Belas Artes apresenta mostra especial com mulheres diretoras

São quatro sessões com obras dirigidas por mulheres no Especial Mês da Mulher do Cine Belas Artes

O próximo dia 8 de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, vai ser ponto de partida para o Especial Mês da Mulher, homenagem que o Cine Belas Artes dedica à fundamental e ainda injustamente restrita presença feminina no cinema.

Dominado por homens, a participação das mulheres no cinema continua a ocupar uma parcela muito pequena, não só na direção, mas também em funções técnicas diversas. Essa restrição fica evidente nas indicações do Oscar, por exemplo, ou nas premiações de festivais conceituados. Para se ter uma ideia, Sofia Coppola foi a segunda mulher a ganhar o Prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes, em 2017, por “O Estranho que Nós Amamos”, 56 anos depois da russa Yuliya Solntseva ter alcançado essa mesma consagração por “A Epopéia dos Anos de Fogo”.

O Oscar, por sua vez, em 91 anos de história, teve apenas cinco mulheres indicadas na categoria de Melhor Direção: a italiana Lina Wertmüller foi a pioneira, nomeada em 1977 por “Pasqualino Sete Belezas”; a segunda foi Jane Campion por “O Piano”, em 1994, porém, ela acabou levando a estatueta de Melhor Roteiro Original; Sofia Coppola teve a mesma indicação em 2004, por “Encontros e Desencontros”, mas ela, assim como a colega citada anteriormente, ficou com o Oscar de Melhor Roteiro Original; Em 2010, Kathryn Bigelow fez história como a primeira – e única, por enquanto – mulher a receber o Oscar de Melhor Direção por “Guerra ao Terror”, que também ficou com a estatueta de Melhor Filme, desbancando “Avatar”, de James Cameron; e em 2018 foi a vez de Greta Gerwig entrar para a lista de indicados a Melhor Direção por “Lady Bird”, concorrendo ainda na categoria de Melhor Roteiro Original.

O tempo passa e muitas das justas reivindicações pelas quais as mulheres lutam há mais de um século continuam em enorme desigualdade em comparação aos homens, não só na indústria cinematográfica onde também as diferenças salariais só ganharam alarde há pouco mais de dois anos.

Para exaltar a direção feminina do cinema internacional, o Belas Artes prepara quatro sessões durante o mês de março. Entre as diretoras escolhidas para o especial, estão a diretora belga Agnès Varda, com o grande clássico da nouvelle vague “Cléo das 5 às 7″ (1962); a americana Sofia Coppola com o cult “As Virgens Suicidas” (1999); a neozelandesa Jane Campion com sua obra-prima “O Piano” (1993), vencedora de três Oscar; e a argentina Lucrecia Martel com o aclamado “O Pântano” (2001), premiado nos festivais de Sundance e Berlim.

As sessões acontecem todas as sextas, de 8 a 29 de março, às 20h30. O ingresso para o Especial Mês da Mulher do Cine Belas Artes custa até R$ 20 e podem ser comprados pela internet.

Confira a programação:

08 de março

Cléo das 5 às 7
(Cléo De 5 À 7)
França, 1962, p/b, 90 min., drama, idioma: francês (legendado), 14 anos.
Direção: Agnès Varda
Elenco: Corinne Marchand, Antoine Bourseiller e Dominique Davray.

Cléo talvez tenha uma grave doença. Durante as horas que precedem o resultado do exame, ela perambula pelas ruas, cada vez mais angustiada. Num parque, ela conhece Antoine, um jovem militar que irá embarcar naquela própria noite para a Argélia. Junto dele, ela encontra o conforto que lhe faltava.

15 de março

As Virgens Suicidas
(The Virgin Suicides)
EUA, 2000, cor, 96 min., drama, idioma: inglês (legendado), 16 anos.
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Kirsten Dunst, James Woods e Kathleen Turner.

Cinco irmãs sonhadoras, as Lisbon, moram em uma casa simples de subúrbio em uma rua cheia de árvores, em meados dos anos 70 nos Estados Unidos. Seus destinos são marcados visivelmente pela vizinhança cheia de meninos, que ainda hoje continuam obcecados por elas. A vida das irmãs é marcada de amor e repressão, fantasia e terror, sexo e morte, memória e desejo. Esta é, na sua essência, uma história de mistério, que muda a vida de segredos dos adolescentes americanos.

22 de março

O Piano
(The Piano)
Nova Zelândia/Austrália/França, 1993, cor, 121 min., drama, idiomas: inglês, maori e linguagem britânica de sinais (legendado), 18 anos.
Direção: Jane Campion
Elenco: Holly Hunter, Harvey Keitel, Sam Neill e Anna Paquin.

Segunda metade do século XIX.  Muda desde os seis anos de idade, a escocesa Ada McGrath deixa sua terra natal, junto com a filha Flora, para uma viagem até a Nova Zelândia, onde irá conhecer o homem a quem foi prometida e com quem deverá se casar, em matrimônio arranjado pela família. Após o casamento, o marido aceita transportar toda a mobília de Ada, menos um piano que fica retido na casa de um vizinho analfabeto. Incapaz de suportar esta perda, Ada aceita o acordo que o vizinho lhe propõem: recuperar o piano tecla a tecla submetendo-se às suas fantasias.

29 de março

O Pântano
(La Ciénaga)
Argentina, 2001, cor, 103 min., drama, idioma: espanhol (legendado), 14 anos.
Direção: Lucrecia Martel
Elenco: Graciela Borges, Sylvia Bayle e Mercedes Morán.

Na Argentina, casal enfrenta um calor infernal em sua casa de campo, com os filhos adolescentes. Uma prima traz os filhos também. Quando a mulher sofre um acidente doméstico, os adultos vão para a cidade e os jovens ficam sozinhos.