5 grupos de teatro de BH que você precisa conhecer pra ontem!

Sejam grupos novos ou companhias mais antigas, a arte cênica de BH pulsa criatividade vanguardista e resistência artística

Grupos de teatro brasileiros vêm produzindo e interpretando em terras tupiniquins desde meados do século 16. De lá para cá, muita coisa aconteceu, muita coisa mudou, mas a segunda arte sempre se manteve viva. E não é diferente na capital mineira, Belo Horizonte.

A cena artística de Belo Horizonte é fervilhante!
Créditos: Guto Muniz
A cena artística de Belo Horizonte é fervilhante!

Há inúmeros grupos que assumiram a missão de manter a arte cênica viva, seja por seus espetáculos ou por suas ações de formação e pesquisa.

Especialista no assunto, convidamos o ator e músico Marcelo Veronez para indicar cinco grupos de teatro indispensáveis para conhecer em BH. Pega seu 99 e colaí!

Pronto para essa sessão especial? Acomode-se em sua cadeira porque o terceiro sinal foi dado!

PRIMEIRO ATO

A lista de Veronez passeia por grupos de teatro novos e companhias mais antigas, e todos traçam uma linha de vanguarda, resistência e sempre apresentam trabalhos voltados para questões sociais em BH.

A exemplo disso, estão os grupos Primeira Campainha e o Teatro 171, que o artista classifica como “grupos de resistência, com grande papel na composição da vanguarda do teatro da cidade”.

Já o Bacurinhas usa o palco (e as ruas) para discutir o feminismo de forma nua e crua, enquanto o clássico Grupo Galpão carimba a força artística de Belo Horizonte no Brasil e no mundo!

SEGUNDO ATO

CENA 1

Autodenominada “sem patrocínio e sem vergonha na cara”, a Primeira Campanhia é formada por Marina Arthuzzi, Marina Viana e Mariana Blanco e foi criada em 2007. Desde seu ano de estreia, já dá o que falar nos palcos de Belô.

Seu primeiro espetáculo, “Sobre dinossauros, galinhas e dragões parte II de III”, ficou entre as cinco vencedores da nona edição do Cenas Curtas.

Sobre dinossauros, galinhas e dragões: trilogia completa

Um grande aglomerado de citações, referências e analogias à cultura pop, trash, nerd, cinematográfica e musical.

Posted by Primeira Campainha on Monday, April 25, 2011

Já a segunda peça do grupo, “Elisabeth está atrasada…”, ao qual nosso convidado inclusive dá destaque, recebeu três indicações ao prêmio SESC/Sated em 2010, mesmo sem financiamento nenhum.

A montagem foi dirigida por Marina Arthuzzi e tem como ponto de partida personagens femininos do universo lorquiano, associados aos arquétipos junguianos e aos conceitos freudianos relacionados à mitologia grega.

Parece cabeçuda demais? Relaxa! O fio condutor da história desenvolveu-se a partir da crônica “Clube do Livro/ Chá das Cinco” e diversas situações e conflitos impulsionados por jogos de RPG.

“Elisabeth está atrasada…” recebeu três indicações ao prêmio SESC/Sated em 2010, mesmo sem financiamento nenhum
Créditos: Ana Aluce Ly
“Elisabeth está atrasada…” recebeu três indicações ao prêmio SESC/Sated em 2010, mesmo sem financiamento nenhum

Cada personagem ainda possui como referência celebridades e personalidades públicas, como Eva Perón, Marilyn Monroe e vilãs da Disney.

Para conhecer ainda mais sobre o grupo que “desabou no teatro mineiro como um amontoado furta-cor de influências e referências”, acesse a página da Primeira Campainha no Facebook.

CENA 2

O Teatro 171 é um grupo de gente que se encontrou em “Quando o Peixe Salta“, espetáculo resultado do Oficinão do Galpão Cine Horto, em 2006.

