Bolsonaro é capaz de aliviar a de Vélez só pra desmoralizar mídia

A bomba de que o Ministro da Educação seria demitido foi desmentida pelo presidente, que resolveu acusar a jornalista Eliane Cantanhêde de fake news

Bolsonaro pode aliviar a barra do ministro da Educação Ricardo Vélez só para desacreditar a mídia
Créditos: Marcelo Camargo / Agência Camargo
Bolsonaro pode aliviar a barra do ministro da Educação Ricardo Vélez só para desacreditar a mídia

Desde a corrida eleitoral, no final do ano passado, o atual Presidente da República Jair Bolsonaro (PSL) vem tentando desacreditar os veículos de comunicação com a propagação de fake news e afirmações categóricas contra a mídia em suas redes sociais.

Para Bolsonaro, é mais importante que seu eleitorado acompanhe suas contas do que leia um jornal para saber as novas medidas do governo.

Na noite desta quarta-feira, 27, mais uma bomba sobre a atual gestão estourou na mídia. A jornalista Eliane Cantanhêde, da Globo News, afirmou que o Ministro da Educação, Ricardo Vélez, seria demitido.

Para fazer tal afirmação, Eliane precisou conversar com fontes próximas do atual governo, uma confiança que ela conquistou devido a seus anos de experiência na profissão.

O problema é que, na atual situação em que vivemos, tudo é possível. Um segundo ministro ser demitido em apenas 3 meses de governo poderia cair como uma bomba para a imagem de Bolsonaro (o primeiro foi Gustavo Bebianno, que era ministro da Secretaria-Geral).

Por isso, eu não duvido nada que a demissão de Vélez de fato já estaria encaminhada, e Bolsonaro resolveu aliviar a barra do ministro só para desacreditar a mídia. Seria perfeito para o presidente provar seu destorcido ponto de vista a respeito dos veículos de comunicação, e ainda não contabilizar outro ministro demitido.

Pelo Twitter, o presidente – já que ele governa por lá – diz que sofre fake news diárias.

Mas, caso a demissão de Vélez de fato jamais tenha sido cogitada pelo presidente, o que aconteceu com Cantanhêde é o que chamamos no jornalismo de “barrigada”: quando uma fonte confiável dá uma informação contraditória ao jornalista, que acaba publicando o fato.

Isso não é fake news. Fake news é inventar notícia, é contar mentira, é fazer firula. Tipo quando a equipe do presidente disse que haveria mamadeiras de piroca nas escolas caso o PT ganhasse as eleições, lembra?

Mas, voltando a Vélez… Bolsonaro tem motivos de sobra para demiti-lo. Em três meses de governo, o ministro mostrou seu despreparo e, talvez, até um pouco de folga.

O que o MEC fez até agora? Nada. Apenas criou crises internas, demitiu pessoas. E só.

A jornalista Mirian Leitão fez uma coluna em O Globo explicando justamente isso.

Enfim… a demissão de Vélez seria uma decisão dura, difícil, ruim inicialmente para a imagem do governo, mas bastante coerente para o futuro da Educação no Brasil.

Mas é muito capaz de que Bolsonaro tenha recuado só para dar vazão a sua opinião de que a mídia não é confiável. E assim seguimos na labuta diária do jornalismo.