Mostra Latino-Americana de Dança Contemporânea chega a 5ª edição

Treze companhias do Brasil, Colômbia, Chile, Paraguai e México se apresentam no Centro de Referência da Dança e na Oficina Cultural Oswald de Andrade

Até 31 de julho de 2018

Todos os dias

Diversos horários

Recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência não informados pelo próprio organizador do evento

Grátis

O que será que os países latino-americanos têm em comum? E o que é particular de cada nação? Como a arte lida com os dilemas cotidianos? O Festival “Dança à Deriva – Mostra Latino-Americana de Dança Contemporânea”, que chega em sua 5ª edição na cidade de São Paulo, pode fornecer algumas respostas.

Entre os dias 23 e 31 de julho, o Centro de Referência da Dança de São Paulo (Baixos do Viaduto do Chá, s/n – ao lado do Theatro Municipal) e a Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363) receberão 20 espetáculos e intervenções artísticas, laboratórios de criação, vídeoarte, “conversatórios” e o 6º Fórum Dança e Sustentabilidade. Tudo com entrada gratuita.

Cerca de 80 artistas de cinco países latino-americanos (Brasil, Colômbia, Chile, Paraguai e México) apresentam seus trabalhos com o objetivo de implodir as fronteiras da latinidade e estabelecer cumplicidades e vínculos políticos, éticos e poéticos.

Acompanhe a programação pelo site.

Além dos espetáculos, o evento tem um caráter de imersão, com a participação integral de todos nas atividades, incentivando processos colaborativos de criação e espaços de compartilhamento. A ideia é que os profissionais envolvidos com dança possam trocar experiências em ações interativas, colaborativas e reflexivas.

No domingo, dia 29, das 10h30 às 18h, acontecerá o 6º Fórum Dança e Sustentabilidade com o tema Modos de Produção em Dança: subsistência e resistência. Ao longo do encontro, diretores e integrantes de cada companhia colocam em pauta as políticas públicas de seus países e a forma como interagem em seus contextos, para produzir reflexões sobre os modos de ser, acreditar e produzir a dança na América Latina.

Além disso, os diretores das companhias participantes desenvolveram sete laboratórios criativos para estabelecer uma investigação mais profunda sobre o corpo, oferecendo estímulos criativos para aumentar o repertório de movimentos e o amadurecimento das habilidades do criador cênico.

Por fim, outra atividade paralela é o “conversatório”, em que artistas e público podem trocar percepções técnicas e estéticas sobre as obras apresentadas na noite anterior. Esses encontros acontecem diariamente.

Espetáculos

Centro de Referência da Dança
23 de julho (segunda), 19h30
“Mulher sem Fim” – Andréia Nhur & Katharsis Teatro (Sorocaba, São Paulo)
Mulher sem fim transita entre teatro, dança, música e performance. No solo, o gênero-mulher é apresentado a partir de um corpo constantemente trespassado por ecos de mulheres presentes nas memórias da cultura, que vão desde Madame Bovary, Lady Macbeth, Carmen Miranda até Dadá, a cangaceira.

www.youtube.com/watch?v=kACVEsg48zc

24 de julho (terça), 17h
“Solos de Rua” – …Avoa Núcleo Artístico (São Paulo/SP)
O trabalho inspira-se no texto manifesto “As Embalagens”, de Tadeusz Kantor. Trata-se de um jogo coreográfico no qual os bailarinos e a lona se afetam mutuamente em espaços públicos de grande circulação, misturando-se à paisagem local. Não é possível saber ao certo o que emerge de dentro da multidão.

24 de julho (terça), 20h
“Com La Boca Bien Abierta” – Andante Danza Conteporánea (Bogotá/Colômbia)
O trabalho baseia-se nas reflexões sobre a violência que faz parte da nossa história passada, presente e muito seguramente futura; a violência que consentimos e aceitamos inconscientemente, culturalmente; a violência que parece natural, enraizada nos corpos e que se justifica, a violência de nosso silêncio.

