Mostra de animações reúne quatro décadas de 2D, 3D e stop motion

Promovida pelo Itaú Cultural, a mostra "Álbum Animado de Bestiários" explora o universo do fantástico de produções brasileiras

Até 30 de julho de 2020

Todos os dias

24h

Recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência não informados pelo próprio organizador do evento

Que tal fazer um percurso pelo universo fantástico brasileiro das últimas quatro décadas? É com essa proposta que o Itaú Cultural estreia a mostra de animações online “Álbum Animado de Bestiários”, capaz de encantar adultos e crianças.

“Álbum Animado de Bestiários” é a nova mostra online de cinema do Itaú Cultural
Créditos: Reprodução
“Álbum Animado de Bestiários” é a nova mostra online de cinema do Itaú Cultural

Três longas e sete curtas-metragens compõem a seleção da mostra. Todos eles são inspirados no conceito literário antigo do bestiário, uma espécie de guia que descreve o mundo animal, muitas vezes sobrenatural. Isso significa que os personagens dos filmes são criaturas diferentes, reais ou imaginárias, com atitudes humanas.

Para fazer o espectador mergulhar nesse mundo mágico, que flerta com o onírico, os filmes utilizam várias técnicas de animação, como o 2D, o stop motion e o 3D. A mostra de animações fica disponível no site do Itaú Cultural entre os dias 11 e 30 de julho.

Animações do Álbum Animado de Bestiários

A viagem ao mundo encantado dos bestiários começa com o curta “Meow!” (1981), de Marcos Magalhães. O público é apresentado a um gato esfomeado que fica sem leite e é convencido a tomar um refrigerante esquisito. Em suas andanças, o animal tece uma crítica à globalização e aos padrões de consumo.

Curta “Meow!” é o mais antigo da mostra de animações do Itaú Cultural
Créditos: Reprodução
Curta “Meow!” é o mais antigo da mostra de animações do Itaú Cultural

Os anos 1980 continuam representados na mostra pelo “Boi Aruá” (1985), primeiro longa-metragem de Chico Liberato. O cineasta é considerado um dos pioneiros da animação no centro-oeste e nordeste do país. Na história, inspirada no imaginário nordestino, um fazendeiro arrogante e egoísta é obcecado pela figura misteriosa de um enorme boi negro que, além de zombar dele, parece desafiá-lo.

As outras produções já são dos anos 2000. “Tyger” (2006), de Guilherme Marcondes, critica o modelo de vida contemporâneo e o desenvolvimento humano das megalópoles. Na obra, um enorme tigre aparece misteriosamente em uma grande cidade. Nos cinco minutos deste curta, o felino percorre as ruas durante uma noite, revelando a realidade escondida.

“Tyger” valoriza as forças da natureza
Créditos: Reprodução
“Tyger” valoriza as forças da natureza

O diretor Alê Abreu, responsável pelo poético e premiado “O Menino e o Mundo” (2014), também marca presença nesse evento virtual. No curta “Passo” (2007), um pássaro ganha formas e desejos de liberdade, que, ao mesmo tempo, podem ser apenas as vontades de quem lhe deu asas no papel.

Curta-metragem “Passo”, de Alê Abreu, também está disponível na mostra
Créditos: Reprodução
Curta-metragem “Passo”, de Alê Abreu, também está disponível na mostra

E que tal conferir o primeiro longa de animação dirigido por uma mulher? “Brasil Animado” (2011) destaca-se por ser pioneiro na utilização da técnica 3D. O enredo aborda a vida dos cães Stress e Relax: um empresário que só pensa em dinheiro e um diretor de cinema que vive insistindo para que o outro invista em seus projetos. Desta vez, o “projeto” deles é procurar a árvore mais antiga do país. Durante a busca, eles descobrem curiosidades locais, danças, músicas e saborosas comidas.

“Castillo y El Armado” (2013), de Pedro Harres, é um curta baseado na história do animador uruguaio Ruben Castillo. Na narrativa, um jovem estivador divide seu tempo entre os tapetes que tem de carregar, a sua família e uma vara de pesca. Em uma noite de ventania, este atormentado e passivo personagem encontra a sua própria brutalidade na linha do anzol.

Toda feita a mão, esta obra rompe com o desenho da animação tradicional, o que lhe valeu 55 prêmios e menções desde o seu lançamento e a seleção em mais de 200 festivais – entre os quais o 71º Festival de Veneza. Entras as premiações está a de melhor curta no FICG30 Guadalajara, México, e de direção de arte no Anima Mundi Brasil.

“Castillo y el Armado” é um curta premiado que está na seleção do evento
Créditos: Reprodução
“Castillo y el Armado” é um curta premiado que está na seleção do evento

No curta “Giz” (2015), o cineasta Cesar Cabral leva o espectador a confundir o real e o onírico enquanto acompanha um homem cuja rotina em uma imensa corporação não tem descanso. Incapaz de se relacionar com sua colega de trabalho, ele acaba tomado por um sonho hipnótico, até o ponto em que não pode mais perceber se está realmente acordado.

“Giz” está na programação da mostra
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“Giz” está na programação da mostra

Selecionado pelo programa Rumos Itaú Cultural em 2014, o curta “Almofada de Penas” foi concluído em 2018. A obra faz uma metáfora do sentimento humano, ao contar a história de Alicia e Jordão. Ela contrai uma doença inexplicável, enquanto ele, seu marido, se demonstra indiferente. Porém, algum mistério oculto enlouquece a mulher, que passa a mesclar realidade e alucinações monstruosas.

Reflita sobre os sentimentos humanos em “Almofada de Penas”
Créditos: Reprodução
Reflita sobre os sentimentos humanos em “Almofada de Penas”

Em sua carreira de dois anos acumulou diversas premiações. Entre elas, o Best Independent Short Film, como melhor curta metragem independente; o Stop Motion MX International Festival e o Best Developed Market Projects Oaxaca Film Fest, ambos do México. Na Grã Bretanha conquistou o Award Nominee UVFF 2019 (Unrestricted View Film Festival) pela melhor animação.

O curta “Poética de Barro” (2019), de Giuliana Danza, é baseado no trabalho de ceramistas mineiras e tem a trilha sonora composta por instrumentos da mesma matéria prima. A história retrata a saga de uma pequena criatura que precisa sobreviver às adversidades da vida. O filme foi animado em stop motion com argilas do Vale das Viúvas de Maridos Vivos (Jequitinhonha).

“Poética de Barro” é uma produção de 2019
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“Poética de Barro” é uma produção de 2019

O último longa de seleção é “Tito e os Pássaros” (2019), de Gustavo Steinberg e André Catoto. A animação apresenta uma narrativa atual e crítica sobre uma espécie de epidemia de medo que assola o mundo. Na obra, um menino e seus dois amigos embarcam em uma jornada para encontrar a pesquisa perdida do seu pai sobre canções de pássaros, que pode salvar seu mundo de uma peste na qual o medo adoece as pessoas.

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