Festival exibe seleção de 30 filmes independentes no CineSesc

Se você é apaixonado por filmes independentes fica esperto pois entre os dias 15 e 21 de setembro, o CineSesc apresenta a 10ª Edição do Indie Festival. A mostra apresenta uma seleção de obras instigantes e relevantes do cinema atual com ingressos que custam entre R$ 3,50 (credencial plena SESC), R$ 6 (meia-entrada) e R$ 12 (inteira).

A programação conta com mais de 30 longas e curtas, com filmes inéditos, em pré-estreia no Brasil e clássicos do cinema mundial. Além de apresentar uma retrospectiva da carreira do cineasta polonês Walerian Borowczyk.

Estão presentes no festival diretores muito importantes para o cinema contemporâneo como Kiyoshi Kurosawa com o filme “Creepy”, Alain Guiraudie com o premiado “Na Vertical”, Albert Serra com “A morte de Luís XIV”. Como também  Mia Hansen-Løve com a obra “O Que Está Por Vir”.

A retrospectiva inédita do Indie 2016 é dedicada à exibição das obras do diretor  Walerian Borowczyk. Nela, serão exibidas 13 filmes, sete longas e seis curtas, todos em cópias restauradas, e muitos deles nunca exibidos no Brasil. Ao longo dos anos 1970 e 1980, Borowczyk desenvolveu um corpo surpreendente de trabalhos em uma variedade de gêneros: curtas, longas, documentários e animação.

Entre os destaques exibidos no Indie estão sua estreia no cinema, em 1967, com o “Teatro do Senhor e Senhora Kabal” e seus filmes com temas sexuais, grotescos e polêmicos que o tornaram mais conhecido como “Contos Imorais” (1974) e “A Besta” (1975).  Estão presentes também obras fundamentais em sua carreira como “Goto, Ilha do Amor” (1971) e “Blanche” (1971).

Confira a programação completa:

15 de setembro (quinta-feira)

14h30 – “Lampedusa”
(DCP, Dir: Peter Schreiner, Áustria, 2013 – 2015, 130 min., 14 anos)
Uma mulher e um homem retornam a ilha de Lampedusa. O jovem somali que arriscou sua vida ao fugir da guerra civil em seu país em um pequeno barco até chegar a ilha, agora é jornalista e vive em Roma. Giulia, uma turista do norte da Itália, que havia ido para a ilha se tratar de suas profundas crises pessoais, retorna agora carregando uma doença com risco de vida. Ambos reencontram Lampedusa, rota de fuga política, que abriga e é testemunha da morte de refugiados. O mar, os rostos e corpos, a luz e o escuro, Schreiner traz à tona questões sobre o sentido da nossa existência, da transitoriedade, a busca de sentido que permanece fragmentária, movendo-se entre a memória e o presente.
Festivais e prêmios: Diagonale, Graz (2015); Rotterdam (2016); IFFI – International Filmfestival Innsbruck, 2016 (Prêmio Melhor Documentário); Karlovy Vary (2016).

17h – “Teatro do Senhor e Senhora Kabal”
(Dir: Walerian Borowczyk, França, 1967, 73 min, 16 anos)
Originalmente concebida como uma série televisiva, Borowczyk expande o humor negro perpetrado pelo casal Kabal apresentado pela primeira vez em seu curta-metragem de 1962, The Concert of Mr. and Mrs. Kabal. Bizarro, grotesco e, ainda assim, estranhamente comovente, essa novela existencial evita, na maior parte do tempo, o diálogo e utiliza a narrativa convencional para evocar os altos e baixos da vida matrimonial. Passado numa terra árida e deserta, levemente pincelada por um tipo exótico de flora e fauna, este seu único longa de animação (feito com desenhos esparsos, grosseiros e, basicamente, monocromáticos) funciona como um forte antídoto às extravagâncias lacrimosas da Disney. Boro faz ainda algumas inserções live action, em cores magnificamente kitsch, transformando os espectadores em cúmplices dos sonhos e fantasias de Monsieur Kabal e seus casos extraconjugais com um harém de garotas.
Festivais e prêmios: Mannheim-Heidelberg IFF (1967): Interfilm Award; Annecy IFF (1967): Prêmio Especial do Júri.

