Anti-lançamento: antes que se rompa o fio de prata

Por: Catraca Livre

pista falsa: p/ ir direto ao ponto, procure as três arrobas.

subvertendo a lógica da reprodução desenfreada de clones mal arranjados, a própria distribuição de um livro pode demonstrar que o que faz um objeto artístico está em cada detalhe que o compõe, incluindo a maneira como ele é oferecido.
em cada suporte se estabelece uma relação diferente entre a escrita e quem a encontra; entre a escrita e o meio onde se encontra. a criatura arrebenta a superfície, embaralha dimensões, torna-se, repetidamente, o incriado à espera: #decodifique à luz do teu desejo.
por tudo isso, antes que se rompa o fio de prata já começa a te emaranhar em poças de objetos. primeiro, o lançamento: publiquei, para download, a prévia desta ação, a ser deflagrada, de fato, entre o natal e o ano novo.
na primeira semana de 2011, cortaremos o cordão umbilical que me prende a essa orquestra maluca, e tudo passará a ser definitivamente de outros, incluindo você.

uma obra literária nunca fica pronta de verdade: é só impressão. no máximo, encontro virtual, desses que mantêm o vazio pra te deixar com mais anseio. mais do que isso: cada par de olhos sobre a pauta arrebenta cápsulas escondidas e cria rotas impensadas #decodifique à luz do teu desejo.
@@@ primeiro convite
neste link: http://www.scribd.com/doc/39908769/Antes-que-se-rompa-o-fio-de-prata, você pode encontrar o livro (praticamente pronto para nascer).

caso queira continuar na brincadeira, mande qualquer sinal da tua leitura para maiaragouveia arroba gmail ponto com e/ou endereço residencial e receba um presente literário até o dia 10 de janeiro.
assunto: anti-lançamento. vale mandar desenho, poema, frase, resenha, objetos voadores não identificados etc. e autorizar divulgação sob forma a ser revelada

o resto é surpresa.# abre a boca e fecha os olhos
em breve, outras pistas deste jogo, verdadeiras e falsas

Anunciação - obra de Farnese de Andrade

como assim?
pleno deserto, meu livro de estréia, foi publicado pela nephelibata, editora do sul, em tiragem simbólica de 60 exemplares, numerados um a um pelas mãos do editor, o camilo prado. assim, cada leitor pode ter consigo um objeto sem par. o artesanato enriquece a obra de arte e faz com que seja, no próprio corpo, um presente, materialidade de uma experiência singular. o leitor torna-se cúmplice e agente desse acontecimento implosivo, que se expande sem alarde, o qual é impossível reproduzir em larga escala.
porque um dos prazeres de escrever é saber que as palavras, soltas por aí, revelam mundos jamais imaginados por aqui, e porque a literatura também é o espaço desse canto anônimo, montei painéis em blogues (brincando com diferentes formas de organização), publiquei textos em toda parte – só para ver o deserto se mostrar sob diversos ângulos, espalhando aberturas, contaminando mais gente com aquela sede que reinventa a roda quando tudo está quadrado.
com a ajuda do selo edições rumi, distribuí, gratuitamente, seleção de poemas, como um convite, uma trilha, pista conduzindo a outros mapas.
depois, em contato com autoras como ana rüsche, andréa catropa e érica zíngano (que também pensam em questões de distribuição e formato do livro), fui reforçando a intuição inicial de transformar determinada crítica a certos esquemas cristalizados no meio literário em soluções palpáveis.
o resultado? no lugar das reticências mergulhadas neste branco aqui. quer ver? arrisque-se.
@maiaragouveia