25 de julho (quarta), 19h
“Satisfação do Cliente” – Quarta Parede Processos Contemporâneos (Caxias do Sul – RS)
Espero que tenha público. Espero que me surpreenda. Espero que ninguém me explique. Espero que tenha dança. Espero que não seja chato. Não tenho expectativa. Eu espero que tenha peitos. Espero acrobacias. Eu espero que seja bom. Espero que tenha nu frontal. Eu espero que me ensine algo. Espero que tenha unicórnios. Eu espero que não chova. Espero que cantem e dancem. Eu só vim porque me convidaram. Espero por aplausos. Eu espero acabar para aplaudir? Eu espero que minha mãe prepare frango para o jantar hoje. Espero…

https://youtu.be/_8SF_3jBUR0

25 de julho (quarta), 20h
“Indicios Despierta” – InCorpo Compañia (Ibagué – Colômbia)
Entre confrontos, vícios, alter-egos, memórias, perseguições, amores e desgostos, sinais se tornam silêncio, numa caminhada de eventos, momentos e pistas que às vezes nos deixa o corpo. Quantos corpos temos? Indicações removem memórias que uma vez salvamos; outras vezes, silêncios que tanto nos perseguiram e certamente contemplamos.

26 de julho (quinta), 19h
“Sardónico” – Terser Cuerpo (Bogotá/Colômbia)
Uma tentativa convulsiva de recuperar uma voz interna e distorcer certas fachadas que projetam uma imagem diferente da nossa. “Sardónico” explora o riso como principal ferramenta para encontrar um estado corporal, no qual dois princípios antagônicos coexistem; um interno, autoconsciente, e o outro externo, dominante.

26 de julho (quinta), 20h
“Cumulonimbus” – Plataforma Mono (Chile)
Cumulonimbus são nuvens de grande desenvolvimento vertical, que produzem chuvas intensas e tempestades elétricas. Podem ser formados isoladamente, em grupos ou ao longo de uma frente fria. O trabalho explora a relação entre Ordem e Caos, e como esses dois estados nos dão sentimentos de vitalidade, criatividade, liberdade, ansiedade, estresse, claustrofobia ou estranhamento.

Oficina Cultural Oswald de Andrade
27 de julho (sexta), 18h
“Entre Tu y Yo” – Tercer Espacio Colectivo Artistico (Asunción, Paraguay)
A peça tem ignição em situações cotidianas, levantando costumes e particularidades de uma relação de intimidade, levando em conta as necessidades de cada um e resgatando o valor de um – em e com – o outro.

27 de julho (sexta), 19h
“Sílfide Transmutada” – InCorpo Compañia (Ibagué/Colômbia)
A homossexualidade, o corpo feminino, androginia e a ruptura com a convencionalidade patriarcal. A transmutação. A linha tênue entre feminino e masculino. Reconstrução de outro corpo. Um corpo sem sinal. Um corpo real. Um corpo que toma a forma de água. Um corpo para a vida e mobilidade, não para regra e ordem.

27 de julho (sexta), 20h
“Transferência” – Andante Danza Contemporánea (Bogotá/Colômbia)
A peça apresenta uma cidade que administra uma dinâmica individualista e consumista em seu cotidiano, destruindo espaços para o livre desenvolvimento do ser humano, gerando seres isolados, estressados pelo dinheiro, violentos, egoístas, esgotados pelo tempo, intolerantes e sem consciência de um para o outro.

28 de julho (sábado), 18h
“Andar_Ilha Avoa!” Núcleo Artístico (São Paulo – Brasil)
O coração viajante não se enraíza, antes quer ser braseira ambulante Matsuo Bashô. Um corpo no mundo tateia, com os pés, o caminho das pedras. Vive o intervalo entre suspensão e queda, o equilíbrio precário. Uma mulher oferta o seu próprio caminhar a um ritual: uma dança. Desvela trajetórias de vida inscritas no corpo, na arquitetura óssea, na cidade. É uma ilha, espaço lírico, rodeada de História por todos os lados.

28 de julho (sábado), 19h
“Matéria Prima” – Terser Cuerpo (Bogotá – Colômbia)
A peça aborda, através do exercício cênico, o fenômeno da produção e reprodução em massa gerado pelos processos de industrialização e urbanização, que vêm da segunda metade do século XIX. Neste caso, o corpo é a matéria-prima para a produção indefinida de um modelo humano caracterizado pela alienação de seu ser.