19h – “Hiroshima Meu Amor”
(Dir: Alain Resnais, 1959, França/Japão, 92 min, 16 anos)
Um encontro ocasional em Hiroshima faz surgir um romance entre um arquiteto japonês (“ele”) e uma atriz francesa (“ela”) que está na cidade participando de um filme sobre a paz. A relação amorosa constitui a base para Resnais explorar a natureza da memória, da experiência e da representação. Além de amantes, eles também se tornam confidentes, o que traz a memória de uma história, nunca contada antes, do primeiro amor dela. Durante a Segunda Guerra Mundial, em Nevers, ela se apaixonou por um soldado alemão. No dia em que a cidade foi libertada, ele foi baleado e morto e ela submetida à humilhação e a desonra pública. Hiroshima foi o primeiro longa de ficção de Alain Resnais e uma referência da sua obra.
Festivais e prêmios: Cannes (1959); Prêmio Internacional da Crítica Francesa; Oscar (1961): Indicação Melhor Roteiro para Marguerite Duras.

21h – “Apesar da Noite”
(Dir: Philippe Grandrieux, França/Canadá, 2015, 150 min., 18 anos)
Lenz deixa a Inglaterra e retorna a Paris em busca de Madeleine, que desapareceu em circunstâncias incertas. Ele conhece Hélène, uma enfermeira em luto com a perda de seu filho. Assim começa uma história de amor febril em um cenário de tristeza, paixão, sexo, sadomasoquismo e autodestruição. Uma exploração sensual do lado obscuro do amor, um retrato íntimo do ciúme e do arrependimento. Em seu quarto filme de ficção (o último foi Um lago, de 2009), Philippe Grandrieux constrói mais uma obra livre dos padrões narrativos tradicionais. Um dos cineastas mais experimentais e intuitivos do cinema francês, Grandrieux se reinventa, mais uma vez, em busca de novas formas de representação visual.
Festivais e prêmios: Festival du Nouveau Cinéma, Montreal (2015), Rotterdam (2016).

16 de setembro (sexta-feira)

14h30 – “Suite Armoricaine”
(Dir: Pascale Breton, França, 2015, 148 min., 14 anos)
Um ano letivo na universidade em Rennes experimentado por dois personagens cujos destinos se entrelaçam: Françoise, professora de história da arte, e Ion, estudante de geografia. Françoise retoma a cidade que viveu, revê velhos amigos, enfrenta os lugares e as memórias que deixou. Ion aparece sozinho, do nada, meio estranho ao lugar e afirma que sua mãe, que o abandonou, está morta. No cenário, a Bretanha, a língua, a natureza e suas particularidades. A familiaridade com a paisagem geográfica da diretora Pascale Breton, que estudou em Rennes e nasceu na região, dá certos elementos autobiográficos ao filme.
Festivais e prêmios: Locarno 2015 (Competition, Prix FIPRESCI), Rotterdam (2016).

17h30 – “A Vida Após a Vida”
(Dir: Zhang Hanyi, China, 2016, 80 min., 14 anos)
Poucos moradores ainda vivem na pequena província chinesa de Shanxi, muitos se mudaram ou morreram, muitas casas abandonadas desabaram e alguns fantasmas voltaram. O espírito de Xiuying vagou por mais de uma década e retornou à aldeia através do corpo do filho, Leilei. Ela quer mover a árvore que plantou no jardim da família do marido quando se casou. Através da visão do passado de Xiuying vemos o que restou no presente, as pessoas, a reencarnação. Zhang Hanyi, em seu primeiro filme, capta o espectro entre a vida e o esquecimento.
Festivais e prêmios: Berlinale 2016 (Forum); New Director/New Films (NY).

19h – “Na Vertical”
(Dir: Alain Guiraudie, França, 2016, 100 min., 18 anos)
Leo está à procura de um lobo. Durante uma caminhada no sul da França conhece Marie, uma pastora de espírito livre e dinâmico. Nove meses depois, nasce o filho dos dois. Sofrendo de depressão pós-parto e sem fé em Leo, que vai e vem sem aviso, Marie os abandona. Leo encontra-se sozinho, com um bebê para cuidar. Através de uma série de encontros inesperados e incomuns, o filme apresenta várias camadas subjetivas que nos apresentam a natureza, o sexo, o onírico, a velhice, a morte, a complexidade da vida. Leo vai fazer o que for preciso para se manter de pé.
Festivais e prêmios: Cannes Film Festival (2016).

