Barrada por segurança em mercado, jornalista denuncia racismo nas redes sociais

Barrada por segurança em mercado de BH, jornalista denuncia agressão racista nas redes sociais; confira o relato

O racismo nosso de cada dia, que se multiplica em forma de denúncia nas redes sociais, ganha mais um episódio com o relato da jornalista mineira, Etiene Martins. Na internet, ela descreveu o preconceito sofrido em um supermercado da região central de Belo Horizonte e se tornou estatística na rotina de um país que insiste negar sua intolerância.

O supermercado “Dia” informou, por meio de nota, que o segurança foi “desligado de suas funções”. O supermercado ainda lamentou o ocorrido e afirmou “que não compactua com qualquer tipo de destrato aos clientes”

Quando chegou à loja de uma popular rede de supermercados da cidade, Etiene relata ter questionado o segurança sobre o local de entrada. Como resposta, foi informada, agressivamente, que antes deveria deixar a bolsa no guarda-volumes, ainda que outros clientes andassem com suas bolsas  pelos corredores do estabelecimento. “Rodei a roleta e o segurança tirou o cassetete da cintura para me intimidar, mesmo com medo perguntei a ele se ele achava que eu iria roubar a loja. Ele olhou pra mim e falou bem alto ‘é esse tipo de gente que rouba aqui todos os dias”, escreveu a jornalista em sua página pessoal no Facebook.

Dada a explícita situação de preconceito, que no Brasil é considerado crime (de injúria racial ou racismo), a jornalista encontrou uma funcionária do mercado, onde soube da postura racista do segurança em ocasiões passadas. Etiene então chamou a polícia que, ao chegar ao local e ouvir ambas as partes, considerou o caso como “outras infrações contra a pessoa”, negando-se a reconhecer o incidente pela “injúria racial” – que prevê pena de um a três anos e multa.

Acompanhada da mesma funcionária que a auxiliou no mercado, Etiene se dirigiu à delegacia mais próxima onde registrou um boletim de ocorrência. Confira o relato na íntegra:

“Hoje descobri que sou o tipo de gente que rouba o DIA Supermercado!

Ao passar na rua da Bahia avistei um supermercado novo e resolvi entrar para comprar duas lâmpadas. Quando cheguei na porta fiquei em dúvida e perguntei ao segurança onde era a entrada já que de um lado havia uma roleta e do outro os caixas. O segurança que se chama Nivaldo olhou pra mim com seus olhos azuis de cima abaixo e gritou agressivamente que era para eu colocar a minha bolsa no guarda volume, o supermercado parou, funcionários e clientes voltaram a atenção para nós (sempre pensei que tiraria de letra uma situação dessas, mas queria que o chão se abrisse pra eu pular dentro).

Eu respondi que não foi essa a pergunta que o fiz, e o perguntei porque que eu deveria guardar minha bolsa já que todas as mulheres que os meus olhos alcançavam no interior da loja estavam com suas respectivas bolsas. Ele me perguntou em alto e em bom som se eu não sabia ler apontando para um painel que estava na parede com mais de 50 frases e uma delas dizia: Proibida a entrada com bolsas, sacolas e mochilas.

Nisso um outro cliente passou a roleta com bolsa e entrou na loja sem que o segurança o abordasse. Rodei a roleta e o segurança tirou o cassetete da cintura para me intimidar, mesmo com medo perguntei a ele se ele achava que eu iria roubar a loja. Ele olhou pra mim e falou bem alto “é esse tipo de gente que rouba aqui todos os dias”.

Pensei em virar as minhas costas e ir embora, mas fui até a encarregada da loja que se chama Luciane e relatei o ocorrido a ela e disse que ele me constrangeu e me ameaçou com o cassetete. Ela me disse que isso já havia ocorrido outras vezes e que ela só estava esperando outra pessoa reclamar para pedir a substituição do mesmo. Aí não aguentei. Solução da história fomos parar na delegacia eu e ela para fazer um B.O. de constrangimento, calúnia e ameaça, tudo isso levou três horas e meia.

Descobri hoje que jornalista e publicitária é o tipo de gente que rouba o DIA Supermercado. . ‪#‎nenhumDIAéDIAderacismo‬