Festival Path debate sobre qual é o futuro das séries no Brasil

O mercado audiovisual brasileiro vem driblando os sintomas da crise para levar entretenimento e conhecimento à população

Com crescimento médio de 9% ao ano, o mercado audiovisual brasileiro vem driblando os sintomas da crise para levar entretenimento e conhecimento à população. Dentro deste número que não pretende parar de subir, cabe a pergunta: qual é o futuro das séries no Brasil? O Festival Path 2019 vai atrás da resposta, chamando um time de experts no assunto para um debate: a atriz Mel Lisboa, o cineasta Hugo Prata, a diretora editorial Isabel de Luca e o produtor Beto Gauss.

Já é impossível não falar sobre o quanto as séries têm alto potencial de expansão no país. A matemática não nos deixa mentir: a nível de curiosidade, o Brasil está atrás apenas da Tailândia e das Filipinas no tempo que passa conectado à internet, chegando a um total de 9 horas e 14 minutos grudado na tela do smartphone ou do computador diariamente, segundo dados colhidos pela Hootsuite e We Are Social.

Mel Lisboa em “Coisa Mais Linda” série da Netflix
Créditos: Festival Path
Mel Lisboa em “Coisa Mais Linda” série da Netflix

Deste período de tempo, boa parte da população investe cerca de 5 horas por dia em serviços de streaming como a Netflix e o Youtube, conforme constatou o relatório anual TV & Media, feito pela Ericsson ConsumerLab. Se a velocidade média da conexão ultrapassasse a paupérrima média de 17,9 megabytes, que está bem abaixo em comparação com o resto do mundo, os números poderiam ser ainda maiores.

Mesmo assim, os recursos de streaming não param de avançar. No último ano, o Brasil lançou ao menos sete séries originais, o que já é um marco histórico. Além de oferecer um “remember” de suas novelas, programas e minisséries para o público online, a Globo começou a investir em conteúdo próprio para o serviço Globoplay, que hoje conta com 20 milhões de usuários. As séries “Ilha de Ferro”, “Além da Ilha” e “Assédio” foram exibidas primeiramente na plataforma. A emissora já anunciou outras outras três produções novas: “Cinema Olympia”, “Shippados” e “ Eu, Minha Avó e a Boi”.

“Nunca se produziu e consumiu tanto conteúdo de ficção como agora no Brasil. Além de gerar oportunidades no mercado de trabalho, o aumento da produção de séries nos permite obras mais longas, com o desenvolvimento maior das tramas e personagens”, argumentou o cineasta Hugo Prata, que recentemente dirigiu 2 episódios da série “Coisa Mais Linda” para a Netflix.

Série brasileira “Coisa Mais Linda” que está na Netflix
Créditos: Festival Path
Série brasileira “Coisa Mais Linda” que está na Netflix

De olho no mercado nacional, a Netflix pretende investir em 30 produções originais brasileiras até o ano de 2021. A HBO e a FOX também vêm ampliando seus catálogos, abrindo espaço para os profissionais do país. “Trabalho nesse mercado há mais de 16 anos e posso dizer que desde que comecei esse é o melhor momento em relação a produção de séries”, contou Beto Gauss, sócio e produtor da Prodigo Films.

“Com a entrada de novos players tivemos um aumento significativo e uma nova perspectiva para exportar nosso conteúdo de forma mais fácil. Assim, o telespectador ganha a possibilidade de acesso a conteúdos falados em diversas línguas”.

De fato, por muito tempo, o Brasil fornecia ainda mais fama para as séries internacionais e exportava apenas as novelas de grande audiência, colhendo bons frutos deste feito, porém de forma hegemônica, afinal, só a Globo lucrava dessa forma. Mas, desde o lançamento de “O Negócio”, da HBO, e da obra sci-fi “3%”, da Netflix, o jogo tem virado.

A série criada por Pedro Aguilera chegou a 190 países e se tornou a ser a série de língua não-inglesa mais assistida nos Estados Unidos. O sucesso da empreitada deu um baita fôlego não só para as próximas temporadas, como também para o mercado se movimentar cada vez mais ao redor das produções nacionais.

Diretora editorial da Hysteria, hub de conteúdo multimídia feito apenas por mulheres dentro da Conspiração Filmes, Isabel de Luca atualmente mergulha de cabeça nos papéis de idealizadora, produtora e roteirista do documentário “Mulheres Radicais”, que estreia em 2019 na plataforma. Para ela, essa abertura do campo audiovisual é uma faca de dois gumes. “Num cenário de recursos públicos, o dinheiro pode ser (pelo menos teoricamente) acessado por todos. O do dinheiro privado, infelizmente, costuma ser restrito àqueles que têm mais acesso e contatos”.

A atual situação aponta para um paradoxo. Ao mesmo tempo em que os novos players ajudam a indústria do entretenimento a não ficar na dependência de leis de incentivo e recursos públicos, também podem acabar colaborando com sua extinção. “No cenário atual, em que o futuro das leis de incentivo é incerto, é um avanço positivo podermos contar com esses novos agentes do mercado.

Por outro lado, a ameaça de extinção ou mesmo restrição das fontes públicas é catastrófica para o audiovisual, principalmente no que diz respeito ao acesso a realizadores fora do eixo Rio-SP, produtoras de menor porte e iniciantes”, ponderou.

Vamos ampliar ainda mais o debate sobre qual é o futuro das séries no Brasil, ao vivo e à cores? Os participantes te esperam no palco do Festival Path, que acontece nos dias 1 e 2 de junho na Av. Paulista, em São Paulo, reunindo essa e outras palestras incríveis, além de shows, workshops e feiras. São mais de 350 horas de programação! Não fique de fora e aproveite para garantir seu ingresso antes do 2º lote acabar!

Serviço:

Palestra: “Qual é o Futuro das Séries no Brasil?”

Quando: Sábado 01/06 das 15h45 às 16h45

Onde: Maksoud Plaza, Sala Mato Grosso

Endereço: R. São Carlos do Pinhal, 424 — Bela Vista, São Paulo