Dimenstein: por que estou com muito medo de Bolsonaro e do PT

Estou com medo.

Medo da truculência de Jair Bolsonaro que, em toda a sua vida pública, pregou a violência e a intolerância.

Essa onda de violência política, misturada a machismo, misoginia e homofobia, faz parte da tampa de ódio que Bolsonaro destampou.

Não sei  o que ele vai fazer se não conseguir aprovar seus projetos no Congresso e estiver acuado com as pressões da opinião pública exigindo resultados. Tenho medo das palavras de seu vice – o general Mourão – que já falou em “auto-golpe” – e, quando estava na ativa, defendeu a intervenção militar.

As medidas que Bolsonaro precisa tomar exigem negociação. Negociação significa concessão. Ele estará preparado a dialogar?

Além de apoio do Congresso, sustentação na opinião pública, já que são medidas amargas.

Até que ponto, nesse ambiente tenso, suas milícias digitais vão continuar criando terror nas redes sociais, agora apoiadas pelo poder público?

Também tenho medo – e muito – do PT, de Fernando Haddad.

Não sei se Haddad consegue ficar acima do partido, movido hoje pelo ressentimento do impeachment e de ter seu líder preso.

O Brasil precisa de reformas urgentes – Previdência, por exemplo – que exigem enfrentamento com grupos corporativos ligados tradicionalmente ao PT.

Se não fizermos essas reformas, vamos ter um colapso nas contas públicas.

Vença Haddad ou Bolsonaro, teremos um país dividido, marcado pelo ódio.

Por isso tenho. Precisaríamos de um estadista urgentemente, apoiado em forças sólidas e apoio na sociedade.

E não há nada parecido em nosso horizonte político.

O que proponho é simples: as pessoas responsáveis, independentemente de partidos e ideologias,  precisam pregar a paz e a serenidade numa guerra contra o ódio.