‘Uma Canção de Amor’ faz ode à poética homoerótica de Jean Genet

O espetáculo, com dramaturgia de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, é o 12º trabalho da Cia. Os Satyros criado para meios digitais

Até 30 de maio de 2021

Sábado - Domingo

Sábados, às 21h | Domingos, às 18h

Recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência não informados pelo próprio organizador do evento

A poética homoerótica do celebrado e polêmico escritor, poeta e dramaturgo francês Jean Genet (1910-1986) é reverenciada pelo espetáculo online “Uma Canção de Amor”, o novo trabalho da Cia. Os Satyros. Esta é uma versão completamente diferente de outra peça estreada pelo grupo em 2018!

“Uma Canção de Amor” é o 12º trabalho digital da Cia. Os Satyros
Créditos: Laysa Alencar
“Uma Canção de Amor” é o 12º trabalho digital da Cia. Os Satyros

A montagem é encenada ao vivo, por meio do Zoom, e pode ser conferida entre os dias 8 e 30 de maio, aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 18h. Os ingressos são gratuitos, mas, se você quiser contribuir com o trabalho, a companhia sugere o valor de R$10. As reservas/compras são feitas aqui.

Com dramaturgia de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, que também assina a direção ao lado de Gustavo Ferreira, a peça tem como inspiração o curta-metragem “Canção de Amor”, que Genet roteirizou e dirigiu em 1972.

Censurada na época por conta de seu conteúdo homoerótico, a obra narra o relacionamento amoroso entre dois prisioneiros, um homem de meia-idade e outro de 80 anos. Cada um em sua cela, eles criam uma imagem para o outro e alimentam seus sonhos lascivos.

“Uma Canção de Amor” narra o romance entre dois prisioneiros que fantasiam com seu encontro
Créditos: Laysa Alenca
“Uma Canção de Amor” narra o romance entre dois prisioneiros que fantasiam com seu encontro

Quem interpreta esses personagens são o jovem ator Henrique Mello e o experiente Roberto Francisco, que, inclusive, participou, em 1969, da montagem lendária de “O Balcão”, dirigida por Victor García e Ruth Escobar, outro clássico de Jean Genet.

Um pouquinho sobre Genet

Conhecido como o “escritor maldito,” graças aos temas polêmicos abordados em suas obras, o francês Jean Genet foi abandonado pelos próprios pais – a mãe era prostituta e o pai, desconhecido – e passou a juventude em reformatórios e prisões, onde descobriu sua homossexualidade.

Jean Genet é conhecido como o “escritor maldito”
Créditos: International Progress Organization - Wikimedia Commons
Jean Genet é conhecido como o “escritor maldito”

Ele é autor de verdadeiras obras-primas do teatro e da literatura no século XX, como as peças “O Balcão” (1956), “As Criadas” (1947) e “Os Negros” (1958) e os livros “Nossa Senhora das Flores” (1943), “O Milagre da Rosa” (1946) e “Diário de um Ladrão” (1949), no qual ele revela suas paixões e sentimentos durante as andanças pela Europa.

Outra de suas obras famosas é “Querelle Amar e Matar” (1947), que ganhou uma adaptação cinematográfica de sucesso, dirigida em 1982 pelo cineasta alemão Rainer Werner (1945-1982).

O trabalho de Genet chamou a atenção de outros grandes artistas da época, como o escritor Jean Cocteau e os filósofos Jean-Paul Sartre, Michel Foucault e Jacques Derrida. Foram, inclusive Cocteau e Sartre que impediram que ele fosse condenado à prisão perpétua.

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