Últimos dias de Ernesto Neto na Pinacoteca
Mostra é a primeira retrospectiva do escultor contemporâneo Ernesto Neto em 40 anos de produção
Até 15 de julho de 2019
Segunda - Quarta - Quinta - Sexta - Sábado - Domingo
De quarta a segunda, das 10h às 17h30
R$ 10 (inteira); R$ 5 (meia-entrada). Aos sábados, a entrada é gratuita.
Site: pinacoteca.org.br
Telefone: (11) 3324-1000
A Pinacoteca de São Paulo apresenta a exposição “Ernesto Neto: Sopro“, com grandes estruturas lúdicas feitas pelo escultor contemporâneo que acolhem ações e rituais, e revelam as preocupações atuais do artista: a afirmação do corpo como elemento indissociável da mente e da espiritualidade.
Com curadoria de Jochen Volz e Valéria Piccoli, a retrospectiva reúne 60 obras de um dos nomes mais proeminentes da escultura contemporânea. Desde o início de sua carreira nos anos 1980, o artista vem produzindo obras que colocam em diálogo o espaço expositivo e as diversas dimensões do espectador.
A partir de uma compreensão singular, as esculturas iniciais de Neto são elaboradas com materiais como meias de poliamida, esferas de isopor e especiarias – em grandes instalações imersivas, que propõem ao espectador um espaço de convívio, pausa e tomada de consciência. Sua prática escultórica engendra-se a partir da tensão de materiais têxteis e de técnicas como o crochê.
Desde 2013, o artista vem colaborando com os povos da floresta, principalmente a comunidade indígena Huni Kuin, também conhecida como Kaxinawá. A população dessa etnia, com mais de 7.500 pessoas, habita parte do estado do Acre e forma a mais numerosa população indígena do estado. Por isso, o entendimento do planeta como organismo interdependente permeia boa parte das obras de Neto.
Para a mostra na Pina, o artista concebe novos trabalhos, entre eles, um para o espaço do Octógono, que acolhe oito ações/rituais participativos abertos ao público ao longo do período expositivo.
Integra também o conjunto uma obra seminal em sua trajetória: Copulônia (1989). De poliamida e esferas de chumbo, seu título faz referência à “cópula” (termo utilizado pelo artista para caracterizar um tipo de elemento, presente na obra, em que duas partes se penetram) e à “colônia” (seção da obra na qual os elementos se repetem). A obra apresenta a ideia de população, família, corpo coletivo e convivência simbiótica. Essa obra, em especial, marca o momento em que Neto começa a pensar a escultura não mais como um único volume mas como um todo composto de partes.
Outras obras icônicas dele integram a seleção, como aquelas que contem especiarias (cravo, açafrão, urucum), as Naves (arquiteturas de tecido em que o visitante é convidado a entrar) e mesmo as mais recentes estruturas habitáveis confeccionadas em crochê. Neto convoca a participação do visitante e ativa outros sentidos além do olhar.
A exposição propõe demonstrar como o físico, o indivíduo e o coletivo sempre estiveram presentes, desde o início, na prática do artista, moldando sua poética. Sua colaboração atual com líderes políticos e espirituais das nações Huni Kuin, cujas contribuições ao artista recebem na mostra uma sala própria, aparece como uma consequência natural de sua pesquisa escultórica.
Esta é também a primeira exposição que propõe traçar seus primeiros experimentos nesse campo através da investigação e da apropriação do espaço expositivo até atingir seu atual engajamento social. Num momento marcado pelo descompasso entre humano e natureza, Neto propõe que a arte seja uma ponte para a reconexão humana com esferas mais sutis.
A mostra fica em cartaz até 15 de julho, com visitação aberta de quarta a segunda, das 10h às 17h30. Os ingressos custam até R$ 10 e, aos sábados, a Pinacoteca tem entrada gratuita pra todo mundo!