21h – “Goto, Ilha Do Amor”
(Dir: Walerian Borowczyk, França, 1968, 93 min., 16 anos)
O mesquinho ladrão Grozo ambiciona subir na absurda hierarquia de Goto, arquipélago isolado da civilização por um forte terremoto. Entre suas tarefas básicas incluem-se limpar as botas do governador, cuidar dos cães e caçar moscas. O que o mantém vivo é o sonho de possuir a bela Glossia, que vive presa em um casamento sem amor com o melancólico ditador da ilha. Originalmente proibido na Polônia comunista e na Espanha franquista, Goto apresenta imagens bizarras, poéticos lampejos de cores e uma deslumbrante interpretação dos concertos para órgão de Händel.
Festivais e prêmios: Georges Sadoul (1969)

17 de setembro (sábado)

14h30 – “Estranhos no Paraíso”
(Dir: Jim Jarmusch, EUA, 1984, 90 min., 14 anos)
Willie é um imigrante húngaro que vive em Nova York. Quando ele recebe a visita inesperada de sua prima Eva, que acabou de chegar de Budapeste e está a caminho de Cleveland para morar com a tia, Willie a trata com total hostilidade e indiferença. Mas um ano depois, Willie e seu melhor amigo Eddie decidem visitar Eva. Os três decidem então partir juntos em uma viagem de Clevaland a Miami. Estranhos no paraíso é dividido em três partes: O novo mundo, Um ano depois e Paraíso. Estranhos no paraíso foi o segundo longa de Jim Jarmusch e o impulsionou a se tornar um diretor fundamental para o cinema independente americano.
Festivais e prêmios: Cannes (1984): Prêmio Caméra d’Or; Locarno (1984): Leopardo de Ouro; National Society of Film Critics Awards (1985): Melhor Filme; Sundance (1985): Prêmio especial do Júri.

17h – “Blanche”
(Dir: Walerian Borowczyk, França, 1971, 92 min.,16 anos)
Este filme transpõe Mazepa, peça romântica sobre a Polônia do século XVIII, escrita por Juliusz Słowacki, para a França do século XIII. Ligia Branice, esposa de Borowczyk, faz uma comovente interpretação de Blanche, linda e jovem mulher de um barão, praticamente senil, representado pelo lendário ator suíço Michel Simon. Quando um cobiçoso rei lhes faz uma visita, tanto ele, quanto seu infame e mulherengo pajem, Monsieur Bartolomeo, ficam enfeitiçados por Blanche. Borowczyk transforma aquilo que poderia ter resultado, facilmente, em um melodrama de época, em algo bem mais bizarro e perturbador. O filme apresenta também antigos e belíssimos arranjos musicais dosongbook de Carmina Burana.
Festivais e prêmios: Berlinale (1972): Interfilm Grand Prix.

19h – “Creepy”
(Dir: Kiyoshi Kurosawa, Japão, 2016, 130 min., 16 anos)
Takakura era detetive da polícia de Tóquio, se aposentou por causa de um grave incidente que o deixou traumatizado, e agora é professor de psicologia criminal na universidade. Esperando que esta nova carreira o leve a uma vida mais tranquila, ele e sua esposa Yasuko se mudam para um tranquilo bairro no subúrbio. Seus vizinhos imediatos são os Nishino. Embora Takakura tenha se afastado completamente do trabalho policial, ele não pode conter sua curiosidade quando Nogami, seu ex-colega, pede um conselho sobre um caso sem solução: o estranho desaparecimento de uma família que aparentemente fugiu de casa e seus corpos nunca foram encontrados. Um dia, Takakura é abordado pela filha do vizinho, que lhe diz: “Aquele homem na minha casa não é meu pai… Ele é um completo estranho”.
Festivais e prêmios: Berlinale (2016), Hong Kong Film Festival (2016), Seattle Film Festival (2016); FantAsia (2016)

21h – “A Besta”
(Dir: Walerian Borowczyk, França , 1975, 98 min., 18 anos)
Sonhos bestiais interrompem os planos de um corrupto aristocrata francês de casar seu filho deformado com uma excitada herdeira americana e, assim, salvar sua mansão em ruínas. Inicialmente concebido como um episódio de Contos Imorais (para ser incluído entre “Thérèse Philosophe” e “Erzsébet Bathory”), o filme foi transformado por Borowczyk em uma sequência de um sonho dentro de uma farsa à la Buñuel. Baseando-se nas lendas sobre a besta de Gévaudan, bem como em “Lokis” de Prosper Mérimée, no “Homem dos Lobos” de Freud e na pintura “Szał uniesień” (“Frenzy of Exultations”, 1893) de Wladyslaw Podkowinski, A Besta é uma sombria farsa erótica determinada a atropelar qualquer bom gosto; aqui, só há decoro e comedimento na música para cravo de Scarlatti.

