Satyros estreia peça com elenco exclusivo de trans e não-binários
'Cabaré Transperipatético' cumpre temporada de 4 de maio a 31 de julho na Estação Satyros, praça Roosevelt
Até 31 de julho de 2018
Domingo - Sexta - Sábado
Sextas, 21h | Sábados e domingos, 19h30
Recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência não informados pelo próprio organizador do evento
R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia) e R$ 5 para moradores da Roosevelt . Pessoas trans e não-binárias tem entrada gratuita
Por Mateus Araújo
Oito pessoas cujas narrativas de vida são transpassadas de forma decisiva pela legitimação de seus corpos compõem o elenco do novo espetáculo da Cia. Os Satyros, Cabaré Transperipatético. Interpretada exclusivamente por artistas transgênero e não-binário (que não se identificam com as definições “masculino” e “feminino”), a peça cumpre temporada de 4 de maio a 31 de julho, de sexta a domingo, na Estação Satyros.
Os ingressos custam R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia) e R$ 5 para moradores da Roosevelt. Para pessoas trans e não-binárias, a entrada é Catraca Livre.
Criado em formato documental, o espetáculo reúne depoimentos dos artistas-intérpretes, abordando questões relacionadas a família, relacionamento, prostituição, racismo e descoberta do corpo. “São histórias que viram manifesto. Não nos fazemos vítimas, não usamos dados estatísticos, mas contamos nossas histórias reais, do nosso cotidiano, para mostrarmos que somos iguais a qualquer outra pessoa”, explica Guttervil, artista agênero, que está no elenco.
Cabaré Transperipatético é a segunda parte da Trilogia do Antipatriarcado – composta por “Pink Star” (2017) e a remontagem de “Transex” (originalmente montada em 2004, a primeira peça da cia. a abordar a transexualidade tem remontagem prevista para junho deste ano). Além de Guttervil, estão em cena as atrizes trans/travestis Daniela Funez, Fernanda Kawani, Luh Maza e Sofia Riccardi e os atores transexuais Gabriel Lodi, Léo Perisatto e João Henrique Machado.
“Em primeiro lugar, nós convidamos todas as pessoas não-cis que já trabalham no Satyros, que são em torno de sete a oito pessoas. Depois fomos buscar pessoas não-cis, mais especialmente homens trans. Existe toda uma questão da visibilidade dos homens trans, muitos ainda preferem a invisibilidade. Foi quando convidamos Gabriel Lodi, Léo Perisatto e João Henrique Machado”, explica o diretor Rodolfo García Vázquez.
Representatividade
Com essa montagem, Os Satyros coloca no palco um dos recentes questionamentos do teatro brasileiro: a representatividade de pessoas transgêneros e não-binárias nas artes.
“Alguns artistas de teatro estão com dificuldades de rever seus privilégios normativos e refletir sobre contexto e reparação”, conta a atriz Luh Maza. “Por isso a urgência de levar esses corpos [trans e não-binários] para todas as instâncias, inclusive artísticas. Enquanto vivermos num mundo violento e desigual, nos parece cruel que insistam em não querer entender, em deslegitimar nosso discurso e querer nos colocar como desconhecedores do fazer teatral (sendo que algumas de nós têm décadas de carreira e estudos acadêmicos nas Artes Cênicas).”
Em parceria com SP Escola de Teatro
A SP Escola de Teatro é um equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e tem por atribuições a formação profissional na arte teatral.