‘Câncer metastático não é sentença de morte’, diz assistente administrativa

Por: Catraca Livre

Na folia do Carnaval, surgiu a preocupação: uma fisgada no seio. Em 2009, a assistente administrativa Maria de Lurdes Lima dos Santos, 39 anos, descobriu um câncer. Tratou. Quatro anos mais tarde, a doença estava por todo o corpo, exceto intestino, útero e estômago.

Mas ela não se abate. Quer ver os filhos de 19 e 11 anos se formarem e o neto de 11 meses crescer, e estar ao lado do marido, Saulo de Oliveira, 36 anos. ‘Câncer metastático não é sentença de morte’, diz ela, que estará neste mês em São Paulo para o 3º Encontro de Pacientes de Câncer de Mama Metastático, promovido pelo Instituto Oncoguia. O evento é gratuito e está com inscrições abertas. Leia, a seguir, o depoimento.

A assistente administrativa Maria de Lurdes Lima dos Santos e o marido

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Em março de 2009, no Carnaval, senti uma fisgada na mama. Não descansei. Em abril, fui ao médico. Como não tenho histórico de câncer na família, o ginecologista não prescreveu mamografia. Eu disse: “Tem alguma coisa errada na minha mama”. Fiz o exame em clínica particular, e acusou câncer. Fiz tratamento.

Em agosto de 2013, tive falta de ar. Fui para o hospital sem respirar e disseram que eu tinha enfartado. Fizemos tomo e acusou que meu corpo só não tinha metástase no intestino, no útero e no estômago.

Fiquei igual a um baiacu, toda inchada por causa da quimioterapia. Fui respondendo bem, até a doença chegar ao pulmão e à costela. Depois, no osso da perna esquerda.

O câncer metastático não e uma sentença de morte. A gente pode viver bem em tratamento. Não importa se é quimioterapia oral, se é radioterapia. O que importa é que a gente tem a possibilidade de fazer um tratamento, tomando remédio todos os dias. É normal. E é aí que a gente vê o quanto é forte.

A gente consegue tirar coisas boas. Não é que o câncer me ensinou a viver. Ele me fez realinhar valores e reagregar coisas, olhar e valorizar detalhes. Se não fosse o amor do meu marido e dos meus filhos por mim, eu não estaria mais aqui.

A única vez que fiquei sem a família foi no ano passado. Moro em Belém e fui a São Paulo para o 2º Encontro de Pacientes de Câncer de Mama Metastático, promovido pelo Instituto Oncoguia. Para mim, foi uma superação. Conheci novas pessoas, encontrei informação de qualidade, havia uma equipe pronta cuidando da gente. Cheguei em casa querendo muito mais. Neste ano, vou novamente. Foi um divisor de águas porque eu sei que não estou sozinha.

Por QSocial