Depois desse encontro, várias redes se formaram, vários interesses artísticos, afetivos, ideológicos, amorosos, econômicos e aleatórios em comum.

Em 2007, um dos atores deste coletivo, Cleo Magalhães, coordenava outro projeto paralelo, o Bar de Papo, e o desejo de ter um espaço que abrigasse suas criações se concretizou no portão laranja da Rua Capitão Bragança, nas vizinhanças do Cine Horto.

Em 2019, o Espaço 171, apelidado carinhosamente de “Portão Laranja”, completa 12 anos de (re)existência. O grupo já passou muito perrengue, lá em 2010, quando não conseguia financiamento público, nem privado, e ainda não havia pensando no financiamento coletivo.

Bingay 171

Lembrando Nosso Primeiro Bingay no Espaço 171…

Posted by Teatro 171 on Monday, November 2, 2015

Para sua sobrevivência, o Teatro 171 decidiu criar uma série de eventos, os famosos “Butecos”, que se tornaram sua característica mais lembrada até hoje.

Outros eventos como “Jantar para Ceschiatti” e “Bingay” também marcaram época. Tudo isso antes do atual e intenso movimento que se tornou o Corredor Leste na Capital.

Além dos espetáculos produzidos pelo grupo 171, Marcelo Veronez também ressalta outras atividades cênicas, como as ações de formação. “As ações de formação e de pesquisa em outras áreas desenvolvidas no espaço 171 é que me interessam mais”, comenta.

Entre as ações, foram oferecidos cursos de interpretação para cinema e TV, performance e derivas artísticas no entorno da sede.

Para acompanhar a companhia e ficar por dentro dos cursos e espetáculos realizados por eles, acesse a página do Facebook do Teatro 171.

CENA 3

A terceira dica de grupos de teatro em BH é a Cia Luna Lunera, companhia formada por uma turma de estudantes de teatro do Centro de Formação Artística do Palácio das Artes.

Segundo Veronez, a companhia é indispensável “por estar se firmando no cenário nacional como um grupo de grande respeito no que se refere à pesquisa de linguagem”.

Criada em 2001, em sua primeira montagem o grupo começava nas ruas e praças de Belo Horizonte, mas dava para perceber que a turma já mostrava conceber em seu ventre um embrião de grupo teatral.

A montagem da Luna Lunera que mais chamou atenção de Marcelo Veronez foi a de “Prazer”, espetáculo que teve como ponto de partida um fragmento do livro “Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres”, de Clarice Lispector.

TEASER PRAZER | Cia. Luna Lunera

PRAZER!

Posted by Cia Luna Lunera on Monday, November 26, 2012

“Prazer” recebeu o Prêmio Copasa Sinparc de Artes Cênicas na categoria Melhor Espetáculo, além de ter sido indicado ao Prêmio Shell São Paulo 2013, nas categorias Autor e Cenário, que foi concebido por Ed Andrade.

Acompanhe a companhia pela página oficial da Luna Lunera no Facebook. Você também pode conferir outras informações no site da Cia Luna Lunera.

CENA 4

Com um discurso pautado pelo discurso de movimentos sociais, como feminista e, principalmente LGBT , Marcelo Veronez aproveita para indicar as Bacurinhas, que segundo ele “é um grupo jovem, com poucos anos de formação, mas seu primeiro espetáculo já é bastante forte e necessário para as discussões do feminismo”.

Espetáculo esse que é quase homônimo ao grupo e se chama “Calor na Bacurinha”, e “um protesto sem vergonha nem culpa”, segundo a crítica do jornalista Miguel Arcanjo, do UOL.

Apostando no nu artístico como linguagem, a montagem é um grito pela liberdade, para que todas as mulheres possam usufruir plenamente do seu direito de ser exatamente como são sem sofrer opressões.

