Os melhores palcos para ver shows de rock em SP

~tente não ser boêmio e falhe miseravelmente~

Recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência não informados pelo próprio organizador do evento

De R$ 0 a R$ 30

Em 13 de julho de 1985 acontecia o Live Aid, festival que marcou a história do rock. Com shows simultâneos em Londres, Inglaterra e Filadélfia, nos Estados Unidos, ninguém menos do que The Who, Led Zeppelin, Queen, David Bowie, Mick Jagger, U2, Paul McCartney, Eric Clapton e Black Sabbath se dividiram entre os dois palcos com o objetivo de arrecadar fundos para pessoas que passavam fome na Etiópia.

A atitude foi tão, tão rock, que Phil Collins, uma das atrações, pediu que aquele fosse considerado o Dia Mundial do Rock. E assim se fez a luz!

Todo dia é dia de rock em SP, bebê!
Créditos: Giphy
Todo dia é dia de rock em SP, bebê!

32 anos depois, na realidade sul-americana cosmopolita de São Paulo, a maior cidade do Brasil prova que não é preciso de Whos e Bowies para ser/fazer/viver rock. Há muito mais phaser e synths entre a zona leste e a oeste do que sonha nossa vã plataforma de streaming.

É da natureza da arte ser fluida, bem como da metrópole. Em sua história boêmia, surgiram e desapareceram diversas casas noturnas que marcaram a trajetória do rock paulistano. Mas não há que se descabelar (ao menos, não no mau sentido): indo na contramão dos papos saudosistas e desatualizados de que “não existe rock hoje em dia”, eis uma seleção com alguns dos melhores palcos da cidade para assistir a showzões dos quais você não se arrependerá.

Vista sua melhor jaqueta preta de couro e venha:

  • Breve
    Rua Clelia, 470 – Vila Pompeia
    R$ 15 ~ R$ 30

Inaugurado em meados de outubro de 2016, o Breve já tornou-se referência no quesito showzaços de bandas independentes em São Paulo.

A casa une esforços de Guilherme Barrella, Luís Felipe Barrella e Dago Donato, antigos responsáveis pelo Neu Club, na Barra Funda, e de Rafael Farah e Fernando Dotta, do selo Balaclava Records. A porta do Neu fechou, mas a do Breve já abriu muitas outras, em especial para a música autoral. A mistura deu mais do que certo porque os caras sabem “fazer rolê bom” e agradar o público alternativo – seja com bandas relevantes neste cenário ou com outras que instigam a curiosidade e provam que valem a pena -, mostrando-se um prato cheio para quem quer acompanhar os rumos da música brasileira atual.

O ambiente lo-fi também dá o charme: fachada de garagem, paredes de lambe e palco-tablado bem baixo, aproximando público e banda. Palco este, inclusive, pelo qual já passaram nomes como o pernambucano Felipe S., vocalista do Mombojó; o rock sergipano do The Baggios; a psicodelia da paraibana Glue Trip; e os paulistas da E a Terra Nunca me Pareceu Tão Distante (foto) e Aeromoças e Tenistas Russas. Sempre showzão.

Breve: que não seja breve na noite de SP

Por último, mas não menos importante, o Breve também abre as portas para selos parceiros, a exemplo da SÊLA, cujo evento de abertura do début do festival aconteceu por lá; do festival Dia da Música, que teve parte da programação no palquinho, e de receber bandas do selo Honey Bomb Records, do Rio Grande do Sul, e da produtora Let’s GiG, de São Carlos, interior do estado – entre outros exemplos.

PS: a cerveja está sempre gelada!


Os prediões antigos do centro são ímã para estúdios, casas de show, coletivos, enfim, para a galera que está se movimentando em prol da arte. Em plena São João, em um trecho que a avenida é calçadão, está localizado um palacete dos anos 40 que abriga, ao mesmo tempo, a Biblioteca Roberto Piva e Editora Córrego, o QG da Free Beats, do Furmiga Dub e o Estúdio Lâmina.

