75% dos vizinhos de barragens desconhecem política para desastres

Tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, mostra que ações de planejamento relacionadas a desastres devem incluir os cidadãos

Sobrevoo da região atingida pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais
Créditos: Isac Nóbrega/Agência Brasil
Sobrevoo da região atingida pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais

O rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais, traz à luz um importante debate público: a importância de construir políticas públicas de resiliência a desastres, com o engajamento da comunidade. Afinal, as histórias dos sobreviventes que vêm sendo apuradas nos dias seguintes à tragédia mostram que os moradores não sabiam o que fazer em caso de emergência. Até o momento, 110 foram confirmadas e 238 pessoas continuam desaparecidas.

Os dados da Consulta Pública Cidades Sustentáveis, realizada pelo Colab em parceria com o ONU-Habitat, mostram que nas cidades mineiras que têm barragens, cerca de 75% das pessoas não conhecem políticas públicas relacionadas a mudanças climáticas e resiliência a desastres em sua cidade. Considerando as pessoas que responderam à pesquisa em todo o país, esse número é maior: cerca de 80% dos cidadãos afirma que a cidade em que vive não tem políticas públicas a esse respeito.

Essa realidade mostra que as cidades precisam pensar em maneiras de aumentar a resiliência a desastres e que isso só é possível quando a comunidade se junta para apontar quais são as ações de segurança necessárias. “Um gestor público, por mais capacitado que seja para realizar esse tipo de planejamento, precisa da comunidade nesse debate. Só assim é possível chegar a soluções efetivas”, afirma Gustavo Maia, CEO do Colab. Quando as pessoas são chamadas a participar, o nível de atenção com o assunto aumenta, o que também pode colaborar com um maior engajamento cidadão.

Problema generalizado

O assunto está longe de impactar apenas cidades com barragens. Favelas em áreas de vale e morro e ocupação inadequada de várzeas de rios e córregos, por exemplo, são situações que geram risco à vida, à moradia e ao patrimônio dos cidadãos. A ocorrência de mudanças climáticas pode potencializar os riscos, já que fenômenos climáticos como chuvas e ventos podem ficar mais intensos.

A Consulta Pública Cidades Sustentáveis chega ao final em fevereiro. Se quiser dar sua opinião sobre as políticas da sua cidade em relação a resiliência a desastres e temas semelhantes, baixe o aplicativo do Colab ou clique aqui. Quanto mais pessoas responderem, mais preciso será o retrato da implantação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU nos municípios brasileiros. Até agora, quase 8,6 mil pessoas de 795 cidades do país já participaram.

Em parceria com Colab

O Colab é uma plataforma que conecta cidadão a governo, para dar mais voz ao cidadão e permitir ao governo que pratique uma gestão mais compartilhada e eficiente.