Bolsonaro ameaça jornalistas e estimula morte de bandidos

"Se o excesso jornalístico desse cadeia, todos vocês estariam presos agora, tá certo?", disse o presidente

Presidente Jair Bolsonaro fala à imprensa ao sair do Palácio da Alvorada
Créditos: Antonio Cruz/ Agência Brasil
Presidente Jair Bolsonaro fala à imprensa ao sair do Palácio da Alvorada

“Se o excesso jornalístico desse cadeia, todos vocês estariam presos agora, tá certo?”, declarou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) nesta sexta-feira, 9, se dirigindo aos profissionais da imprensa, ao deixar o Palácio da Alvorada ao lado do ministro da Justiça, Sergio Moro.

A fala do presidente foi aplaudida por apoiadores, que o esperavam na porta da residência oficial da Presidência. Embora não tenha detalhado o que seria o “excesso jornalístico” que citou, Bolsonaro vem criticando desde o início do ano o trabalho da imprensa.

A ameaça aos jornalistas foi feita depois de Moro explicar o projeto de excludente de ilicitude apresentado por ele ao Congresso. A proposta compõe o pacote anticrime, prioridade do Ministério da Justiça.

Segundo o ministro, o texto tem como objetivo retirar “excessos” de punições em alguns crimes. Como exemplo, ele citou o caso envolvendo a modelo Ana Hickmann, que foi atacada por um fã em um hotel em Belo Horizonte, em 2016. O agressor acabou morto pelo cunhado da apresentadora da TV Record. Moro disse que o cunhado não deveria responder a um processo por ter matado o responsável pelo ataque.

“A proposta [de excludente de ilicitude] que existe no projeto é bastante específica. Esse caso que foi mencionado pelo presidente envolvendo aquela famosa atriz, modelo, é um caso característico. Aquela pessoa não pode ser tratada como assassina, defendeu a família. As pessoas não são máquinas, eventualmente podem ali cometer algum excesso. Não tem nenhuma extravagância nisso”, afirmou Moro.

Mais tarde, Bolsonaro voltou a falar sobre o assunto em seu Twitter. “Queremos tirar o ‘excesso’ do Código Penal, afinal atirar num bandido duas ou mais vezes deve ser motivo de comemoração (sinal que o policial está vivo), e não de condenação. Já os excessos dos jornalistas…”, escreveu na publicação, junto do vídeo de sua fala aos jornalistas.

Assista ao vídeo: