Com risco de faltar médicos, SP intensifica restrições no fim de ano

"Nós estamos em uma situação em que, se aumentar mais o número de casos, aumentar mais o número de internações, nós podemos começar a enfrentar o colapso"

Com risco de faltar médicos, o governo de São Paulo determinou nesta terça-feira, 22, medidas para intensificar as restrições de circulação durante o fim de ano por causa do avanço do novo coronavírus no Estado. Em coletiva de imprensa, na sede do Instituto Butantan, o Centro de Contingência da Covid-19 anunciou que apenas serviços essenciais poderão funcionar nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e 1, 2 e 3 de janeiro.

Com risco de faltar médicos, SP intensifica restrições no fim de ano
Créditos: Governo de SP
Com risco de faltar médicos, SP intensifica restrições no fim de ano

De acordo o secretário-executivo do comitê, João Gabbardo, o avanço no número de casos e o aumento da ocupação de leitos de UTI podem levar regiões a enfrentarem um colapso do sistema de saúde e por isso as medidas foram adotadas. Ele também apontou que São Paulo já enfrenta dificuldades para atender a atual demanda de internados.

“Nós estamos em uma situação em que, se aumentar mais o número de casos, aumentar mais o número de internações, nós podemos começar a enfrentar o colapso no atendimento. Nós temos uma situação muito difícil no momento, que é a disponibilidade de profissionais, a disponibilidade de médicos, a disponibilidade de enfermeiros, de fisioterapeutas”, disse Gabbardo.

“Muitos falam da abertura de leitos em hospitais de campanha. Talvez se nós aumentássemos ou criássemos um hospital de campanha, neste momento, nós teríamos muita dificuldade de conseguir os profissionais de cumprir com as escalas necessárias para o atendimento nesses novos leitos”, secretário-executivo do comitê.

Nas últimas quatro semanas, São Paulo registrou aumento de 34% no número de mortes provocadas pelo coronavírus, segundo dados do governo estadual. No mesmo período, o número de casos cresceu 54% e as internações por Covid-19 subiram 13%.

“Essas medidas que nós estamos tomando são medidas duras. Nenhum de nós aqui gosta de tomar esse tipo de medida. Sabemos do sacrifício que todos estão fazendo, do sacrifício que setores da economia têm enfrentado nesse período. Mas nós temos que fazer uma opção, a opção pela segurança, a opção por não corrermos riscos”, salientou Gabbardo.

Para o secretário-executivo do comitê é “inadmissível” a aglomeração nos aeroportos paulistas, como as registradas nos últimos dias em Guarulhos e Congonhas. “Não pode acontecer o que aconteceu ontem [segunda-feira] no aeroporto de Guarulhos. Aquela é uma cena que é indescritível. Não tem como a gente explicar que a administração do aeroporto tenha deixado ocorrer o que aconteceu ontem no aeroporto de Guarulhos”, afirmou.

“É inadmissível que as empresas aéreas, que foram as maiores prejudicadas nesse processo, não estão tendo o planejamento e o cuidado com o atendimento das pessoas que vão lá fazer check-in. Está faltando pessoal, está faltando o quê? Qual o problema? É um problema de planejamento. É inadmissível o que aconteceu ontem”, salientou Gabbardo.

O secretário-executivo do Centro de Contingência da Covid-19 também criticou as aglomerações constantes nas ruas do Brás, no Centro de São Paulo. “Esse comércio informal, que aqui em São Paulo, ocorre em várias regiões, deve ser evitado. Deve ser evitado pelas pessoas que buscam e deve ser evitado pelas pessoas que fornecem os produtos. Quem sabe pensaram em fazer um escalonamento: alguns desses vendedores vão no período da manhã, outros no período da tarde. Porque quem faz isso, se não tiver esse cuidado, mais adiante vai ter suspensão das suas atividades.”

Ainda segundo Gabbardo, o crescimento do número de casos de Covid-19 poderá levar o governo a determinar medidas ainda mais restritivas, como o fechamento dos aeroportos. “As pessoas devem pensar nisso, as companhias aéreas devem pensar nisso. Se elas não cuidarem agora e nós tivermos um recrudescimento muito elevado, o que vai acontecer é que os voos vão ser suspensos, os aeroportos vão ficar fechados – todos por falta de planejamento.”

Como funcionará

Apenas serviços essenciais poderão funcionar nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e 1, 2 e 3 de janeiro. Nos outros dias, o estado todo, à exceção da região de Presidente Prudente, permanece na fase amarela, em que restaurantes podem funcionar até as 22h e bares devem fechar as portas até as 20h. Ambos deverão encerrar a venda de bebidas alcóolicas até as 20h. Com isso, nos dias 24 e 31 de dezembro, bares e restaurantes não poderão operar até a meia-noite em nenhuma região do estrado de SP.

A mudança só não será temporária para Presidente Prudente, que alcançou 83% de ocupação de leitos e, por isso, está passando para a fase vermelha desde já e pelo menos até 7 de janeiro.

O governo também anunciou que em janeiro nenhuma região vai para fase verde, menos restritiva. O comitê volta a avaliar em 7 de janeiro.

Podem funcionar nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e 1, 2 e 3 de janeiro:

  • farmácias;
  • mercados;
  • padarias;
  • postos de combustíveis;
  • lavanderias;
  • meios de transporte coletivo, como ônibus, trens e metrô;
  • e hotéis, pousadas e outros serviços de hotelaria.

Não abrem nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e 1, 2 e 3 de janeiro:

  • shoppings;
  • lojas;
  • concessionárias;
  • escritórios;
  • bares, restaurantes e lanchonetes (exceto para delivery);
  • academias;
  • salões de beleza;
  • e cinemas, teatros e outros estabelecimentos culturais.