18 de setembro (domingo)

14h30 – “Lily Lane”
(Dir: Bence Fliegauf, Hungria, 2016, 91 min., 14 anos)
A relação de Rebeka e seu filho Danny é fortemente marcada pelo mundo das histórias e da imaginação. Quando Rebeka é informada da morte da mãe, decide procurar por seu pai, há muito tempo distante. Revisitando os lugares onde viveu sua infância, conta a Danny uma série de histórias inventadas, sobrenaturais ou reais que revelam seu passado sombrio. Um filme sobre a infância, onde o tempo e o espaço estão interligados, em uma atmosfera de inquietação entre sonho, realidade, fantasia e segredos.
Festivais e prêmios: Berlinale 2016 (Forum)

17h – “Contos Imorais”
(Dir: Walerian Borowczyk, França, 1974, 103 min., 18 anos)
Um filme composto por quatro episódios, que mergulham individualmente nos anais da história e têm em comum apenas a máxima de La Rochefoucauld: “O amor, encantador como é, agrada mais pelos caminhos nos quais se revela”. Verdadeiro desfile de depravação, Contos Imorais apresenta cenas de felação cósmica, masturbação transcendental, lesbianismo sangrento e incesto papal. Um jovem alcança o orgasmo e ejacula na boca de sua prima enquanto a maré sobe. Uma piedosa jovem vitoriana se lança num frenesi religioso com a ajuda de um romance pornográfico e a mão cheia de pepinos. Uma condessa húngara permanece eternamente jovem ao se banhar em sangue de virgens. O Papa e seu filho mantêm relações sexuais com a filha do primeiro e irmã do último. Sucesso de bilheteria na França, o filme, que passou grande parte da década de 1970 envolvido em problemas com a censura ao redor do mundo, conta com as participações de Paloma Picasso e Fabrice Luchini, então com 23 anos.
Festivais e prêmios: L’Âge d’Or (Bruxelas, 1974)

19h – “O Que Está por Vir”
(Dir: Mia Hansen-Løve, França, 2016, 102 min., 14 anos)
Nathalie ensina filosofia em uma escola secundária em Paris. Ela é apaixonada por seu trabalho e gosta particularmente de passar a seus alunos o prazer de pensar. É casada, tem dois filhos e divide o seu tempo entre a família, os antigos alunos e a sua mãe possessiva. Um dia, o seu marido anuncia que está deixando-a por outra mulher. De repente, Nathalie se percebe em completa liberdade e tem de reinventar a sua vida.
Festivais e prêmios: Berlinale (2016) – Urso de Prata, Melhor de Diretora

21h – “O Homem que Caiu na Terra”
(Dir: Nicolas Roeg, Reino Unido, 1976, 139 min., 16 anos)
A lenda David Bowie é o alienígena humanoide Thomas Jerome Newton, na antológica ficção científica do diretor Nicolas Roeg. Newton chega à Terra com a missão de levar água ao seu distante planeta natal que vive uma seca catastrófica. Usando a tecnologia avançada de seu planeta para patentear muitas invenções na Terra, Newton, auxiliado pelo advogado Oliver Farnsworth, fica milionário como o líder de um conglomerado tecnológico. E ainda na Terra vive um relacionamento com a camareira Mary-Lou. Bowie, em sua estreia como ator, cria com seu visual andrógino a perfeita imagem de um homem que veio do espaço.
Festivais e prêmios: Berlinale (1976); Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films (1976): Saturn Award, Melhor Ator – David Bowie.