Desde abril o local iniciou seu novo ciclo, funcionando como café e lanches à tarde e abrindo para happy hours a partir das 18h – além do fomento à criação e residência artística, com lançamentos de livros, bazar, exposições e oficinas de bambolê. Mas como o som não pode parar, periodicamente acontecem shows e festas de boa música, sem palco, com decoração de manequins & e afins, vista privilegiada do centro da cidade e “gente como a gente”.

Les Boomerangs tocando no Estúdio Lâmina

Um evento que é sucesso de público e crítica é La Nuit do Gainsbarre (foto), show em tributo ao francês Serge Gainsbourg comandado pela banda Les Boomerangs. Também já passaram por lá Pedro Pastoriz, Murilo Sá & Grande Elenco, Mescalines, Groupies do Papa e Verónica Decide Morrer.


  • Casa do Mancha
    Rua Felipe de Alcaçova, 89 – Vila Madalena

    R$ 15 ~ R$ 30

O nome é literal: na “casinha”, como chamam os mais íntimos, morava, de fato, o músico e produtor Mancha Leonel. Tudo começou há cerca de uma década, com a abertura de sua sala para ouvir e falar de música com amigos, onde hoje é um dos principais palcos de som independente na capital.

A casa é receptiva a novos nomes da cena e festivais, a exemplo do Dia da Música, que levou “apenas” Juçara Marçal e Cadu Tenório ao espaço. Novos projetos e lançamentos de discos também são bem-vindos: a pequena sala se viu transformada em ocupação por um fim de semana, quando a cantora Luiza Lian lançou seu álbum visual “Oyá Tempo” em dois shows intimistas e com o público sentado. E o que dizer da casadinha de três shows seguidos – e sold out – do Boogarins, onde tinha gente assistindo à apresentação pela janela? Foi concorrido, viu.

Inclusive a casa tem um festival só dela, o Fora da Casinha, criado há cerca de dois anos e que, como o próprio nome sugere, acontece em outro local que não a própria Casa do Mancha. Além de conseguir atrair mais público do que a casa comporta (cabem umas 80 pessoas), a proposta é celebrar a sua permanência na noite paulistana e a boa música.


Um casarão na Santa Cecília com programação cultural recheada – de cinema a exposição, sempre com um toque gastronômico e, é claro, shows bem massa. A casa tem vários ambientes, em especial no subsolo, abrindo seu espaço para profissionais, parceiros e amigos conectados à cultura e a fim de fortalecer a cena de São Paulo.

O palquinho intimista já recebeu desde nomes que estão há miliano na estrada, como o Hurtmold, até uma galera nova, como o quarteto psicodélico Bike e a Molodoys, entre outros.

Além do ambiente aconchegante, com pebolim e fliperama no bar, e quintal para tomar um respiro entre um show e outro, a Associação também merece respeito por ceder o palco para iniciativas que têm como objetivo fortalecer as mina e promover a diversidade na cultura. Por exemplo, o Distúrbio Feminino Fest, que seleciona bandas do movimento Riot Grrrl atual, como Charlotte Matou um Cara, e também as concorridas oficinas de bateria para mulheres.


  • Z Carniceria
    Avenida Faria Lima, 724 – Pinheiros

    R$ 15 ~ R$ 35 

Até há pouco tempo chamado de Z, agora Z Carniceria, mudou um pouco a dinâmica para melhor, com a intenção de botar o público para dançar. O som da casa (famoso P.A.zão) é ótimo e o palco é, na verdade, um celeiro. Apesar de não ter mais cardápio fixo, vale a pena experimentar o bloody mary enquanto vê um showzão de rock.

Nos anos 80 e 90, o local onde fica o Z abrigava o antigo Aeroanta, um dos berços da música independente na cidade. Sendo assim a casa segue com a proposta em suas noites temáticas. Toda semana acontece a festa Z (te) Mostra, selecionando sempre duas bandas que o público precisa conhecer pra sair da mesmice.

No Z, o palco é um celeiro mesmo

E ainda merecem destaque as parcerias com selos independentes, a exemplo das noites Premiera Freak, uma festa-indie com selo de qualidade Freak, que já levou ao palco nomes como Bratislava, Vruumm e Siso, e as noites Elemess com Z, que até o fim do ano ainda apresenta Ego Kill Talent e Far From Alaska – entre outras. O resto, só indo mesmo pra sacar.


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