5 projetos com garrafas pet que podem mudar o mundo

Uma das mais interessantes frases que definem as qualidades e as características de uma pessoa, ou de uma ideia criativa foi dita há mais de 40 anos pelo psicólogo norte-americano Morris I. Stein: “criatividade é o processo que resulta em um produto novo, que é aceito como útil, e/ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum ponto no tempo”.

Mais atual do que nunca, essa feliz definição é perfeita para apresentarmos 5 iniciativas sustentáveis construídas com garrafas PET ao redor do mundo. Inspiradoras, extremamente funcionais e ambientalmente responsáveis (algumas delas com forte apelo social também), esses projetos são exemplos não apenas dos conceitos sustentáveis que regem o projeto Gentilezas Verdes, mas principalmente de que é possível, com gestos simples, e com um pouco de criatividade e força de vontade, mudarmos o mundo.

Casa de Botellas

 

Envolvida com trabalho voluntário desde pequena e apaixonada por artesanato, a advogada boliviana Ingrid Vaca Diez, teve a ideia de construir casas de garrafas PET para famílias em situação de extrema pobreza após uma discussão com o marido, que não aguentava mais a quantidade de ‘entulho’ que Ingrid guardava em casa para trabalhos manuais. “Dá para construir uma casa com esse monte de PET”, reclamou a época o parceiro em tom de ironia. Foi o suficiente para acender uma luz na cabeça da boliviana.

Ingrid então passou a estudar maneiras de construir casas com as garrafas recicláveis e descobriu a fórmula ideal: PETs e uma espécie de cimento sustentável, feito com barro, açúcar, mingau e linhaça.

Hoje, mais de 15 anos depois de começar o projeto, a boliviana já tem no currículo mais de 300 moradias construídas para famílias em situação de extrema pobreza – não só na Bolívia, mas em outros países como Argentina, México, Panamá e Uruguai.

Ingrid garante que é possível construir uma casa em 20 dias, com a ajuda de cerca de 10 voluntários – contando sempre com a ajuda dos futuros moradores, que ela faz questão de que participem do processo para dar mais valor à moradia.

Incrível, não?

Bottle School Project

 

Aflito com a falta de escolas de ensino básico em algumas províncias das Filipinas, o empreendedor social Illac Diaz, natural do arquipélago, resolveu dar um jeito no problema e fundou o Bottle School Project. A iniciativa, como o próprio nome sugere, nasceu com o objetivo de construir escolas economicamente baratas e ecologicamente sustentáveis, e para isso ele utilizou como matéria-prima garrafas PET.

A primeira escola da iniciativa foi construída na província de San Pablo com milhares de garrafas de 1,5 e 2 litros, que foram preenchidas com adobe líquido – uma substância feita com terra crua, água e fibras naturais ou palha – para dar consistência às paredes. Segundo Diaz, além de ser mais barato do que o concreto, o adobe é cerca de três vezes mais forte do que o cimento.

Para viabilizar o projeto ele contou com a ajuda da My Shelter Foundation (Fundação Meu Abrigo, em português), que promoveu uma corrida beneficente, no início da obra, para coletar garrafas PET usadas. Além disso, dezenas de voluntários botaram a mão na massa e ajudaram na construção da escola, cujo terreno foi doado pelo governo local de San Pablo, que foi outro colaborador.

Mais do que projetar a construção de outras “escolas de garrafa” nas Filipinas, na Ásia e, quem sabe, no restante do mundo, Diaz espera que a iniciativa colabore para conscientizar os governos a respeito da importância e da urgência em se investir mais no ensino e na educação básica.

Uma super lição de cidadania!

Museu EcoARK

 

Co-fundador e diretor da empresa multinacional Miniwiz-Sustainable Energy Development, com operações comerciais no Taiwan, Xangai e Berlin, o arquiteto e engenheiro estrutural Arthur Huang, foi responsável por elaborar o projeto do inovador prédio do museu EcoARK, em Taiwan, que nasceu baseado no conceito dos três erres “Reduzir, Reutilizar e Reciclar”.

Inaugurado em 2010, o museu EcoARK  é um grande pavilhão cultural de 2.186 m², com anfiteatro e salão de exposições distribuídos em 3 pavimentos com 1,5 milhões de Polli-Bricks (tijolos feitos com garrafas PETs recicladas).

O prédio com seus tijolos de PET tem a metade do peso de um edifício convencional, é desmontável e ainda resiste terremotos, furacões e fogo.

O EcoARK atende ainda a outros critérios de sustentabilidade além da reciclagem, pois o edifício também utiliza água da chuva coletada para o seu sistema resfriamento, além de captar energia do sol durante o dia para iluminá-lo durante a noite. A EcoARK é uma edificação totalmente modulada, reciclável e após desmontada pode ser levada a qualquer lugar do mundo.

Definitivamente um museu a serviço da sociedade.

Lâmpada de Moser

 

Um dos mais fantásticos e criativos usos de garrafas PET usadas como ferramentas para a soluções sustentáveis e práticas do nosso dia-a-dia surgiu no Brasil, em 2001, quando da notícia do risco de um apagão no país. Na época, o mecânico mineiro Alfredo Moser teve a ideia de usar garrafas pet cheias d’água para iluminar cômodos escuros durante o dia, sem usar energia elétrica.

Simples e barata, não demorou muito para que a ideia ultrapassasse os limites de Uberaba, cidade onde foi inventada,  ganhando o mundo e chegando à África e à Ásia.

Na prática, cada garrafa é encaixada num buraco no telhado, fazendo com que os raios do sol se refracionem e se espalhem no ambiente. O resultado é uma iluminação equivalente a uma lâmpada com potência entre 40 e 60 watts.

As lâmpadas são ideais para serem usadas durante o dia nos cômodos menos iluminados. Em entrevista, Alfredo revelou o objetivo principal da “invenção”: ajudar pessoas que não têm condições de pagar pela energia.

É possível ser ecologicamente responsável sem abandonar o lado social!

Muzzicycle

 

A bicicleta, por si só, já é um veículo ecologicamente correto por não emitir gases poluentes, contribuir para a boa saúde de seus usuários entre outras características. Contudo, assim como o que está ruim, pior pode ficar, por ouro lado, o que é bom, também pode melhorar. Foi assim que o artista plástico uruguaio Juan Muzzi decidiu construir um modelo feito totalmente de garrafas PET.

Chamada de Muzzicycle, a bike traz todas as vantagens dos modelos “normais”, com a diferença de ser mais barata e resistente, além de não enferrujar e não precisar de amortecedor. Isso sem contar todo o simbolismo ecológico que uma bicicleta feita de material reciclável carrega.

Para os interessados, os pedidos por uma Muzzicycle podem ser feitos pelo site oficial de Muzzi, que traz também algumas imagens e vídeos do veículo, além de dados interessantes sobre a reutilização de garrafas plásticas.