Bolsonaro assume que ‘potencializou’ queimadas na Amazônia

A declaração vai contra a própria narrativa anterior defendida por seu governo

Bolsonaro participou de um evento direcionado a investidores em Riade, capital da Arábia Saudita
Créditos: Agência Brasil/Marcelo Camargo
Bolsonaro participou de um evento direcionado a investidores em Riade, capital da Arábia Saudita

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) assumiu nesta quarta-feira, 30, que “potencializou” as queimadas na Amazônia nos últimos meses por ser contra a política ambiental de governos anteriores. A declaração, contrária a sua própria narrativa anterior, foi feita durante evento direcionado a investidores em Riade, capital da Arábia Saudita.

“Há poucas semanas, o Brasil foi duramente atacado por um chefe de estado europeu sobre as questões da Amazônia. Problemas que acontecem anos após anos, que é da cultura por parte do povo nativo queimar e depois derrubar parte de sua propriedade para o plantio para sobrevivência. Mas foi potencializado por mim exatamente porque não me identifiquei com políticas anteriores adotadas no tocante à Amazônia. A Amazônia é nossa. A Amazônia é do Brasil”, disse.

O chefe de estado citado por Bolsonaro é o presidente da França, Emmanuel Macron, que criticou as queimadas na região brasileira e falou sobre uma possível internacionalização da Amazônia.

O presidente brasileiro ainda defendeu a exploração da biodiversidade da região amazônica e agradeceu a Donald Trump. “O presidente dos Estados Unidos tomou a defesa do Brasil e foi claro: nenhuma medida poderia ser tomada sem que fosse ouvido o seu chefe de Estado.”

Segundo Bolsonaro, o Brasil terminará 2019 com a menor média de “focos de incêndio, de calor” na história do país. Ele também disse que é mentira a afirmação de que a “Amazônia está pegando fogo”.

“A Amazônia não está pegando fogo até porque a floresta é úmida, não tem como pegar fogo. Me acusaram lá atrás de ser desmatador, depois de ser incendiário. Agora, um derramamento de óleo criminoso na costa do Brasil que tem poluído algumas praias do nosso país”, enfatizou.

O presidente da República completou seu pronunciamento dizendo que as Forças Armadas têm atuado para minimizar os impactos ambientais no litoral e que o derramamento de óleo teve como objetivo “tentar imputar a responsabilidade desse crime à minha pessoa”.

Declarações anteriores

As declarações feitas pelo presidente vão contra a narrativa defendida por seu governo sobre política ambiental após inúmeras críticas de organizações e de outros chefes de Estado.

Em seu discurso na ONU, em setembro, Bolsonaro afirmou que a Amazônia “não está sendo devastada e nem consumida pelo fogo”. Ele ainda culpou os índios e populações locais pelas queimadas na região. Veja um trecho de sua fala abaixo:

“Meu governo tem um compromisso solene com a preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável em benefício do Brasil e do mundo.

O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade e riquezas minerais.

Nossa Amazônia é maior que toda a Europa Ocidental e permanece praticamente intocada. Prova de que somos um dos países que mais protegem o meio ambiente.

Nesta época do ano, o clima seco e os ventos favorecem queimadas espontâneas e criminosas. Vale ressaltar que existem também queimadas praticadas por índios e populações locais, como parte de sua respectiva cultura e forma de sobrevivência.

Problemas qualquer país os tem. Contudo, os ataques sensacionalistas que sofremos por grande parte da mídia internacional devido aos focos de incêndio na Amazônia despertaram nosso sentimento patriótico.”