no Jardim Triana.

Atualmente, quatro núcleos de pesquisa norteiam o Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes: Poesia, Periferia e Erotismo; estudo do texto “O Direito à Preguiça, de Paul Lafargue; Cozinha Poética e produção audiovisual.

Política e arte, lado a lado

“Nossa posição política não é trotskista, nem leninista. Queremos atingir o socialismo, esse é o nosso horizonte”, afirma a trabalhadora-artista Julia Saragoça. Posição sustentada pela carta de apresentação do coletivo publicada no blog deles. Segue um trecho: “O Dolores configura-se como um grupo de trabalhadores que exerce, entre todos os percalços, o direito de expressar o mundo que lhe atravessa através da arte. Como trabalhadores, nos movimentamos enquanto classe e assumimos as consequências que esta posição política nos coloca. (…) Somos companheiros de movimentos sociais, construímos e assumimos juntos a luta nas suas diversas dimensões.

Confira a programação completa da Mostra Militância Teatral da Periferia, que tem entrada Catraca Livre:

dia 7

19h – Abertura oficial e exibição do vídeo documentário “Pulsações Periféricas”

20h – Mesa “Dramaturgia”
Participações: Adaílton Alves (Buraco d´Oráculo), Fábio Resende (Brava Companhia) e Luiz Carlos Moreira (Engenho Teatral)
Mediação: Ana Roxo

dia 8

20h – Insônias de Antônio
De Danilo Monteiro, Júlia Saragoça e Luciano Carvalho
Direção de Danilo Monteiro
Com o grupo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes.

dia 9

20h – Insônias de Antônio
De Danilo Monteiro, Júlia Saragoça e Luciano Carvalho
Direção de Danilo Monteiro
Com o grupo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes.

dia 10

19h – Mesa “O Espaço Teatral”
Primeira parte: depoimento do grupo Dolores Boca Aberta

Segunda parte: apresentação do documentário Pólen, Pólis, Política, criação coletiva do grupo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes

Terceira parte: debate sobre a transformação de áreas urbanas em “espaços teatrais”, com o grupo Dolores Boca Aberta e Paulo Carvalho Júnior, do Grupo Pombas Urbanas.

Mediação de Amauri Falseti, da Cia. Paidéia de Teatro.

dia 13

20h – Mesa “Depoimentos”
Participações: Engenho Teatral e Trupe Artemanha de Investigação Urbana.

dia 14

20 h – Pequenas histórias que à História não contam
De Luiz Carlos Moreira
Direção de Luiz Carlos Moreira
Com o Engenho Teatral

dia 15

20 h – Pequenas histórias que à História não contam
De Luiz Carlos Moreira
Direção de Luiz Carlos Moreira
Com o Engenho Teatral

dia 16

20h – Brasil, quem foi que te pariu?
De Luciano Santiago
Direção de Luciano Santiago
Com Trupe Artemanha de Investigação Urbana

dia 17

19h – Brasil, quem foi que te pariu?
De Luciano Santiago
Direção de Luciano Santiago
Com Trupe Artemanha de Investigação Urbana

dia 20

20h – Documentário: “Histórias de um Ser TÃO Ser”
Realização: Buraco D`Oráculo e Lona Preta.

Mesa “Depoimentos”

Participações: Buraco d´Oráculo e Brava Companhia.

dia 21

20h – A farsa do bom enganador (inspirada em A farsa do mestre Pathelin, de autor anônimo, século 15)
Adaptação de Atílio Garret
Direção de Atílio Garret
Com o grupo Buraco d´Oráculo.

dia 22

20h – Ser TÃO Ser – narrativas da outra margem
Texto em processo colaborativo do grupo
Direção de Adaílton Alves
Com o grupo Buraco d´Oráculo.

dia 23

20h – A brava
Dramaturgia do Grupo
Direção de Fábio Resende
Com a Brava Companhia

dia 24

19h – A brava
Dramaturgia do Grupo
Direção de Fábio Resende
Com a Brava Companhia

dia 27

19h – Apresentação de documentários
El Quijote, da Rede Latino Americana de Teatro em Comunidade
3º Encontro Comunitário de Teatro Jovem da Cidade de São Paulo, direção de Fernando Mastrocola
Hip Hop na Cozinha do Clariô, direção de Zinho Trindade.

20h15 – Mesa “Depoimentos”

Participações: Grupo Clariô e Pombas Urbanas

dia 28

20h – Hospital da Gente
De Marcelino Freire
Direção de Mário Pazini
Com o Grupo Clariô de Teatro

dia 29

20h – Hospital da Gente
De Marcelino Freire
Direção de Mário Pazini
Com o Grupo Clariô de Teatro

dia 30

20h – Histórias para serem contadas
De Osvaldo Dragún
Direção de Hugo Villavicencio
Com o grupo Pombas Urbanas.

dia 31

19h – Mingau de concreto
De Lino Rojas
Direção de Marcelo Palmares e Paulo Carvalho Jr.
Com o grupo Pombas Urbanas