Eduardo diz que AI-5 pode ser resposta à radicalização da esquerda

A declaração foi feita em entrevista à jornalista Leda Nagle

Essa foi a segunda vez nesta semana que o parlamentar citou uma possível ditadura no Brasil
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Essa foi a segunda vez nesta semana que o parlamentar citou uma possível ditadura no Brasil

Mais uma vez, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) incitou a volta da ditadura militar no Brasil. Em entrevista à jornalista Leda Nagle, publicada nesta quinta-feira, 31, o filho do presidente Jair Bolsonaro disse que se a esquerda do país “radicalizar”, como no caso dos protestos recentes do Chile, “uma resposta pode ser via um novo AI-5”.

“Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, afirmou o parlamentar.

“É uma guerra assimétrica, não é uma guerra em que você está vendo o seu inimigo do outro lado e você tem que aniquilá-lo como acontece nas guerras militares. É um inimigo interno, de difícil identificação aqui no país. Espero que não chegue a esse ponto, né, mas a gente de que estar atento”, completou.

Eduardo foi questionado sobre uma suposta ligação entre o Foro de São Paulo e as manifestações no Chile. Segundo ele, a ação dos manifestantes chilenos é semelhante a dos black blocs. “Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual ao final dos anos 60 no Brasil”, disse.

O deputado falou, ainda, sobre as críticas ao governo de seu pai. “Tudo é culpa do Bolsonaro, percebeu? Fogo na Amazônia, que sempre ocorre —eu já morei lá em Rondônia, sei como é que é, sempre ocorre nessa estação— culpa do Bolsonaro. Óleo no Nordeste, culpa do Bolsonaro. Daqui a pouco vai passar esse óleo, tudo vai ficar limpo e aí vai vir uma outra coisa, qualquer coisa — culpa do Bolsonaro”, criticou.

Essa foi a segunda vez nesta semana que o parlamentar citou uma possível ditadura no Brasil. Na segunda-feira, 29, ele declarou no plenário da Câmara que se acontecerem no país manifestações como as do Chile, os envolvidos “vão ter que se ver com a polícia”. “A história irá se repetir”, enfatizou ele ao falar sobre a radicalização nas ruas.

Veja a entrevista:

O AI-5

O Ato Institucional de número 5, instaurado em 1968, foi um dos períodos mais sombrios e violentos da ditadura militar.

O AI-5 restabeleceu para o Brasil as demissões sumárias, as cassações de mandatos e as suspensões de direitos políticos. Também suspendeu as franquias constitucionais da liberdade de expressão e de reunião.

O artigo 10 do ato estabelecia a suspensão da “garantia de habeas corpus nos casos de crimes políticos contra a segurança nacional”. Assim, a repressão por parte dos militares estava liberada pelo Estado.