19 de setembro (segunda-feira)
14h30 – “Short Stay” 
(Dir: Ted Fendt, EUA, 2016, 61 min., 14 anos)

Mike está sempre entre a casa da mãe em Nova Jersey e a pizzaria onde trabalha. Não fala muito e prefere deixar as coisas acontecerem a fazê-las acontecer. Dá comida para o cachorro do vizinho, esbarra em um amigo que lhe convida para uma festa, anda por aí, sem pressa, desajeitado, sozinho. Um dia, ele encontra seu velho amigo de escola Mark, que está indo para a Polônia e lhe oferece assumir por uns meses seu trabalho de guia turístico e seu apartamento na Filadélfia. Bem, uma mudança de cenário parece uma boa ideia. Lá vai Mike conhecer novas pessoas e novos encontros, pronto para aceitar qualquer coisa, até mesmo coisas do tipo dormir no chão.
Festivais e prêmios: Berlinale 2016 (Forum), IndieLisboa (Prêmio FIPRESCI).

17h – “A Morte de Luís XIV” 
(Dir: Albert Serra, França/Portugal/Espanha, 2016, 105 min., 14 anos)
Agosto 1715. Depois de uma caminhada, Luís XIV sente uma dor na perna. Nos próximos dias, o Rei continua a cumprir seus deveres e obrigações, mas seu sono é intranquilo, ele tem febre, mal se alimenta e está cada dia mais fraco. Albert Serra reconstrói os dias da lenta agonia do maior Rei da França, interpretado magistralmente por Jean-Pierre Léaud, rodeado em seu quarto por seus fiéis seguidores e pelos médicos, e que marcará o fim de um reinado de 72 anos do Rei Sol.
Festivais e prêmios: Cannes (2016) – Exibição Especial; Prix Jean Vigo 2016 du Long Métrage; Jerusalem Film Festival – (Melhor filme internacional); Munich Film Festival.

19h – “O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Senhorita Osbourne”
(Dir: Walerian Borowczyk, França , 1981, 92 min., 16 anos)
Baseando na lenda de que a primeira versão de Dr. Jekyll and Mr. Hyde escrita por Robert Louis Stevenson sob o efeito da cocaína foi queimada por sua recatada esposa americana devido aos seus excessos sexuais, Borowczyk cria uma história, que se passa dentro de um quarto e em uma única noite, para narrar o mergulho de Henry Jekyll em um banho de produtos químicos apenas para emergir como o monstruosamente dotado Mr. Hyde. Obra-prima do cinema surrealista, este filme se alterna maliciosamente entre uma farsa violenta, um delírio sangrento e um frenesi erótico.
Festivais e prêmios: Sitges – Catalonian Film Festival (1981).

21h – “Mais Um Ano”
(Dir: Shengze Zhu, China, 2016, 181 min., 14 anos)
Treze jantares de uma família de um trabalhador imigrante chinês ao longo de 14 meses. O filme retrata uma série de ocorrências aleatórias: alegrias, frustrações e a luta pela sobrevivência. As refeições se desdobram em tempo real através de treze takes estáticos e longos. Em cada um, são revelados detalhes das relações entre as três gerações da família. A sala onde a família se reúne, noite após noite, torna-se um microcosmo de observação das transformações que a classe trabalhadora chinesa enfrenta no cotidiano. Os assuntos exteriores penetram no quadro e pesam sobre a família: a luta por melhores condições de trabalho, a política do filho único e as possibilidades de melhores salários. Ao examinar a vida dos trabalhadores emigrantes, que deixaram suas cidades para procurar uma vida melhor nos grandes centros, o filme cria uma meditação poderosa e comovente sobre o boom econômico da China e a urbanização desenfreada.
Festivais e prêmios: Visions Du Réel International Film Festival (Switzerland, 2016).

20 de setembro (terça-feira)

14h30 – Curtas Walerian Borowczyk
Era Uma Vez
(Dir: Walerian Borowczyk & Jan Lenica, Polônia, 1957, 9 min., sem diálogos, 16 anos)
Embora não seja o primeiro filme de animação de recorte (cut-out) já feito, este é sem dúvida um dos mais inovadores. Na verdade, Borowczyk e Lenica transformaram a economicidade, sagacidade e inteligência do poster polonês em cinema. Trata-se de um trabalho notável também por causa da inovadora trilha sonora eletroacústica, cortesia do Estúdio Experimental da Rádio Polonesa.
Festivais e prêmios: Venice (1957) – Leão de Prata; Mannheim (1957) – Gold Ducat; Polish Critics Award (1958) – Warsaw Mermaid.

