Plataforma online TePI dá visibilidade ao teatro de povos indígenas

Iniciativa idealizada por Andreia Duarte e Ailton Krenak disponibiliza peças, performances, podcast, textos críticos, encontros e vários outros materiais

Por: Redação

Mergulhe no riquíssimo universo dos vários povos indígenas do mundo todo, que resistem bravamente para preservar suas terras, culturas e tradições, na plataforma digital TePI – Teatro e os Povos Indígenas (acesse aqui), com conteúdos lançados até março de 2022.

A iniciativa disponibiliza gratuitamente peças, leituras dramáticas, performances, podcasts, textos, conversas e vários outros conteúdos fantásticos, feitos por artistas indígenas e não-indígenas.

A TePi – Teatro e os Povos Indígenas tem vários conteúdos fantásticos para você conhecer um pouco mais sobre a luta de vários povos indígenas do mundo
Créditos: Performance "Lithipokoroda" - divulgação - Outra Margem
A TePi – Teatro e os Povos Indígenas tem vários conteúdos fantásticos para você conhecer um pouco mais sobre a luta de vários povos indígenas do mundo

Idealizada pela diretora artística Andreia Duarte e pelo filósofo, ambientalista e líder indígena Ailton Krenak, a plataforma é uma forma de resistência em nosso país, que assiste passivamente ao “desfalecimento da cultura, do direito dos povos indígenas e da negação da vida ambiental e plural”, como diz o texto curatorial do projeto.

Além de valorizar o protagonismo indígena, a plataforma tem a missão de reconhecer nesses trabalhos estéticas e conexões que ampliem a percepção sobre a experiência de ser e estar no planeta Terra.

Ao entender o tetro como um espaço de potência criação e reinvenção da vida, a iniciativa reúne obras que tratam de temas urgentes, como a preservação da natureza; a luta dos povos pelo direito à terra e a moradia; as tradições, a cultura e as peculiaridades de cada etnia indígena; e a memória individual e coletiva dessas nações.

Ao que assistir?

Pensada inicialmente como um evento presencial, a TePI – Teatro dos Povos Indígenas reúne cerca de 71 conteúdos em vídeo e outros formatos. No entanto, depois desse período, a plataforma continua a será abastecida a longo prazo.

Os conteúdos são divididos em cinco eixos: mostra artística, com peças, performances e leituras dramáticas; encontros, com conversas, atos para a cura e práticas pedagógicas; internacionalização, com encontros entre programadores e artistas indígenas de vários países; paisagem crítica, com textos e vídeos sobre os trabalhos da plataforma; e publicações sobre o projeto.

A peça “Trewa – Estado-Nação ou o espectro da traição” trata da violência histórica exercida contra o povo Mapuche pelo Estado do Chile
Créditos: Paula Gonzalez Seguel - divulgação - Outra Margem
A peça “Trewa – Estado-Nação ou o espectro da traição” trata da violência histórica exercida contra o povo Mapuche pelo Estado do Chile

Um dos espetáculos é o chileno “Trewa – Estado-Nação ou o espectro da traição”, da Cia Teatro KIMVN. Na mawida, em meio ao frio e à neve, pessoas próximas de Yudith Macarena Valdés Muñoz, que morreu em 2016, em Tranguil, no sul do Chile, pedem ao ngen mapu permissão para exumar o corpo dela.

Retirar a terra para ir em busca da verdade e da justiça. Em meio às sombras, a violência histórica exercida contra o povo Mapuche pelo Estado do Chile está presente em um nível íntimo e privado nesse espetáculo.

“Yepârio e Saberes” acompanha o cotidiano de quatro pessoas indígenas que tentam preservar suas tradições
Créditos: “Yepârio e Saberes" - divulgação - Outra Margem
“Yepârio e Saberes” acompanha o cotidiano de quatro pessoas indígenas que tentam preservar suas tradições

Outra atração é “Yepârio e Saberes”, de Sandra Nanayna, que retrata o cotidiano de quatro pessoas indígenas residentes no contexto urbano. Elas mantêm viva a oralidade e a memória antepassados ao transmitir saberes de geração a geração. A peça toda é falada na língua tukano.

Já a performance-manifesto “Lithipokoroda”, de Lilly Baniwa, foi produzida por por artistas indígenas da cidade de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Uma mulher ancestral adormece, anda pela floresta e atravessa a cidade em direção à Maloca, a casa do conhecimento dos povos indígenas.

A performance-manifesto “Lithipokoroda” pode ser conferida na plataforma TePI – Teatro e os Povos Indígenas
Créditos: Performance "Lithipokoroda" - divulgação - Outra Margem
A performance-manifesto “Lithipokoroda” pode ser conferida na plataforma TePI – Teatro e os Povos Indígenas

A floresta está destruída pelas mãos dos brancos. Mas, para os povos indígenas, os conhecimentos ancestrais estão vivos em seus corpos. O trabalho é uma forma de dizer chega para as invasões genocidas, para as violências perpetuadas por séculos pelos missionários, padres e pastores; por tanto sangue derramado, por tantas proibições, preconceitos e perseguições das culturas originárias.

A TePI – Teatro dos Povos Indígenas tem muitos outros conteúdos incríveis para você explorar sem pressa. Então, corre aqui e conheça um pouco melhor o universo e as lutas de vários povos indígenas.

Olha estes outros rolês incríveis: