Doria detona Bolsonaro por atrasar vacinação e diz que SP inicia em janeiro

"Por que iniciar em março se podemos fazer já em janeiro? Como outros países fazem agora, em dezembro. Vamos perder mais 60 mil vidas para aí iniciar?"

Durante coletiva de imprensa, nesta quinta-feira, 3, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou o governo Jair Bolsonaro pela proposta de iniciar a vacinação dos brasileiros contra a covid-19, apenas em março de 2021 e pela exclusão da Coronavac do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Doria ainda afirmou que a vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, será aplicada na população paulista em janeiro de 2021.

Doria detona Bolsonaro por atrasar vacinação e diz que SP inicia em janeiro

“Em São Paulo, de forma responsável, seguindo a lei, no próximo mês de janeiro, cumprindo o protocolo com a Anvisa e obedecendo aos princípios de proteção à vida, nós vamos iniciar a imunização dos brasileiros de São Paulo. Não vamos aguardar março”, disse Doria.

“Por que iniciar em março se podemos fazer já em janeiro? Como outros países fazem agora, em dezembro. Vamos perder mais 60 mil vidas para aí iniciar a imunização?”, questionou Doria.

“Eu indago se membros do governo federal não enxergam, não leem e não registram o fato de que temos mais de 500 brasileiros que morrem todos os dias de covid-19. É surpreendente essa indiferença, esse distanciamento e falta de compaixão com vidas de brasileiros”, disse o governador.

“É surpreendente essa indiferença, esse distanciamento [com a população], essa falta de compaixão com a vida dos brasileiros. Por que iniciar a imunização em março quando podemos fazer em janeiro?”, questionou o governador.

Doria cobrou do governo de Jair Bolsonaro “juízo e competência” para que o Ministério da Saúde inicie no mesmo mês seu programa nacional de imunização, previsto apenas para março do ano que vem

“Se o Ministério da Saúde tiver juízo, competência e a visão de que a vacina é para todos os brasileiros, poderá oferecer a outros estados antes do previsto”, disse Doria, que afirmou sentir indignação com o governo federal diante da previsão para março de 2021.

“Sabe quantos brasileiros podem morrer por um atraso de 90 dias em uma vacina que poderia ser aplicada já em janeiro de 2021 em todo o país? Quase 60 mil vidas. Sessenta mil brasileiros podem morrer por uma grande irresponsabilidade de um governo ideológico, que não tem compaixão, não tem respeito pela vida, que é negacionista em relação à pandemia”, afirmou Doria durante entrevista coletiva sobre a pandemia realizada no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.

Além de propor o inicio da vacinação para março, o programa do Ministério da Saúde ignora a CoronaVac, até o momento. Frente a isso, Doria afirmou que o programa do governo do estado, que já está pronto há 20 dias, será posto adiante.

O programa só poderá ser aplicado a partir do dia 15 de janeiro por conta do prazo dado pela Anvisa para análise final da testagem da terceira fase da CoronaVac.

“Se o governo federal incluir São Paulo, como é seu dever e a sua obrigação, e incluir a compra da vacina. como é o seu dever e a sua obrigação, nós seguiremos o PNI (Programa Nacional de Imunização). Mas se não o fizer, São Paulo começa a vacinar a partir de janeiro a totalidade da população de São Paulo e com os recursos do governo estadual”, completou Doria.

“Na segunda-feira (7) vamos apresentar o programa estadual de imunização completo, com cronograma, com setores que são priorizados, volume de vacinas, logística. Todos os processos serão apresentados”, disse Doria

Em novembro, o governo de São Paulo anunciou que os estudos da fase três do imunizante, que podem atestar a eficácia da Coronavac, chegaram ao número mínimo de infectados pelo coronavírus. E só após isso, é possível abrir os resultados dos estudos para análise dos dados. Descobrir quem tomou placebo e quem tomou vacina e quais foram os infectados e aí saber o quão eficiente é o imunizante para depois entrar com o pedido de aprovação e registro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn afirmou, nesta terça-feira (1º), os resultados estão sendo analisados e devem ser compartilhados com o governo federal e a Anvisa “possivelmente na semana que vem”.

Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, afirmou que a vacina está muito próxima de obter o registro na Anvisa e descartou a necessidade de solicitação para uso emergencial. A agência liberou ontem os protocolos para que as farmacêuticas peçam o registro emergencial.

“Nós estamos muito próximos de solicitar o registro. Nós não teremos a necessidade de solicitar esse registro emergencial, vamos solicitar já o registro da vacina. Estamos muito próximos de que isso aconteça. O registro e a vacina estando disponíveis, nós temos que iniciar a vacinação. É tudo o que nós queremos”, defendeu Dimas Covas.

Desde outubro Bolsonaro trabalha para boicotar a vacina desenvolvida em São Paulo, apesar do êxito nos resultados da pesquisa. Naquele mês, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou a anunciar em uma reunião virtual com mais de 23 governadores, a compra do imunizante, mas, menos de 24 horas depois, Bolsonaro desautorizou o ministro e cancelou a aquisição pelo governo federal.

Neste mês, o presidente voltou atrás e declarou que poderia autorizar a compra da vacina produzida pela Sinovac, mas não pelo preço que um “caboclo aí quer”, mas até o momento não houve a inclusão da CoronaVac no programa nacional.