Em campanha de conscientização, ofensas contra Maju são espalhadas em outdoors

Os comentários ganharam publicação em outdoors e busdoors nas regiões onde vivem os ofensores; objetivo da ação é impactar a população sobre os efeitos da injúria racial na web

Qual o real impacto causado pelas redes sociais nos dias de hoje? Segundo relatório recente, mais de 86,5 mil casos de ódio a negros e outras etnias foram relatados em 17.291 sites, aumentando 34,15% em relação a 2013. As páginas denunciadas por todos os tipos de crime somaram 58,717, ou 8,29% mais do que no ano anterior. Delas, algo mais que 7 mil foi retirado do ar.

O cenário, marcado por intolerância e incompreensão, se tornou objeto de estudo da ONG Criola , que atua na defesa e promoção de direitos das mulheres negras. Com os estudos, a ONG desenvolveu uma ação nacional que busca chamar a atenção da população, dar visibilidade sobre a questão do racismo na web, além de provocar a reflexão sobre esta realidade.

Outdoor exposto na cidade de Americana (SP), onde mora um dos autores das ofensas a repórter do Jornal Nacional, Maria Julia

#somostodosmaju

As pesquisas sobre racismo nas redes sociais tiveram início após o episódio que envolveu a jornalista Maria Julia Coutinho, vítima de ofensas racistas no Facebook. O incidente reforçou a importância do debate sobre o tema, estimulando um questionamento sobre a miscigenação no Brasil e seu desdobramento nos dias atuais.

“Racismo virtual. As consequências são reais”

Para dar continuidade ao debate, a ONG elaborou um mapeamento dos comentários feitos à jornalista e localizou as cidades onde os ofensores vivem. A partir daí, por meio de uma parceria com empresas de mobiliário urbano, a Criola criou outdoors e busdoors com os comentários, que foram montados nas principais ruas e avenidas das cidades mapeadas.

Com a mensagem “Racismo virtual. As consequências são reais.”, a ação tem o objetivo de impactar a população e conscientizá-la sobre os efeitos de um comentário infeliz na internet.

A Campanha foi para as ruas por ocasião do Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe e Dia de Tereza de Benguela – 25 de Julho. E destaca também a mobilização das mulheres negras brasileiras para a Marcha até Brasília, que realizarão em 18 de novembro, com o slogan “Contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver”.