África do Sul celebra democracia com roteiro turístico dedicado a Mandela

Durante séculos, a África exportou para o mundo, involuntariamente, seus filhos para terras distantes do outro lado do Atlântico.

Suas línguas maternas ganharam novas palavras, seus sons se fundiram em outros ritmos e sua história foi apagada em nome de uma cultura desconhecida que lhe fora imposta por estrangeiros.

Mas agora o caminho é contrário.

Se há pouco mais de 20 anos, a África do Sul recebia 3,4 milhões de forasteiros, os números atuais já ultrapassam os 13 milhões de pessoas que desembarcam naquelas terras, anualmente.

E para comemorar os 20 anos de democracia no país, duas décadas depois de Nelson Mandela se transformar no primeiro presidente a ser eleito democraticamente, a África do Sul lança um roteiro turístico dedicado a um dos mais importantes líderes políticos do mundo: Mandela (ou Madiba para os sul-africanos).

O mapa turístico Madiba-inspired tourist attractions (“Atrações turísticas inspiradas na vida de Madiba”, em tradução livre para o português) é uma criação em conjunto do órgão de turismo de África do Sul (South African Tourism) e da Nelson Mandela Foundation. O projeto destaca pontos turísticos nas quatro províncias sul-africanas relacionadas à vida de Nelson Mandela.

E para sua viagem não perder nenhum capítulo da história recente da África do Sul, o Viagem em Pauta selecionou os endereços mais interessantes relacionados a Madiba.

“Ube nohambo oluhle” (como se diria “boa viagem”, em língua zulu).

JOhANESBURGO

A capital da província de Gauteng, cidade com mais de 5 milhões de habitantes, concentra o maior número de atrativos relacionados a um dos períodos mais dolorosos do país: o Apartheid.

Gauteng, onde Madiba atuou como advogado de direitos humanos, abriga a clássica casa do distrito de Orlando, no Soweto, que serviu de residência para Mandela e duas de suas esposas, Evelyn Ntoko Mase e, mais tarde, Winnie Mandela.

Apartheid Museum –
Um dos mais impactantes endereços dedicados à segregação racial na África do Sul.

O local reconta a história do sistema separatista criado pelo holandês Hendrik Frensch Verwoerd que, na África do Sul, durou de 1948 a 1994.

 
 

Pioneiro em seu gênero, o museu multimídia abriga salas temáticas sobre a classificação de raças, a segregação e a histórica eleição de 1994.

As duas portas de ferro na entrada que selecionam o visitante de acordo com a cor da pele dá uma ideia do que se pode encontrar lá dentro. Visitantes negros devem usar o acesso para brancos e brancos têm acesso pela porta onde se lê “Não-brancos”. (www.apartheidmuseum.org)

Constitution Hill – Este Monumento Nacional está localizado em um forte do final do século 19 e foi responsável pelo isolamento de líderes que lutaram contra o Apartheid, como Mandela e o indiano Gandhi, prisioneiros da Guerra dos Bôeres e manifestantes presos do Soweto.

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Liliesleaf Farm foi o endereço secreto dos líderes que lutaram pelo fim do Apartheid[/img]

O local abriga o antigo quarto de Madiba, móveis da época e objetos considerados ilegais pela polícia branca como livros e documentos. (www.liliesleaf.co.za)

Mandela House – Essa antiga casa de tijolos a vista foi uma das residências de Mandela, quem dividiu os cômodos minúsculos com duas de suas esposas, e abriga um acervo discreto com objetos, fotografias, documentos e móveis da época.

 
 

Localizada no Soweto, cidade próxima a Joanesburgo, a construção se encontra no número 8115 da Vilakazi Street, declarada a única rua do mundo a abrigar dois Nobéis (Mandela e o arcebispo Desmond Tutu). (www.mandelahouse.com) 

Hector Pieterson Memorial – Espaço dedicado a Hector Pieterson, o garoto de 12 anos assassinado durante o protesto que ficou conhecido como “Levante do Soweto”, manifestação de 1976 contra a imposição do aprendizado do africâner, idioma usados pelos brancos de origem holandesa.

No acervo do memorial há testemunhos dos envolvidos, fotos e documentos.

CIDADE DO CABO

 
 

Robben Island – Uma das mais populares atrações turísticas do país, essa ilha guarda boa parte da história política de Mandela. Foi ali que o líder esteve confinado por 19 anos, entre 1963 e 1982. Declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, a ilha fica a 11 km da Cidade do Cabo e abriga celas como a de Mandela (o famoso prisioneiro 466/64) e instalações como cemitério, hospital e escola instalados no local.

Os tours são feitos de ônibus, com direito a uma parada estratégica para avistar a bela Montanha da Mesa, e são guiados por ex- presidiários. (www.robben-island.org.za)

Nobel Square – Praça localizada no V&A Waterfront com esculturas dos quatro sul-africanos que já ganharam Prêmio Nobel: Nelson Mandela, Desmond Tutu, o ex-presidente Frederik Willem de Klerk e o ativista Albert Luthuli.

 
 

 

PROVÍNCIA DE KwaZulu-Natal

The Capture Site – Foi no “Lugar da Captura” que Mandela seria preso , nos anos 60, e começaria seus 27 anos de prisão.

No local uma escultura com 50 hastes de aço de até 9.5 metros de altura dão forma à imagem de Mandela (foto à esq.) e recepcionam os visitantes nesse memorial com exposições temporárias. (www.thecapturesite.co.za)

Pollsmoor Prison – Localizada a 25 minutos da Cidade do Cabo, em Tokai, é uma das maiores do Cabo Ocidental e também serviu de confinamento, em 1982, de nomes como Mandela, Walter Sisulu e Andrew Mlangeni.

 
 

Atualmente, um inusitado roteiro oferece refeições servidas pelos próprios prisioneiros dessa penitenciária de segurança máxima, conhecida como ‘Idlanathi’.

COMO CHEGAR

Johanesburgo é a principal porta de entrada não só da África do Sul mas também de todo o sul do continente africano. São Paulo conta com voos diretos (9h30 de duração) operados pela South African Airways.