Dança em SP: festival especula sobre futuros inventados

Artistas da França, Síria, Croácia, Brasil e Portugal mostram seus trabalhos na 11º Festival Contemporâneo de Dança de São Paulo

Até 29 de outubro de 2018

Todos os dias

Diversos horários

Recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência não informados pelo próprio organizador do evento

R$ 30 (inteira no Sesc 24 de Maio), R$ 15 (inteira no CCBB e meia no Sesc 24 de Maio) e R$ 9 (credencial plena no Sesc 24 de Maio)

Cliente Banco do Brasil não paga ingresso no CCBB

Em tempos sombrios, o 11º Festival Contemporâneo de Dança de São Paulo especula sobre futuros inventados. Artistas da França, Síria, Croácia, Brasil e Portugal apresentam seus trabalhos no Sesc 24 de Maio (Rua 24 de Maio, 109, Centro) e no CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil (Rua Álvares Penteado, 112 – Centro) entre os dias 12 e 29 de outubro. Os ingressos custam até R$ 30.

Os espetáculos têm um forte teor crítico, confrontando-se com mundos em ruínas. Embora tenham nacionalidades diferentes, os artistas compartilham a precariedade encarnada em seus corpos e investigam possibilidades de resistência e reinvenção.

O festival encara a dança como uma arte que inventa mundos, modulando a cada gesto corpos ampliados de possibilidades perceptivas. Por isso, o espectador deve ter acesso a práticas que estimulem suas capacidades críticas, sensíveis, relacionais e criativas.

Um dos destaques deste ano é a programação especial focada na obra de Vera Mantero, artista importante para a Nova Dança Portuguesa. Ela apresenta três solos: “Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois” (1991), “uma misteriosa Coisa, disse o e.e. cummings*” (1996) e “Os Serrenhos do Caldeirão, exercícios em antropologia ficcional” (2012).

Em uma parceria Brasil-França, o espetáculo “Blanc”, de Vânia Vaneau, é uma investigação sobre transe e transformação. Descascando camadas do corpo e do ambiente, o trabalho revela diversas faces que compõem um corpo individual. Um corpo formado por multiplicidades, como a cor branca que é constituída por todas as outras cores. A mudança de pele, a figura do xamã. Um corpo atravessado por fluxos de energias e imagens. Um corpo material e limitado; e também utópico, múltiplo e infinito. Movendo-se entre camadas de um continuum que vai da realidade para a ficção, do presente para o imaginário e do racional ao não racional.

O bailarino Mithkal Alzghair apresenta “Displacement”, uma parceria Síria-França. Na coreografia, explora-se a identidade rasgada dos corpos sírios, do ponto de vista da experiência das condições políticas, sociais e religiosas. Alzghair friciona e reinventa suas diferentes heranças, o corpo da dança tradicional, o corpo do transe, o corpo militar, o corpo na guerra, o corpo no exílio e questiona suas conexões recíprocas.

O evento de dança em SP ainda promove alguns debates. Acompanhe a programação completa no site.