Obra de Adoniran Barbosa é retratada no cinema

Sambas que retrataram o cotidiano do homem popular paulistano ganham releitura inédita em "Dá Licença de Contar"

O curta recria as canções de Adoniran, que têm a narração como característica evidente

“Os sambas de Adoniran são muito visuais. Sempre pensei que dava para fazer um filme com essas histórias tão conhecidas por todo mundo”, conta o diretor Pedro Serrano. Realmente, é possível imaginar cenas do início do século 20 ao escutar “Saudosa Maloca”, “Iracema” e “Samba do Arnesto”.

Partindo da ideia de que suas composições são praticamente roteiros de cinema, Pedro dirigiu o curta-metragem “Dá Licença de Contar“. A partir dos episódios famosos das canções de Adoniran, ele criou uma única história que mescla a comédia ao drama.

Quem conduz o curta é o próprio ‘Adoniran’, que é interpretado por Paulo Miklos. Ambientada no tempo e espaço vividos pelo sambista, a narração dá vida aos famosos personagens do sambista. O filme, que faz homenagem ao samba paulista e ao seu emblemático representante, buscou valorizar Adoniran e sua obra como merecem.

Lançado no aniversário da cidade de São Paulo no MIS através do evento itinerante Conexão Cultural, que trouxe o tema “Samba São Paulo” por meio da música, fotografia, gastronomia e intervenções artísticas, o curta correrá pelo principal circuito de festivais brasileiros e, em seguida, será divulgado na internet.

Elenco

Gero Camilo é quem confere o toque de humor ao ‘bebum’ Mato Grosso, que morre de amores por Iracema. O papel desta moça bonita e doce, que sonha em se casar, ficou com Aisha Jambo. Entanto isso, o mulherengo do Joca é interpretado por Gustavo Machado.

De chapéu e gravata borboleta, o músico do Titãs encarna Adoniran e impressiona com semelhança física. “A escolha foi um pouco pela aparência, mas também pelo timbre de sua voz rouca, que remete à voz de Adoniran, e pela versatilidade de Miklos, que também é cantor. Tinha que ser ele”, Pedro explica.

No set de filmagem, houve uma preparação intensa e divertida para que Miklos falasse da mesma forma peculiar de Adoniran. Com o vocabulário exato, o personagem relata causos de sua juventude em um balcão de bar, descrevendo as rodas que frequentava e até a furada em que Arnesto o meteu. O mais significativo e triste dos episódios, no entanto, é a demolição da maloca em que vivia.