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Cone de trânsito ganha nova função em pesquisa científica

Objeto apresentou os melhores resultados no trabalho de retirada de amostras do solo de várzeas no Estado do Amapá, realizado pela Embrapa

O cone de trânsito nem sempre é bem visto pela sociedade. Há, por exemplo, aqueles motoristas que adoram o atropelar. No futebol, ele é comparado a goleiros ruins. Dizem: “Fulano joga muito mal, bota um cone em seu lugar”.

Mas, agora, o objeto cônico encontrou uma função que, para alguns, é até mais nobre que a original. Ele passou a ser usado como recipiente de coleta por cientistas que pesquisam o solo das várzeas no Estado do Amapá.

O cone de trânsito passou a trabalhar em outra função
Créditos: Embrapa/Ana Cláudia Lira Guedes
O cone de trânsito passou a trabalhar em outra função

Analisar os sedimentos e nutrientes depositados pelas marés nessas áreas é fundamental nos trabalhos de conservação ambiental. O material é armazenado quando o rio transborda e invade a floresta.

Para coletar os sedimentos, pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) do Amapá testaram três tipos de coletor em uma área de 55,94 hectares, no leito do rio Furo do Mazagão.

Foram comparados um tubo de PVC de 200 mm de diâmetro e capacidade para sete litros, do qual uma das extremidades foi fechada com cola adesiva também de PVC; uma bandeja plástica (25 cm x 25 cm x 13 cm) com capacidade para 17 litros; e um cone de trânsito invertido, com capacidade para sete litros e cuja abertura da extremidade de menor diâmetro foi fechada com câmara de borracha e braçadeira metálica.

Geometria favorável

Em relação a seus concorrentes, o cone de trânsito levou vantagem ao apresentar maior média e menor variância em relação à quantidade de sedimentos retidos.

De acordo com a pesquisadora Ana Cláudia Lira Guedes, os resultados foram favorecidos pela maior altura e pela geometria do cone, “que vai afunilando à medida que se aprofunda no solo, diminuindo a propensão da saída do sedimento previamente depositado”.

O objetivo da pesquisa é reunir informações para ajudar na conservação das várzeas no Amapá. No Estado, centenas de agricultores praticam o extrativismo vegetal.

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As várzeas são ambientes frágeis com solos ricos em nutrientes e estoques biológicos. Para entendê-los melhor, é preciso estudar o grau de influência dos sedimentos em sua fertilidade.

Eles são trazidos pelo rio Amazonas desde a Cordilheira dos Andes. As águas carregam partículas insolúveis de rochas, solos e vulcões, as quais vão parar no sedimento das várzeas.

Estudar esse material também é importante para detectar a presença de substâncias contaminantes, como metais pesados oriundos de garimpos.

Assim, a atuação do cone de trânsito passou a ser fundamental no fluxo desse estudo. Por isso, recomenda-se pensar duas vezes antes de comparar esse agente de pesquisas a um goleiro “frangueiro”. Afinal, no trabalho de coleta, ele não deixa passar nada.

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Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, presidente da GranBio e especialista em soluções sustentáveis.