Composta por onze atrizes, a peça, que teve início em 2014 (à época, uma cena curta), cresceu e chegou a atrair 2.500 pessoas, além de passar por palcos como do Centro Cultural Banco do Brasil e fazer parte de um dos principais festivais de teatro de Belo Horizonte, o Festival Internacional de Teatro Palco & Rua – FIT BH.

Ainda bem que antes desses ataques e censuras atualmente comuns, como no caso censura a editais LGBT da Ancine, e o caso da Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

As Bacurinhas vão além dos palcos e também já realizaram o encontro ‘’Bacurinhas em Debate’’, no Teatro Alterosa, que reuniu 22 pesquisadoras, coletivos, ativistas e artistas que discutiram temas relevantes à causa feminista.

Esse bando, modo como se reconhecem, atua na cidade realizando intervenções artísticas como na “Mostra Diversas: feminismo, arte e resistência” e em parceria com entidades como a APROSMIG (Associação das Profissionais do Sexo de Minas Gerais).

Para ficar ligado no que o “bando feminista” está articulando na capital mineira, não deixe de conferir a página das Bacurinhas no Facebook.

CENA 5

Com 35 anos de longa estrada, o Grupo Galpão é a cereja do bolo das indicações de Marcelo Veronez, que o classifica como “um clássico internacional”.

Com mais de 24 espetáculos em seu currículo, mais de 100 prêmios brasileiros, apresentações em 18 países diferentes, quase 50 participações em festivais internacionais, o grupo de teatro tem sua origem ligada à tradição do teatro popular e de rua, e credita a permanência e relevância na cena teatral nacional à capacidade de adaptação e busca pelo novo.

Entre seus espetáculos de sucesso, Veronez destaca a peça “Nós”, que tem direção de Marcio Abreu e leva ao palco Antonio Edson, Beto Franco, Eduardo Moreira, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo André e Teuda Bara.

“Nós” reúne os artistas para celebrar a vida enquanto preparam a última sopa e debatem, sob um prisma político, questões do mundo contemporâneo – a intolerância, a violência, a diversidade, a convivência com a diferença.

Outros – Grupo Galpão | Direção: Marcio Abreu

"Uma crise criativa um negócio que trava, uma coisa que…" OUTROSTEMPORADA RIO ⭐Estreia: 29 de novembro, 20h30 de novembro a 23 de dezembroqua a sáb, às 19h e dom, às 18hLocal: Teatro SESC Ginástico (Av. Graça Aranha, 187 – Centro). Ingressos à venda na bilheteria no teatro de terça a domingo, das 13h às 20h.Info.: 21 2279-4027

Posted by Grupo Galpão on Wednesday, November 21, 2018

Atualmente o Grupo Galpão roda o Brasil com o espetáculo “Outros”, também dirigido por Marcio Abreu. Para acompanhar a companhia, acompanhe a página do Grupo Galpão no Facebook ou no site oficial da grupo de teatro.

FIM

Marcelo Veronez

Formado pelo Teatro Universitário da UFMG, Veronez tem passagens pela Anthônio Escola de Canto e Primeiro Ato Centro de Dança.

Marcelo Veronez indicou cinco grupos de teatro de BH para a Catraca Livre
Créditos: Frederico Samarane
Marcelo Veronez indicou cinco grupos de teatro de BH para a Catraca Livre

No teatro, foi coordenador do Núcleo de Artes Cênicas da Coordenadoria de Cultura de Contagem, de janeiro de 2005 a junho de 2007, e participou como ator, produtor e diretor nos principais festivais da cidade, como FIT BH (Festival Internacional de Teatro Palco e Rua), Festival de cenas curtas do Galpão Cine Horto, Campanha de Popularização do Teatro e da Dança e Verão Arte Contemporânea.

E não para por aí, não! Ele já foi indicado por duas vezes ao prêmio SINPARC e premiado pelo seu trabalho no musical “Os Saltimbancos”, de Chico Buarque, produzido pela Fundação Clóvis Salgado (Palácio das Artes). Ou seja, pode ter certeza que as dicas aqui valem ouro!

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