28 de julho (sábado), 20h
“Corpo Sobre Tela” – Marcos Abranches Companhia de Dança (São Paulo – Brasil)
Inspirado na vida e obra do pintor irlandês Francis Bacon, “Corpo sobre Tela” é um solo criado pelo bailarino Marcos Abranches, em parceria com Rogério Ortiz, que assina a direção artística. “Sou livre para o silêncio das formas, das cores na riqueza de pintar uma obra… Podemos colorir a maneira de pensar e ser mais felizes, pois somos a própria arte. Nossa sociedade trata o deficiente como um coitado. Se eu fosse me basear nesse pensamento, não colocaria meus pés para fora de casa. No meu espaço, não há sofrimento.”

29 de julho (domingo), 15h
“Chulos” – Dual Cena Contemporânea (São Paulo – Brasil)
Três Reis Magos peregrinam pelo mundo e profetizam o nascimento de um novo rei. Em meio à indiferença e a desesperança, testemunham o inusitado: o nascimento de palhaços que celebram e protegem o nascimento do novo que renova o mundo. “Chulos” encontra inspiração nas Folias de Reis para revelar fragilidades sociais escondidas sob o esplendor das festas populares brasileiras.

30 de julho (segunda), 18h
Mostra de Resultados Cênicos
Apresentação dos trabalhos desenvolvidos durante a Mostra, pelos participantes dos Laboratórios De Criação, sob a direção dos artistas que coordenaram as ações.

30 de julho (segunda), 19h
“Fragmento de Dos Cuerpos” – InCorpo Danza Contemporânea (Ibagué – CO)
“Fragmento de dos cuerpos” fala da dor e a melancolia sofridas pelas vítimas do conflito armado na Colômbia. Por meio de uma linguagem poética, o solo procura encontrar as expressões mais sinceras do desespero e do barulho, cruzando sensações entre um corpo físico e um corpo interno que violou seus direitos sociais e humanos. 1

30 de julho (segunda), 20h
“Las Ultimas Cosas” – enNingúnlugar (México/Colômbia)
A obra investiga as necessidades predominantes, incoerentes e caprichosas, que o ser humano apresenta diante da ideia do fim de sua consciência. O público está próximo das ações, desenvolvidas a partir de situações concretas que levam à improvisação e ao estabelecimento de conflitos a serem resolvidos coletiva ou individualmente, a partir dos objetivos que cada intérprete levanta.

31 de julho (terça), 18h
Mostra de Resultados Cênicos
Apresentação dos trabalhos desenvolvidos durante a Mostra, pelos participantes dos Laboratórios De Criação, sob a direção dos artistas que coordenaram as ações.

31 de julho (terça), 19h
“Accidental Acidental” – Pita Torres (Valparaiso/Chile)
O gatilho para a criação de “Accidental Acidental” é uma situação real não estabelecida ou planejada que permaneceu no arquivo de memória. Os corpos produzem um encontro para restaurar e reconciliar outro corpo. Conectam suas intensidades para estar com o outro, se tornarem essenciais, e gerar uma estrutura firme onde não há possibilidade de abandono; Se nos distanciamos, há um corpo que morre.

31 de julho (terça), 20h
“A Balada da Virgem – Em nome de Deus” – Cia Carne Agonizante (São Paulo – Brasil) – Espetáculo de Encerramento
“A Balada da Virgem – Em nome de Deus” se apóia na potente energia simbólica que representa Joana D’Arc – religiosa condenada à fogueira por heresia e depois celebrada como Santa e padroeira da França -, para falar de loucura, transgressão e opressão. O solo que traz noções de tempo e espaço alteradas, onde o real e o não real se confundem, serviu de ignição para Sandro Borelli se auto desafiar em sua constante busca por novas possibilidades coreográficas e trazê-lo de volta aos palcos, depois de quase 10 anos dedicados somente à direção de sua Cia Carne Agonizante, que celebra 20 anos em 2018.