“Casa”
(Dir: Walerian Borowczyk & Jan Lenica, Polônia, 1958, 11 min., sem diálogos, 16 anos)
Uma jovem mulher dentro de uma casa sucumbe a uma sucessão de sonhos, fantasias e pesadelos. Indiscutivelmente a obra-prima de Borowczyk e Lenica. O resultado é um verdadeiro compêndio de técnicas de animação, que lança um olhar à vanguarda europeia da década de 1920 (Cocteau, Richter, Ray, Ernst, Calder, Duchamp, etc.) enquanto, simultaneamente, abre caminho para o surrealista moderno do tcheco Jan Švankmajer. Ressalte-se ainda a excepcional trilha sonora eletroacústica de Włodzimierz Kotoński.
Festivais e prêmios: Brussels (1958) – Grand Prix.

“Renaissance” 
(Dir: Walerian Borowczyk, França, 1963, 9 min., sem diálogos, 16 anos)
Considerada a assinatura autoral de Borowczyk, Renaissance apresenta diversos objetos artesanais danificados, os quais se recompõem gradualmente numa composição de natureza-morta antes de explodirem novamente. Neste filme, dedicado a Hy Hirsh (fotógrafo, cinegrafista e cineasta abstrato de origem norte-americana que morreu prematuramente de ataque cardíaco em 1961), os objetos (entre os quais uma boneca, uma coruja de pelúcia e um trompete) funcionam como o microcosmo concentrado de um drama maior que se desenrola fora da tela. Traz uma trilha sonora bem humorada e, por vezes, ameaçadora (além de um breve lampejo de cor).
Festivais e prêmios: Tours (1963): Prêmio Especial do Júri; Knokke-le-Zoute (1964): Prêmio do Júri.

“O Jogo dos Anjos” 
(Dir: Walerian Borowczyk, França, 1964, 12 min., 16 anos)
De acordo com o artista, O jogo dos anjos é uma reportagem na cidade dos anjos. Baseado em uma série de guaches abstratos e metafísicos, que evocam Giorgio de Chirico e René Magritte, mas só poderiam ter sido feitos pelo pincel de Borowczyk, este filme aborda o horror daquilo que Czesław Miłosz descreve como o universo concentrado dos campos de extermínio e do Gulag. Suas imagens inesquecíveis, combinadas com a surpreendente trilha sonora de Bernard Parmegiani, resultam em uma brutal, arrepiante e frequentemente erótica evocação dos horrores dos campos de concentração e é considerado pelo diretor Terry Gilliam como um dos dez melhores filmes de animação de todos os tempos.
Festivais e prêmios: Tours (1964): Prêmio FIPRESCI; Oberhausen (1965): Prêmio Especial do Júri.

“Rosalie”
(Dir: Walerian Borowczyk, França, 1966, 15 min., 16 anos)
De todos os filmes de Borowczyk seu favorito é Rosalie. Baseado em um conto de Guy de Maupassant, esta obra narra a situação de uma criada que mata e enterra o filho em um jardim. Além do desempenho profundamente comovente de Ligia Branice, Borowczyk usa, novamente, objetos animados para narrar uma ação indiretamente.
Festivais e prêmios: Berlinale (1966): Urso de Prata; Locarno (1966): Menção Especial; Cracow (1967): Dragão de Ouro.

“Uma Coleção Particular”
(Dir: Walerian Borowczyk, França, 1973, 12 min., 16 anos)
Uma coleção particular não é apenas um documentário sobre um antigo equipamento erótico, mas, sim, uma descrição e reflexão sobre os costumes sexuais predominantemente ocidentais. Ao exibir tanto os comentários, quanto as instrutivas mãos, do escritor surrealista André Pieyre de Mandiargues, Borowczyk brinca alternadamente com as mídias visuais: esculturas pervertidas, pinturas clandestinas, fotografias da Belle Époque, exibições de lanterna mágica, desenhos animados e filmes de arquivo.

