Estudantes ensinam crianças a construir tijolo sustentável

O projeto foi criado por estudantes de arquitetura da Anhembi

No pátio de uma escola na Lapa, zona oeste de São Paulo, alunos do 3º ano, separados em pequenos grupos, sujam as mãos de terra e constroem tijolos em moldes de madeira feitos por estudantes de Arquitetura da Universidade Anhembi Morumbi. A oficina faz parte de um projeto que nasceu durante a disciplina de Restauro e Patrimônio Histórico, coordenada pela professora Melissa Ramos, e depois foi levado para fora da sala de aula com o objetivo de disseminar o aprendizado sobre preservação e meio ambiente.

A iniciativa foi criada no segundo semestre de 2016 e, ao longo de um semestre, os estudantes organizaram o trabalho, pensaram nas formas de divulgação e nos materiais, e em como falar com as crianças sobre sistemas construtivos usados no passado do Brasil. “Nós levamos o projeto para o laboratório de restauro da faculdade, chamado Preserva, e desenvolvemos a ideia de fazer oficinas para as crianças aprenderem a fazer o tijolo de adobe e entenderem a importância da sustentabilidade”, afirma Melissa.

CRIANÇAS APRENDEM A FAZER TIJOLOS E PRESERVAR O MEIO AMBIENTE

A oficina para crianças faz parte de um projeto que nasceu durante a disciplina de Restauro e Patrimônio Histórico com o objetivo de disseminar o aprendizado sobre preservação e meio ambiente. Saiba mais: http://bit.ly/2I0x6eG

Posted by Catraca Livre on Thursday, April 26, 2018

A primeira oficina, ainda em 2016, trouxe resultados muito positivos e, desde então, outros encontros em colégios da cidade foram organizados pelo grupo. No total, sete escolas já receberam o projeto e cerca de 300 crianças foram atendidas. Segundo a professora, o tijolo de adobe tem sido muito usado hoje em dia por ser mais sustentável. “Basicamente ele utiliza terra, areia e água em sua composição. Além das forminhas serem reutilizadas e de não haver gastos com logística, a própria terra pode ser reaproveitada caso o tijolo sofra algum dano. Também é um material que não passa por um processo de queima e ainda deixa as casas mais frescas”, completa.

Nas oficinas, as crianças aprendem sobre sustentabilidade

Nos encontros, os estudantes de arquitetura começam falando sobre a parte teórica e explicando o que é sustentabilidade e, após essa primeira etapa, as crianças têm a oportunidade de fazer o tijolo e uma tinta, usada por elas para pintar um pequeno quadro. Ao final, o grupo pede um feedback para os pequenos alunos que participaram da atividade. “Tudo começa na base: falar de sustentabilidade e patrimônio com as crianças é fundamental, pois é nesse momento que formamos a consciência deles”, diz a docente.

“Esse projeto contribui para a formação dos estudantes a partir do momento em que o aluno é capaz de passar adiante as informações que aprende nas aulas. Ele coloca em prática e traz um retorno à faculdade sobre como a sociedade entendeu o aprendizado. É um curso que continua crescendo o tempo inteiro”, complementa a coordenadora do curso de Arquitetura, Rechilene Braga.

Para as estudantes de arquitetura Franciely Grou, Esthefania Cardeal e Ellen Melo, que fizeram parte da última oficina com as crianças, a oportunidade de participar da iniciativa tem sido muito enriquecedora para sua formação. “É muito gostoso ver a reação dos meninos e meninas falando sobre patrimônio e conhecendo essas técnicas do passado. Quando vemos a carinha deles em entender que precisam cuidar da cidade, qualquer esforço que temos em planejar e executar esse projeto vale a pena”, relata Ellen.

“Colocar a mão na terra junto com as crianças e poder ensinar está sendo uma experiência maravilhosa”, conta Franciely. “O projeto me ajudou a ampliar a minha visão como cidadã porque preservar também é propagar conhecimento para que uma determinada forma seja utilizada mais tarde”, resume Esthefania.

  • Leia também: