Exposição revela maloca de Adoniran Barbosa no Farol Santander

Mostra inédita 'Trem das Onze' reúne mais de 100 itens do acervo pessoal do músico, entre filmes, discos, documentos, fotografias e partituras

Até 30 de dezembro de 2018

Domingo - Terça - Quarta - Quinta - Sexta - Sábado

De terça a sábado, das 9h às 20h, e aos domingos, das 9h às 19h

“Não posso ficar nem mais um minuto com você / Sinto muito amor, mas não pode ser / Moro em Jaçanã | Se eu perder esse trem que sai agora às onze horas / Só amanhã de manhã…”. Sucessos de Adoniran Barbosa como esse não podem faltar em uma autêntica roda de samba paulista. Agora você também terá a oportunidade de conhecer aspectos da vida do sambista mais amado do Bixiga na exposição “Trem das Onze – Uma viagem pelo mundo de Adoniran”, em cartaz no Farol Santander, no Centro de São Paulo, entre 24 de julho e 30 de dezembro.

A visitação acontece de terça a sábado, das 9h às 20h, e aos domingos, das 9h às 19h. Os ingressos custam até R$20, com direito à visitação completa do espaço, com destaque para o mirante, com vista incrível da cidade.

Com curadoria do cineasta Pedro Serrano e do jornalista Celso de Campos Jr., biógrafo do sambista, a exposição reúne mais de 100 itens raros do acervo pessoal do músico, que foi organizado ao longo de 40 anos pela esposa dele, Matilde, e mantido preservado desde os anos de 1980. Organizada em dez salas imersivas, essa vasta coleção reúne objetos pessoais, documentos, recortes de jornais e revistas, filmes, fotografias, partituras e discos, além de trechos do documentário “Adoniran – meu nome é João Rubinato”.

Alguns destaques desse acervo são os icônicos chapéu e gravata borboleta, a característica mais marcante no visual de Adoniran; a aliança de noivado feita para a esposa com a corda de um cavaquinho, história conhecida no samba “Prova de Carinho”; roteiros de radionovelas em que atuou, com anotações originais; fotografias inéditas; partituras de canções nunca gravadas; e o roteiro do filme “O Sertanejo”, que nunca foi rodado, com dedicatória de Lima Barreto.

O visitante encontra logo na entrada, na sala Saudosa Maloca, um varal com roupas estampadas com fotos de importantes momentos da vida do compositor e a partitura da música que dá nome ao espaço. Também há objetos de época, como bicicleta, abajur, violão, toca-discos, luminária de taxi e máquina fotográfica. A ideia desse ambiente é narrar a trajetória de João Rubinato, o nome de batismo do sambista, no início da carreira, entre 1920 e 1950.

No espaço Estação de Trem, que reproduz uma estação ferroviária dos anos de 1970, o público conhece a história de “Trem das Onze”, que venceu o prêmio de melhor samba no Carnaval do Rio de Janeiro de 1965 e é considerado o maior sucesso de Adoniran. Por meio de uma miniatura de locomotiva, o visitante conhece a faceta pouco conhecida do músico: a de artesão. Na sala Oficina, uma recriação da garagem de Barbosa, há outras peças feitas por ele, como bicicletinhas, utensílios domésticos e um parque de diversões.

A sala Vagão de Trem reproduz a atmosfera do primeiro LP de Adoniran, de 1974, que conta com os sucessos “As Mariposas”, “Apaga o Fogo Mané”, “Já Fui Uma Brasa” e “Bom Dia Tristeza”; o espaço Plataforma do Metrô destaca o segundo disco, lançado em 1975, com o clássico “Samba do Arnesto”; e no ambiente Vagão do Metro, sobre o terceiro disco, de 1980, há histórias sobre “Tiro ao Álvaro” e “Torresmo à Milanesa”.

Outro destaque é a sala Cine e TV, com entrada através de uma enorme caixa de fósforos, uma referência ao único instrumento que Adoniran tocava e também à época em que os pais dele chegaram a São Paulo, vindos da região do Vêneto na Itália, no final do século 19, quando eram distribuídas caixinhas de fósforo com publicidade para atrair imigrantes italianos ao Brasil. O espaço exibe trechos de filmes e novelas dos quais o artista participou, como os raros longas “Pif-Paf”, “Caídos do Céu” e “O Cangaceiro”.

Assista abaixo ao curta-metragem “Adoniran Barbosa – Dá Licença de Contar”, do cineasta e curador Pedro Serrano, com participação especial de Paulo Miklos no papel do sambista.