Cinzas de incêndios florestais dão vida à painel no Centro de SP

Painel homenageará combatentes de incêndios que destruíram florestas brasileiras em 2021

Mil e poucos dias após Jair Bolsonaro assumir a Presidência da República, ao Brasil não restam motivos para comemoração. De 1.º de janeiro ao último dia 23 de agosto, pesquisa divulgada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicou mais focos de incêndio do que durante o mesmo período do ano passado.

Agosto registrou o maior número de queimadas de 2021 no Cerrado, Caatinga, Pantanal, Amazônia e Mata Atlântica – cinco dos seis biomas brasileiros E, pelo terceiro ano consecutivo, os incêndios bateram recorde histórico, com 8.172 focos de Norte a Sul do país.

As cinzas deixadas pelas chamas são matéria-prima para o novo trabalho do artivista ambiental Mundano, que pintará um grande painel de 780 m² na região central de São Paulo. A tinta, produzida a partir do que foi consumido pelo fogo, dará cor à obra inspirada em ‘O Lavrador de Café’, assinada pelo modernista Cândido Portinari em 1934.

O material foi coletado em junho e julho deste ano durante expedição que percorreu mais de 10 mil km entre as regiões atingidas. Em seguida, submetido a um processo de trituração e misturado em água e tinta para compor a paleta de tom acinzentado aplicada à obra.

Ícone da obra de Candido Portinari servirá de inspiração para o painel assinado por Mundano – Reprodução MASP/Instagram Mundano

Cinzas transformadas em ‘artivismo’

Na releitura, que faz homenagem aos combatentes dos incêndios, o artista homenageia o brigadista Vinicius Curva de Vento, da Brigada Voluntária de São Jorge, da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. A obra teve início no último dia 30, será concluída em duas semanas, e ficará na Rua Capitão Mor Jerônimo Leitão, 108, próximo à Avenida Prestes Maia.

Parte de um projeto multimídia, a obra denuncia as queimadas registradas nos últimos anos e chama atenção para a defesa ao meio ambiente. A ação será apresentada no minidocumentário Cinzas da Floresta, do diretor André D’Elia, com exibição prevista para o fim deste ano.

“A gente quer pegar essas cinzas da floresta e transformar em ‘artivismo’ para defender, preservar e para homenagear todos e todas que defendem a floresta de pé. Sem floresta, não tem água; sem água, não tem vida”, ressaltou Mundano em entrevista ao G1.