Artistas denunciam abuso policial e invasão a casas na CDD

Desde a tarde do último sábado, 19, quando um helicóptero da polícia militar sofreu uma queda, matando quatro oficiais, próximo à Cidade de Deus, relatos de abuso policial são compartilhados nas redes sociais.

Ao menos sete corpos foram encontrados por moradores na mata próximo ao bairro, em meio ao desespero e revolta da população que, amedrontada, assiste à operação de guerra na zona oeste da capital fluminense.

Em seu perfil no Facebook, o rapper MV Bill publicou na manhã desta quarta-feira, 23, novas notícias sobre a ocupação policial na CDD.

A cantora MC Carol também usou as redes sociais para desabafar contra a operação policial, que transformou as ruas da “CDD” em estado de exceção. ”Chega de guerra aos negros e pobres disfarçada de guerra as drogas porque quem traz helicópteros de drogas sao vcs! Bom dia”.

Polícia invade residências, igrejas e reprime moradores 

Após “medida excepcional” concedida pela Justiça do Estado, a Polícia Civil realiza uma ostensiva operação na manhã desta quarta-feira, onde está autorizada a realizar “revista coletiva” em toda as residências do bairro.

De acordo com relatos de moradores, oficiais tem agido de maneira arbitrária, arrombando portas das residências e até mesmo de algumas igrejas da comunidade. Confira abaixo denúncias de moradores: 

– “A polícia tá entrando na casa de todos os moradores da cidade de Deus, quem tá trabalhando está tendo suas portas arrombadas a troco de uma revista arbitrária truculenta e irresponsável. Onde estão os direitos humanos a ordem dos advogados, a mídia, a anistia internacional? Onde estão? Depois não adianta ficar me ligando pra saber como tá a cdd, mete a cara agora, pega sua câmera seus advogados e vamos pra lá agora documentar de perto esse absurdo. Estou indo agora pra casa da minha mãe, vamos ver se eles vão entrar lá. PUTO!”
– “Se esse mandado judicial coletivo pra que se entre em qualquer residência da Cidade de Deus fosse no Leblon, o mundo iria estar caindo! São muitos policiais civis e militares em diversos pontos da Cidade de Deus e há relatos de abuso de força”.

-“Nesse momento, digo com certeza, ação parecida nunca seria realizada, NUNCA SERIA REALIZADA, em outros bairros pela a cidade. Porque favelas-comunidades-periferias não são enxergadas pela a opinião pública, e nem pelo o Estado, como territórios “normais-comuns”, e dignos. Conosco, à margem, historicamente refletindo, tudo pode.

O preconceito contra os negros, e os pobres, são o resultado de um contexto histórico de usurpação de direitos e de uma construção paulatina de subjugação a partir da nossa cor. Também por isso, a ideia de que favelas são “senzalas”, e tudo fora delas, “casas grandes”, continuam alocadas no seio da nossa cultura; comportamento”.