Histórias (não) contadas une periferia, refugiados e fake news

Até de de
Terça – Quarta – Quinta – Sexta – Sábado – Domingo
– Terça a sexta, das 10h às 21h. Sábados, das 10h às 19h. Domingos e feriados, das 10h às 18h.
Preço: Gratis
Local: Sesc Santana
SESC Santana – Avenida Luiz Dumont Villares – Santana, São Paulo – SP, Brasil
Mais informações:
Telefone: (21) 2265-9933
Site: http://www.funarte.gov.br/espaco-cultural/teatro-cacilda-becker/

A exposição “Histórias (não) contadas” chega ao Sesc Santana entre os dias 23 de agosto e 23 de novembro. O tema central de ‘Histórias (não) contadas’, questiona: Como a história é produzida? Quem a escreve? Quantas versões de um fato existem e o que faz um relato ser considerado oficial? Qual a veracidade dos discursos tidos como imparciais em tempos em que se discute lugar de fala, notícias falsas e pós-verdade?

“Fake News”, de Paulo Oito, está na mostra
Créditos: Paulo Oito
“Fake News”, de Paulo Oito, está na mostra

A mostra se divide em quatro frentes. “Ao norte do Rio”, de Jaime Lauriano, intervenção construída para refletir como as noções de fronteira, centro e periferia são moldadas a partir dos interesses das oligarquias das cidades; já “Art Book”, de Bruno Moreschi, que apresentam biografias, obras e declarações de artistas fictícios concebidos a partir de clichês encontrados em dez enciclopédias internacionais de arte.

Art Book, trabalho de Bruno Moreschi
Créditos: Bruno Moreschi
Art Book, trabalho de Bruno Moreschi

Em “Ocupações – Cultura e Luta”, fotografias de Miguel Salvatore, Ana Luisa Seco, Marcio Ramos e Mildo Ferreira contam sobre o processo de recuperação do antigo Hotel Columbia Palace e retratos de refugiados e imigrantes sem teto. Por sim, “Fake News” traz grafites de Enivo, Paulo Ito e Quinho e intervenções urbanas que contestam a ideia de liberdade de expressão e incluem a arte neste contexto para discutir a noção de verdade, os discursos forjados como neutros e as agitações sociais causadas pelas falsas notícias.

Imigrantes que resistem no Hotel Cambridge, por Miguel Salvatore
Créditos: Miguel Salvatore
Imigrantes que resistem no Hotel Cambridge, por Miguel Salvatore

Saiba mais:

Ao norte do rio | área de convivência I

Investiga como os conceitos de centro e periferia foram criados para controlar corpos ao mesmo tempo em que limitam e segregam acessos a determinadas regiões da cidade, a partir de três fatores histórico-sociais: a instauração do “marco zero” da cidade de São Paulo, o estudo de Francisco Prestes Maia intitulado “Plano de Avenidas para a Cidade de São Paulo”, e os constantes apagamentos/demolições das edificações e espaços destinados à escravização. De Jaime Lauriano.

Art Book | galeria do 1º andar

Os projetos Art Book e A História da _rte possuem em comum o fato de encararem o campo da narrativa oficial da Arte como um espaço transformável, que não deve ser automaticamente replicado, mas expandido. Ao apresentar 50 artistas inventados e suas supostas 311 obras de arte, Art Book nos convida a encararmos as publicações de arte, em especial aquelas relacionadas à promoção de um certo mercado de arte e seus fetiches, como um possível meio para problematizar o próprio sistema da arte a partir de uma operação simples: sua entrada em bibliotecas de museus. A intenção, com isso, é questionar esse local específico do museu que conserva a verdade histórica oficial que legitima todos os objetos e nomes expostos em suas salas. Por que as obras de arte e suas discussões levantadas precisam ficar, quase sempre, nas salas expositivas previamente preparadas para apresentá-las (e controlá-las)? Da mesma maneira, os panfletos, que são resultados da pesquisa A História da _rte, também buscam ativar um espaço do museu que reproduz a oficialidade da Arte: a entrada das instituições, onde encontramos mapas de visitações e orientações diversas – algumas vezes bastante autoritárias – de como visitá-las. De Bruno Moreschi.

Ocupações – Cultura e Luta | foyer do Teatro

Mostra imagens do processo de recuperação do antigo ‘Hotel Columbia Palace’, abandonado há 27 anos e tornado habitável pela ação colaborativa de seus atuais moradores, bem como retratos de refugiados e imigrantes sem teto de países como Haiti e Senegal, que residem no antigo ‘Hotel Cambridge’. Dos fotógrafos: Miguel Salvatore, Ana Luisa Seco, Marcio Ramos e Mildo Ferreira.

Fake News | muro da Rua Viri (rua lateral do Sesc Santana)

O surgimento das “fake news” e seu atual poder de disseminação nos convidam a refletir sobre os limites da liberdade de expressão individual, quando esta liberdade é utilizada nas redes sociais e em outros meios para promover polarizações do discurso político, moral e ético, criando barreiras ao convívio social.

Contestando a dicotomia: “fake news” e “liberdade de expressão”, e incluindo a arte neste contexto, os grafiteiros Enivo, Paulo Ito e Quinho desenvolveram uma tríade artística que discute a noção de verdade, a falsa neutralidade da notícia e a sua recepção pela sociedade. Com caráter político, sociológico e filosófico, os artistas evidenciam as possíveis agitações sociais causadas pelas falsas notícias e o perigo crescente que elas representam. O mural apresenta uma narrativa em três momentos; o primeiro, idealizado por Enivo, com a apresentação de um fato; o segundo, de Paulo Ito, aborda a interpretação singular e deturpada da notícia original; e o terceiro, realizado por Quinho, conduz o olhar do espectador para os desdobramentos da absorção de uma notícia falsa e o que ela representa em nossa sociedade.