Passeio guiado pela cidade de SP explica a ditadura para crianças
Centro Universitário Maria Antônia, Casa do Povo, Teatro de Arena e Teatro Oficina serão alguns dos locais visitados pelo público
21 de julho de 2018
9h
R$ 38 (inteira)
Credencial plena para R$ 25
Site: sescsp.org.br
Telefone: (11) 2971-8700
Se você acha importante ensinar sobre política para crianças, o Sesc Santana, na zona norte de São Paulo, tem uma boa notícia. No dia 21 de julho, a partir das 9h, acontecerá o passeio “Oba! Férias! Para Crianças: Caminhos da Resistência – Memórias da Política Paulistana”. As inscrições custam R$ 25 (credencial plena) ou R$ 38 (inteira) e devem ser feitas presencialmente na bilheteria da unidade.
A ideia é mostrar para os pequenos como as pessoas se opuseram à ditadura militar – e como a arte voltada para crianças denunciava os mandos e desmandos daquele governo autoritário. Essa viagem ao passado será conduzida pela historiadora Angela Fileno.
O público passará por diversos pontos históricos da cidade, como o Centro Universitário Maria Antônia, a Casa do Povo, o Teatro de Arena e o Teatro Oficina – cada um deles com uma trajetória potente de resistência ao regime militar.
Nos arredores do Centro Universitário Maria Antonia (Rua Maria Antônia, 294 – Vila Buarque), quando a instituição abrigava a antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, aconteceu um confronto entre os universitários da USP e os do Mackenzie no ano de 1968.
A briga começou porque os alunos da USP estavam cobrando pedágio para angariar fundos para o 30° Congresso da UNE. Os estudantes do Mackenzie tinham apoio do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), organização paramilitar de extrema direita que apoiava a ditadura. O confronto terminou com a morte do secundarista José Guimarães, atingido por um tiro na cabeça.
Atualmente, o Centro Universitário Maria Antonia mantém uma programação com exposições, encontros nas áreas de ciências humanas, palestras, debates, seminários e uma biblioteca dedicada às artes contemporâneas.
Na Casa do Povo (Rua Três Rios, 252 – Bom Retiro), é desenvolvido o jornal Nossa Voz, com textos em ídiche e em português e um perfil editorial alinhado aos ideais de esquerda. Em uma primeira fase, a publicação existiu entre 1947 e 1964, mas foi encerrada pelo regime militar, fazendo seus colaboradores irem para o exílio.
O Nossa Voz voltou a existir em 2014 mantendo os mesmos ideais do começo. O comitê editorial conta com representantes de diversas áreas e se reúne regularmente para discutir as pautas que levam em conta a cidade, a memória e as práticas artísticas em consonância com a situação política atual. Sua distribuição é gratuita.
O Teatro de Arena (Rua Teodoro Baima, 94, Centro), fundado em 1953, ganhou força quando se fundiu com o Teatro Paulista dos Estudantes e quando contratou Augusto Boal para dar aulas sobre Stanislavski. Em 1958, o espaço passou a montar peças escritas por integrantes do grupo, ao invés de encenar apenas autores estrangeiros.
Recebendo influências de Bertolt Brecht, segundo o qual o texto deveria ser um processo aberto capaz de servir à ideia do autor do espetáculo, o Arena dessacralizou a escrita dramática. Na década de 1960, com o regime militar e sob a direção de Gianfrancesco Guarnieri, o teatro teve que elaborar estratégias para driblar a censura.
Já o Teatro Oficina (Rua Jaceguai, 520 – Bixiga), em funcionamento desde 1958, se consagrou como um espaço de experimentações, sob o comando de Zé Celso Martinez Côrrea. Na primeira fase da ditadura, o grupo fez montagens políticas que cobravam uma participação ativa da plateia, chegando a provocar incômodos.
Em 1974, Zé Celso foi detido e partiu para o exílio em Portugal, retornando em 1979. Ao longo da década de 1980, o grupo ministrou oficinas e organizou leituras, sem encenar grandes produções.