17h – “Happy Hour” 
(Dir: Ryusuke Hamaguchi, Japão, 2015, 317 min., 14 anos)
Quatro amigas Atari, Sakurako, Mimi e Jun vivem em Kobe. Trocam confidências e compartilham tudo entre elas: trabalho, vida doméstica, casamentos e relações amorosas. Um dia, Jun faz uma súbita revelação, o que cria um abismo entre elas e desperta em cada uma a necessidade de fazer um balanço da própria vida. Ryusuke Hamaguchi cria uma experiência imersiva que dá ao espectador tempo para acompanhar por quase cinco horas os momentos cotidianos, o crescimento da amizade, os questionamentos pessoais, com uma densidade emocional rara. Todas as quatro atrizes são estreantes e dividiram o prêmio de melhor atriz no Festival de Locarno 2015.
Festivais e prêmios: Locarno 2015 (prêmio de melhor atriz para seu elenco: Tanaka Sachie, Kikuchi Hazuki, Mihara Maiko, Kawamura Rira).

21 de setembro (quarta-feira)

14h30 – “A Vida Após a Vida”
(Dir: Zhang Hanyi, China, 2016, 80 min., 14 anos)
Poucos moradores ainda vivem na pequena província chinesa de Shanxi, muitos se mudaram ou morreram, muitas casas abandonadas desabaram e alguns fantasmas voltaram. O espírito de Xiuying vagou por mais de uma década e retornou à aldeia através do corpo do filho, Leilei. Ela quer mover a árvore que plantou no jardim da família do marido quando se casou. Através da visão do passado de Xiuying vemos o que restou no presente, as pessoas, a reencarnação. Zhang Hanyi, em seu primeiro filme, capta o espectro entre a vida e o esquecimento.
Festivais e prêmios: Berlinale 2016 (Forum); New Director/New Films (NY)

16h30 – “História do Pecado”
(Dir: Walerian Borowczyk, Polônia, 1975, 124 min., 16 anos)
Baseado no romance do autor positivista, Stefan Żeromski, História do Pecado é um singular longa produzido na Polônia por Borowczyk. Grażyna Długołęcka, fazendo sua estreia no cinema, interpreta Ewa Pobratyńska, a heroína cuja a paixão por um estudante de antropologia casado a leva a uma perigosa viagem pela Europa do início do século XX. O filme lança um olhar crítico sobre a hipocrisia da Igreja Católica, é considerado o filme mais apaixonado de Borowczyk, um melodrama delirante que alcança um tom praticamente surrealista. Rodado quase totalmente com uma câmera na mão, pelo fotógrafo Zygmunt Samosiuk (que faz uma breve aparição vestido de mulher, juntamente com Borowczyk), o filme utiliza magistralmente o concerto para violino de Mendelssohn.
Festivais e prêmios: Cannes (1975).

19h – “Blow-Up”
(Dir: Michelangelo Antonioni, Reino Unido/Itália/EUA, 1966, 111 min., 14 anos)
Um fotógrafo de moda tira fotos de um casal em um parque londrino. Escondido, Thomas fotografa o que aparentemente é uma relação romântica. Quando a mulher o procura e exige os negativos, ele se recusa. Instigado pela insistência dela, ele examina as fotografias e as amplia, Thomas está convicto que resolverá o enigma de um crime a partir das fotos. Em seu primeiro filme em inglês, baseado num conto de Julio Cortázar, Antonioni explora tanto a interação entre o indivíduo e os conceitos de realidade, ilusão e aparência, quanto a veracidade da imagem.
Festivais e prêmios: Cannes Film Festival (1967) – Palme d’Or.

21h – “Três Histórias de Amor”
(Dir: Ryosuke Hashiguchi, Japão, 2015, 140 min., 14 anos)
Três personagens que sofrem por causa do amor: Atsushi, um inspetor cuja esposa foi assassinada; Toko, uma dona de casa presa a um casamento sufocante, sem amor; Ryo, um advogado bem-sucedido, mas que mantém uma paixão secreta por um amigo de infância. Atsushi talvez seja o personagem que simboliza o filme de Hashiguchi: ele tem o dom de identificar danos nas estruturas de uma ponte apenas pelo som emitido pelo martelo quando toca na fundação. Os frágeis personagens solitários revelados com um toque aparentemente sem esforço que diz muito sobre a solidão da vida moderna.
Festivais e prêmios: Tokyo Film Festival (2015), Rotterdam (2016), Best Japanese film by magazine Kinema Junpo’s 89th annual best 10 lists.

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