Intenso, espetáculo ‘Fêmea’ aborda violência contra a mulher

Mistura de teatro gestual e dança, o trabalho buscou referência no livro "Quarto de Despejo", de Carolina Maria de Jesus

Até 30 de abril de 2021

Quarta - Quinta - Sexta - Sábado - Domingo

20h (pegue o link de cada apresentação no Instagram do grupo)

Recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência não informados pelo próprio organizador do evento

Tentando entender o que é ser mulher nos dias de hoje, a Cia do Despejo pesquisou intensamente as linguagens do teatro gestual e da dança para criar o potente espetáculo “Fêmea”, que faz uma reestreia virtual entre os dias 21 e 30 de abril.

“Fêmea” mescla teatro gestual e dança
Créditos: Antonio Simas Barbosa/ divulgação | Agência Fática
“Fêmea” mescla teatro gestual e dança

As apresentações são gratuitas e acontecem nas redes sociais de vários grupos, artistas e espaços culturais, sempre às 20h. Nos dias 21 e 22, é no YouTube da Aline Machado; no dia 23, no YouTube da Cia do Despejo; no dia 24, no YouTube da Cia Enchendo Laje & Soltando Pipa; no dia 25, no YouTube do Grupo Xingó; no dia 28, no Facebook do Coletivo Subversivas; no dia 29, no Facebook do Madeirite Rosa; e, no dia 30, no Facebook do Centro Cultural Grajaú.

O grupo tem interesse em investigar a violência naturalizada contra a mulher, por isso, cada cena é norteada por um animal comumente usado para adjetivar negativamente os corpos e comportamentos femininos, como vaca, porca e galinha. Assim, os movimentos foram criados a partir da motricidade desses bichos.

Além de explorarem as próprias experiências, as integrantes da companhia se debruçaram sobre importantes obras para criar a dramaturgia. A principal referência foi o livro “Quarto de Despejo”, da incrível Carolina Maria de Jesus.

Outras importantes inspirações para o ” Fêmea” foram o livro “Presos que menstruam: a brutal vida das mulheres – tratadas como homens – nas prisões brasileiras”, da jornalista Nana Queiroz, e os documentários “Estamira”, de Marcos Prado, e “Meninas”, de Sandra Werneck.

Em cena, as atrizes criadoras movem seus corpos ao som de uma música ancestral, executada pelas musicistas Aryani Marciano, Beth Sousa e Helena Menezes. As artistas pesquisaram os cantos vissungos, que se originaram entre os negros escravizados na região de Minas Gerais; e os cantos caboclos, muito utilizados pelo grupo Clarianas, que até cedeu uma canção para o espetáculo.

O figurino potencializa ainda mais a temática. As atrizes vestem bermudas, sutiãs com fecho frontal e corpetes pós-cirúrgicos, em referência aos padrões de beleza impostos pela sociedade. Conforme o trabalho avança, seus corpos e vestimentas ganham tons de vermelho, simbolizando tanto a violência quanto a emancipação feminina.

Além de abordar um tema tão importante, a Cia do Despejo buscou a construção de um espaço de acolhimento para as mulheres. Após as apresentações dos dias 22, 24, 28 e 29, estão programadas conversas pelo Zoom com as integrantes.

No elenco estão Aline Machado, Carolina Gracindo e Ingrid Alecrim e a direção é de Carmem Soares. A captação e a edição das imagens ficou a cargo da Bruta Flor Filmes.

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