Doria diz que Brasil enfrenta ‘Bolsonarovírus’ e defende isolamento social

Alvo de protestos, Doria justifica isolamento e diz que país lida com 'Bolsonarovírus: "Temos que enfrentar o presidente e proteger a população"

O impacto da pandemia do coronavírus no Brasil fecha portas, esvazia ruas, enche os corredores dos hospitais e, na política, transformou antigos aliados de campanha em acirrados adversários.

Em entrevista à agência Associated Press (AP), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que, além do novo coronavírus, o Brasil tem como obstáculo o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), por sua postura contra o isolamento social.

Doria classificou o comportamento do mandatário como  incorreto e irresponsável. “Estamos lutando contra o coronavírus e contra o Bolsonarovírus.”

Bolsonarovírus ? João Doria posa para foto ao lado do antigo aliado político Jair Bolsonaro, no CCBB, em Brasília.
Créditos: João Doria/Redes Sociais/Direitos reservados
Bolsonarovírus ? João Doria posa para foto ao lado do antigo aliado político Jair Bolsonaro, no CCBB, em Brasília.

Isolamento social: “Temos que enfrentar o presidente”

Diante do desafio de garantir o isolamento social na capital paulista e região metropolitana, João Doria defendeu, novamente, a recomendação como principal meio de defesa ao vírus. Em novo ataque a Bolsonaro, associou o relaxamento da quarentena à postura negacionista do presidente.

Segundo medição feita com base no rastreio de celular, a taxa de adesão ao distanciamento chegou a 50% nos últimos dias. Embora a meta seja 70%. “Apesar das instruções negativas que as pessoas recebem do presidente, metade da população (de São Paulo) respeita a quarentena. A resposta da população tem sido boa. Poderia ter sido melhor se não tivéssemos que usar ciência e medicina quase todos os dias para enfrentar suposições”, disse.

Alvo de protestos que exigem a retomada da atividade econômica no estado, Doria lamentou que a postura de Bolsoaro ganhe apoio de grupos contrários ao isolamento. “Temos que enfrentar o presidente e proteger a população. Ouvir e ver pessoas educadas, que estudaram fora do Brasil, defendendo o que está errado e o que é extremo, me entristece. O confronto não é comigo. … É um confronto com a ciência e a medicina de todo o mundo.”