Bolsonaro diz ser ‘homemfóbico’ ao escolher 1ª reitora da UFRJ

O presidente do Brasil tem se saído muito bem no papel de representar, no mais alto cargo do Executivo, o tio do "é pavê ou pacumê?"

Acostumado a deslegitimar a luta de movimentos como o das mulheres, o dos LGBTQI+ e o dos negros, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) soltou uma nova pérola que faria qualquer pessoa sensata revirar os olhos para cima.

Bolsonaro diz ser “homemfóbico” ao escolher primeira reitora da UFRJ
Créditos: reprodução/Instagram
Bolsonaro diz ser “homemfóbico” ao escolher primeira reitora da UFRJ

Nesta segunda-feira, 20, durante um evento na Federação das Indústrias do Rio (Firjan), Bolsonaro informou que a nova reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é Denise Pires de Carvalho, a primeira mulher a ocupar o cargo.

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“É a pessoa adequada para estar à frente da UFRJ. Agora vão dizer que sou ‘homemfóbico’”, disse o presidente, referindo-se ao fato de que os outros dois indicados ao cargo eram homens.

Fala a verdade: é como se o tiozão do “é pavê ou pacumê?” estivesse à frente do mais alto cargo do Executivo no Brasil, não é mesmo?

Mas, vamos explicar para Bolsonaro o que seria a “homemfobia”? Vamos.

Homemfobia só existiria se a notícia fosse ao contrário, e essa fosse a primeira vez, em CEM ANOS de história, que um homem assumisse o cargo de reitor de uma das maiores universidades do Brasil.

Homemfobia só existiria se homens não saíssem às ruas sozinhos após às 18h (ou quando escurecer), com medo de que pudessem ser estuprados em qualquer esquina.

Homemfobia só existiria se homens ganhassem menos que as mulheres, mesmo ocupando cargos iguais.

Homemfobia só existiria se homem engravidasse e fosse proibido de abortar.

Enfim, homemfobia não existe, e o uso desse termo faz qualquer pessoa de bom senso revirar os olhos. Menos, tio do pavê. Bem menos!

Denise Pires de Carvalho

A nova reitora da UFRJ já havia concorrido ao cargo em 2015, quando perdeu para Roberto Leher, reitor que agora vai substituir.

Denise faz oposição ao grupo que administrou a UFRJ nos últimos anos — critica, por exemplo, o projeto de expansão da universidade, alegando que o número de alunos cresceu sem que houvesse ampliação da estrutura.

Ela quer passar um pente-fino na situação cadastral dos alunos, entender onde há vagas ociosas e quais setores estão sobrecarregados.