7 vezes que Bolsonaro atacou a carta em defesa da democracia

Quase um milhão de brasileiros ja assinaram o manifesto e quando maior é a repercussão, maior é o incômodo do presidente

A “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito”, elaborada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), e assinada por quase 1 milhão de pessoas, não agradou o presidente Jair Bolsonaro (PL). O líder do executivo atacou o documento diversas vezes nos últimos dez dias.

7 vezes que Bolsonaro atacou a carta em defesa da democracia
Créditos: Agência Brasil/Marcelo Camargo
7 vezes que Bolsonaro atacou a carta em defesa da democracia

Nesta quinta-feira, 11, no Pátio das Arcadas, no Largo São Francisco, no centro da capital paulista, a carta foi lida em um ato que reuniu diversas personalidades e levou uma multidão às ruas ao entorno da Faculdade de Direito da USP.

Para ler e assinar a “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito”, clique aqui.

A carta organizado pela Faculdade de Direito da USP reúne 12 ex-ministros do Supremo Tribunal Federal, ex-presidentes do Banco Central, ex-presidentes da República, candidatos à Presidência nas eleições de 2022, ex-ministros, tucanos, petistas, políticos de diversos partidos, artistas, como Fernanda Montenegro, Marisa Monte, Anitta, Camila Pitanga, Juliette, Fábio Assunção, Lázaro Ramos, Caetano Veloso, Wagner Moura, Chico Buarque, entre outros.

Separamos 7 vezes em que Bolsonaro atacou a carta em defesa da democracia. O documento não cita o nome do presidente, mas o incomodou profundamente. Apesar de não admitir intenções golpistas, Bolsonaro já criticou o sistema eleitoral brasileiro, as urnas eletrônicas e já afirmou que não aceitaria perder para Lula este ano, a menos que o ‘voto seja auditável’.

1 – Com os aliados

No dia 27 de julho, durante a convenção do Partido Progressista (PP), que aprovou coligação com o PL de Bolsonaro, o presidente afirmou: “Não precisamos de nenhuma cartinha para falar que defendemos nossa democracia, para falar que cumprimos a Constituição”.

2 – fingindo que Pix atrapalhou lucro de algum banco

Em 28 de julho, durante conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, em Brasília, Bolsonaro afirmou: “Você pode ver que esse negócio de ‘carta aos brasileiros pela democracia’ é os banqueiros que estão patrocinando. É o Pix, que eu dei uma paulada neles e os bancos digitais também que nós facilitamos. Nós estamos tirando o monopólio dos bancos”.

O lucro dos bancos não se dava, nem nunca se deu, substancialmente pelo valor arrecadado na cobrança de transferências. O valor é irrisório perto do arrecadado com juros, por exemplo.

3 – Reclamando do óbvio

“Nota político-eleitoral que nasceu, lamentavelmente, lá na Fiesp. Se não tivesse o viés político nessa nota, eu assinaria. […] Falar que nota é contra, é claramente contra a minha pessoa… Que é favorável ao ladrão”, reclamou Bolsonaro em 28 de julho durante sua live semanal, nas redes sociais.

A democracia é um sistema político, logo é impossível falar sobre democracia, sem estar falando sobre política. A carta não cita o nome de Bolsonaro em nenhum momento. Por que será que ele percebe que a carta é contra seu governo?

Tudo que a carta defende, Bolsonaro ataca diariamente em seu governo.

4- Cara de pau e sem caráter

Em entrevista à Radio Guaíba, no Rio Grande do Sul, no dia 2 de agosto, Bolsonaro baixou mais o nível. Ele disse: “Esse pessoal que assina esse manifesto [da Faculdade de Direito da USP] é cara de pau, sem caráter”.

Tamanha baixaria não merece nem um comentário…

5 – Evocando a ditadura

Durante um culto na Câmara dos Deputados, promovido pela Frente Parlamentar Evangélica, no dia 3 de agosto, Bolsonaro resolveu ironizar a carta evocando a ditadura militar. “Vocês todos que sentiram um pouco do que é ditadura e nenhum daqueles que assinam cartinhas por aí se manifestaram naquele momento”.

6 – No zap também tem ataque, claro

No dia 6 de agosto, Bolsonaro compartilhou uma mensagem ironizando a carta em defesa da democracia. Em seus grupos de WhatsApp, ele disse que os signatários do manifesto são “democratas de fachada”, que querem “a volta daquele que acomodou essa escória toda no Poder, de 2003 a 2016, quando roubavam o Brasil em perfeita harmonia”, disse se referindo ao ex-presidente Lula, seu principal adversário nas eleições.

A carta não cita Lula.

7 – Buscando apoio de banqueiros

Na tentativa de se aproximar do setor financeiro, no último dia 8, durante evento promovido em São Paulo pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), o presidente Jair Bolsonaro afirmou: “Dizer a vocês [falava a banqueiros] que vocês têm que olhar na minha cara, ver as minhas ações e me julgar por aí. Assinar cartinha, não vou assinar cartinha”.