Brumadinho: Fio Cruz alerta sobre surto de febre amarela

Estudo também aponta riscos de dengue, esquistossomose e leptospirose na região afetada pelo rompimento da barragem

Um estudo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta terça-feira, 5, alerta a possibilidade de surtos de dengue, febre amarela, esquistossomose e leptospirose na região afetada pelo rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão em Brumadinho, Minas Gerais. O agravamento de pacientes com doenças crônicas como hipertensão e diabetes também é citado. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

O documento foi elaborado com dados da secretária de saúde da região, sistema de dados públicos e levantamentos anteriores sobre outras tragédias, como a de Mariana, em 2015, e as enchentes em Santa Catarina, em 2008.

De acordo com o estudo, o rompimento da barragem causa alterações bruscas no ecossistema, o que pode matar predadores naturais e criar condições favoráveis para a proliferação dessas doenças e de seus transmissores. O tamanho da tragédia também afeta os serviços de vigilância e de saúde, o que prejudica o controle das enfermidades, aponta a reportagem.

Bombeiros trabalham há mais de uma semana na busca por desaparecidos em Brumadinho.
Créditos: Ricardo Stuckert/Fotos públicas
Bombeiros trabalham há mais de uma semana na busca por desaparecidos em Brumadinho.

“Temos observado que há um padrão, relativamente comum, nos problemas de saúde que se sucedem a desastres, mesmo em caso de eventos climáticos. Então nós coletamos informações de diferentes sistemas para tentar estimar o impacto na saúde”, afirma um dos autores do estudo, Diego Ricardo Xavier, epidemiologista do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz).

Outra questão a ser considerada, de acordo com o texto da Folha,  é que os serviços públicos, como coleta de lixo, esgoto e abastecimento de água, estão suspensos na região, o que representa um fator de preocupação, principalmente no consumo de água e alimentos contaminados. Os especialistas da Fiocruz também acionam o sinal vermelho para armazenamento de água de forma incorreta.  “Isso aconteceu em Mariana e acabou tendo um surto de dengue. Nós já estamos no verão, uma época de maior risco. O rio Paraopeba, contaminado agora em Brumadinho, passa ainda por vários municípios”, alerta Xavier.