Ator do vídeo pró-golpe não sabia qual seria o uso das imagens

Mesmo Bolsonaro tendo orientado a comemorado do golpe de 1964, o governo não assumiu ser a contratante

O Protagonista do vídeo pró-golpe divulgado em canais de WhatsApp do Palácio do Planalto no domingo, 31, disse ao jornal O Globo ter sido contratado no último sábado apenas para “para fazer um comercial, para ler um texto” e que “não tinha ideia” do que seria feito da gravação.

Ator que gravou vídeo pró-golpe diz que não sabia para o que as imagens seriam usadas
Créditos: Reprodução
Ator que gravou vídeo pró-golpe diz que não sabia para o que as imagens seriam usadas

O homem que aparece à frente da bandeira do Brasil agradecendo ao Exército pelo golpe militar de 1964 é o ator profissional especializado em propagandas, Paulo Amaral. Sem dizer se apoia ou não as afirmações que faz no vídeo, o ator disse ao jornal carioca que não sabia que “iria dar esse problema que deu”.

Paulo não contou quem o contratou nem quanto recebeu pelo serviço. Disse apenas, “é particular”.

De acordo com O Globo, o ator contou que “não tinha a mínima ideia dessa repercussão” e ficou sabendo da divulgação do vídeo no domingo à noite, ao receber uma ligação do filho. Segundo o protagonista do vídeo, ele disse que o comercial “está pra cima, pra baixo, do lado esquerdo, do lado direito”.

O envio foi realizado pela lista de transmissão de 1 WhatsApp de imprensa do Planalto. No 1 minuto e 56 segundos, o ator afirma que “era sim 1 tempo de medo e ameaças. Ameaças daquilo que os comunistas faziam onde era imposto sem exceção. Prendiam e matavam seus próprios compatriotas”.

O deputado Eduardo Bolsonaro compartilhou o vídeo no Twitter.

No último dia 25, Bolsonaro ordenou comemorações aos 55 anos do golpe. Uma Ordem do Dia assinada pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, foi lida nos quartéis.

O golpe de 31 de março de 1964 estabeleceu a ditadura militar no Brasil. O regime terminou em 1985. Segundo relatório da Comissão Nacional da Verdade, houve ao menos 434 mortes e desaparecidos no período, dos quais 210 até hoje não foram encontrados.

O que diz o Planalto

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, atribuiu a Jair Bolsonaro a ideia de compartilhar oficialmente um vídeo em exaltação ao golpe de 1964. “Decisão do presidente. Foi divulgado pelo Planalto, é decisão do presidente”, afirmou ao jornal O Globo.

A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou que “não irá comentar o vídeo”, que ainda de acordo com a assessoria, não foi produzido pelo Planalto. Teria sido apenas repassado pelo WhatsApp.