Bolsonaro foi alertado sobre falta de oxigênio em Manaus em 7 de janeiro

Governo federal teve uma semana para agir, agora o Brasil assiste a centenas de mortes na capital amazonense

No dia 7 de janeiro, o Ministério da Saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) foi alertado a respeito da falta de oxigênio nos hospitais de Manaus, capital do Amazonas. A pasta foi comunicada sobre a situação no mesmo dia das Secretarias de Saúde e, uma semana depois e com medidas de pouco alcance acertadas, o oxigênio começou a faltar na cidade.

De acordo com o UOL, o déficit de Manaus chega a 46,5 mil metros cúbicos de oxigênio por dia —ou 4.650 cilindros. Para lidar com essa escassez, o governo federal enviou “nesta semana 5 mil metros cúbicos de oxigênio [transportados na forma de gás] líquido para auxiliar no combate à covid-19 na região”, informou o Ministério da Saúde. Isso equivale a somente 11% do oxigênio extra que Manaus precisa em um único dia.

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Bolsonaro foi alertado em 7 de janeiro sobre falta de oxigênio em Manaus
Créditos: reprodução/Instagram
Bolsonaro foi alertado em 7 de janeiro sobre falta de oxigênio em Manaus

O ministro Eduardo Pazuello, quatro dias após o alerta ser feito ao Ministério da Saúde, chegou a visitar Manaus e fez um discurso: “É importante que ninguém tenha dúvida de como é o planejamento e quais são as alternativas que nós temos. Sim, o ministério tem e terá capacidade de atender qualquer demanda que falhe em nível menor, município ou estado, ministério está preparado para isso”.

Pazuello fez referência às seringas usadas na vacinação, mas não falou nada sobre o oxigênio. Inclusive, enquanto o ministro visitava a capital amazonense, não foi anunciado nenhum plano de suplementação de oxigênio capaz de suprir toda a demanda extra de Manaus. Em vez disso, o Ministério da Saúde fez pressão pelo chamado “tratamento precoce”, composto por medicamentos que não têm comprovação científica.

Enquanto isso, Bolsonaro fugiu do compromisso, e isentou o governo federal de qualquer responsabilidade sobre o caos em Manaus. “A gente está sempre fazendo o que tem que fazer, né? Problema em Manaus: terrível o problema lá, agora nós fizemos a nossa parte, com recursos, meios”.