Bolsonaro demite Mandetta do Ministério da Saúde em meio à crise do coronavírus

O médico oncologista Nelson Teich é o nome mais provável a assumir a pasta

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) demitiu o titular do Ministério da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na tarde desta quinta-feira, 16. A permanência do ministro passou a ser considerada insustentável com o acirramento da crise na condução do combate ao novo coronavírus no Brasil: enquanto Mandetta seguia as recomendações de isolamento social feitas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e por especialistas, Bolsonaro avalia que a medida é exagerada e prejudica a economia.

Mandetta anunciou sua demissão pelo Twitter. “Acabo de ouvir do presidente o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar. Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país.”

Confira o depoimento de Mandetta:

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Presidente da República, Jair Bolsonaro e o ex-Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta
Créditos: Isac Nóbrega / PR
Presidente da República, Jair Bolsonaro e o ex-Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta

Com as coletivas diárias do Ministério da Saúde sobre o crescimento da curva de contágio do novo coronavírus no país e as frequentes falas do presidente, a contradição entre os dois saiu dos bastidores do Palácio do Planalto e ficou clara para os brasileiros. Pesquisa Datafolha publicada em 3 de abril mostrou que o ministro viu sua aprovação saltar de 55% para 76% em um mês. Já Bolsonaro tem uma aprovação bem menor: 35%.

O presidente já chegou a dizer que não tinha medo de usar a “caneta” contra membros do governo que viraram “estrelas”. Apesar de não ter citado nomes, a referência a Mandetta estava clara. “Algo subiu na cabeça deles. Eram pessoas normais, mas, de repente, viraram estrelas, falam pelos cotovelos, tem provocações”. Ele já havia dito que faltava “humildade” ao ministro.

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Bolsonaro recebeu o médico oncologista Nelson Teich para uma reunião nesta quinta-feira, 16. Teich tem o mesmo posicionamento de Mandetta com relação ao isolamento horizontal e ao distanciamento social e deve assumir a pasta. O anúncio deve ser feito em breve.

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