Movimento alerta: cuidado com propaganda indireta nas redes

Com o tema “Amamentação e sustentabilidade”, a Semana Mundial da Amamentação, que vai até o domingo, dia 7, levanta o debate sobre a importância do aleitamento materno. Muito já se sabe sobre os benefícios da amamentação, apesar disso, as mães ainda enfrentam muitos desestímulos. Durante o puerpério, que é uma fase, no mínimo, delicada para qualquer mãe, fatores como falta de apoio, e consequente solidão, e de informação adequada podem ser determinantes para que essa mãe continue, ou não, amamentando.

Nesse sentido, nossos parceiros do Movimento Infância Livre de Consumismo  levantou com um post em sua página no Facebook uma questão importante sobre o impacto que as informações divulgadas pelas mãe blogueiras, podem ter na formação da opinião de outras mães.

“Amamentar continua sendo difícil. Tem muitos fatores que contribuem para não dar certo. O ambiente social das populações urbanas ainda não aceita como uma condição necessária e natural para a nossa sobrevivência. A promoção selvagem de fórmulas lácteas para bebês por industrias inescrupulosas ainda é uma realidade. A licença-maternidade de 120 dias não alcança a necessidade real destas mulheres”, apontou o pediatra Cacá em entrevista ao blog Maternidade sem Neura.

Uma pesquisa recente realizada pelo ESPM Media Lab, a “Mães blogueiras: a publicidade em meios digitais”, indicou que cerca de 85,3% das mães buscam em blogs de outras mães informações e dicas sobre a criação de seus filhos. “Eles são mais próximos da realidade. Por isso fazem tanto sucesso. É uma conversa de mãe para mãe em uma linguagem informal.”, explicou ao blog Maternar a autora do estudo, Luciana Corrêa.

Se, de um lado os blogs oferecem às mães um olhar mais empático à maternidade, que gera identificação e acolhimento, por outro, o MILC  aponta que é preciso tomar cuidado com as informações e recomendações divulgadas.

O post traz um alerta, sugerindo que, proibidas por lei de fazer publicidade em meios de comunicação de produtos que possam interferir na amamentação (como leites artificiais, mamadeiras e chupetas, por exemplo), passam a divulgar seus produtos de maneira indireta por meio das chamadas “mães-mídias”, blogueiras e formadoras de opinião com canais de comunicação nas redes sociais. A ação é simples, envia-se presentes e mimos para essas mães (prática que não é ilegal) e elas compartilham a “delicadeza” das marcas em suas redes para suas leitoras.

O post traz alguns prints com situações que servem de exemplo:

Mesmo que essa não seja a intenção, essas mães acabam cumprindo -muitas vezes de graça, ou em troca de brindes- o papel que a publicidade veiculada faria, se tornando um veículo de comunicação. A diferença é que a relação -blogueiras-leitoras, é pautada pela confiança e pela cumplicidade, o que torna essa propaganda indireta ainda mais nociva.

“Apesar de parecerem aliadas das indústrias, as mães-mídia são apenas mais uma das vítimas da indústria e do marketing, são a parte fraca da relação: estão sozinhas em casa, sem apoio social, muitas vezes com orientação precária em relação à amamentação, obtendo apoio apenas das redes de apoio maternas (que muitas vezes não estão de fato comprometidas com a boa informação, mas mascaram publicidade como orientação), atraídas por um falso prestígio e ignorando a legislação brasileira anuncia substitutos de leite materno, mamadeiras, etc, muitas vezes se valendo da imagem dos seus próprios filhos”, alerta a matéria do Movimento Infância Livre de Consumismo.

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